2013-05-31

A MINHA CRÓNICA DE HOJE NO JORNAL BEIRÃO - UM ELO QUE LIGA O CORAÇÃO DO DISTRITO DE VISEU.

A TÁTICA DO QUADRADO...
...e as coisinhas da nossa “mesquinhez” – como por exemplo a FOME, o SUICÍDIO, a religião, o futebol e os números do Gaspar que nunca batem certo.



          Entre o “pesadelo” português visionado pelo economista Paul Krugman e o “austericídio” descrito por David Stuckler – professor na Universidade de Oxford – e por Sanjay Basu – professor na Universidade de Stanford, a propósito de dez mil suicídios na Europa e nos EUA devido à austeridade [O corpo da economia: porque mata a austeridade], nada melhor do que ouvirmos e lermos o ministro das finanças deste (des)governo em Portugal – o inefável Gaspar – a pedir simpatia pelas difíceis semanas que tem vivido como adepto do Benfica. Convenhamos que não será assim tão grave se comparada com a historinha do excelso casal presidencial sobre Nossa Senhora de Fátima e a conclusão da sétima avaliação da troika ao desempenho do (des)governo de PPC.

          A gravidade da ligeireza e de um patético sentido de humor daquele que é a segunda figura do governo só se perceberá, se os portugueses – para além das novelas dos famosos, do big brother, dos saltos para a água e das notícias cor de rosa – quiserem selecionar, de um autêntico bombardeio informativo, as notícias que importa reter. Pela simples razão de que afetam intensamente e até de forma trágica a nossa vida quotidiana. Basta ler os títulos: Crise leva fome a 40% dos carenciados - Inquérito apura que, em 2013, apenas 23% dos respondentes têm dinheiro para comprar comida até ao final do mês; Paulo Portas preocupado com as projecções da OCDE - Em contraste com a desvalorização dos dados feita pelo ministro das Finanças, o ministro dos Negócios Estrangeiros mostrou-se apreensivo com as previsões; Observatório acusa Governo de enviesar contas para justificar cortes nas pensões - Para o Observatório sobre Crises e Alternativas, o executivo favorece os sistemas de pensões privados ao sugerir “a insustentabilidade da Segurança Social”.

          Estes exemplos são do Público. Mas podemos ler outros – no jornal i, se quisermos – de idêntica dimensão preocupante:  OCDE prevê recessão maior do que a que foi prevista pelo governo.;;Isolados.Para lá dos 65 há uma luta escondida contra a solidão. .

            No Diário Económico, por outro lado: No Executivo já se admite a possibilidade de um segundo Rectificativo. O Rectificativo [Orçamento], aprovado hoje em Conselho de Ministros, pode não chegar para cumprir metas deste ano. Cenário macroeconómico está desactualizado. Volkswagen Autoeuropa reduz em 20% produção deste ano. “Pior que as estimativas da recessão, é o crescente endividamento” .


          E assim, sucessivamente, teríamos como que uma “revista de imprensa” do mais negro que possamos imaginar. E como se não bastasse, acentuam-se cada vez mais as divisões no seio da chamada galinha dos ovos d’oiro – a (des)União Europeia. Os atuais dirigentes [aqueles que contam] não estão à altura do “projeto”.

          E em Portugal há como que uma obsessão governativa em “disparar” contra a Constituição da República. Perfila-se agora a questão da inconstitucionalidade do novo horário anunciado para a função pública, depois de “chumbados” dois Orçamentos e o delirante “arranjo” administrativo para o território continental desenhado por Miguel Relvas. Em qualquer caso – e sobre este último ponto – gostaria de ver discutida na próxima campanha eleitoral para as autarquias a hipótese de se requerer [com oportunidade, naturalmente] um Referendo Local quanto à eventual “agregação” dos atuais municípios. Dirão que é extemporâneo, pois é ainda necessário que o Parlamento consiga contornar os atuais obstáculos e apresentar um novo projeto. Mas penso ser importante que as populações – seja qual for o projeto – se possam pronunciar sobre se o seu concelho deve estar mais a norte ou mais a sul, mais a leste ou a oeste. O facto é que existem demasiadas “terras de ninguém”, dependentes de uma estrutura de saúde a norte ou a oeste ou sob a alçada administrativa de um outro organismo a sul ou a leste, tal como na agricultura e no ensino.

          Moimenta da Beira, por exemplo, pretenderá maioritariamente estar enquadrada no chamado Douro Sul – seguindo a natureza do Távora, do Paiva, do Tedo e do Varosa – ou, pelo contrário, entenderá optar maioritariamente por uma pertença virada mais a sul?

          Não é que seja um tema prioritário – tal como não é o da coadoção – mas talvez valha a pena ir pensando no assunto.

António Bondoso

Jornalista – C.P. nº359

E-mail – antoniobondoso@gmail.com


António Bondoso
Maio de 2013.

2013-05-25


DIA DE ÁFRICA.

CINQUENTA ANOS DEPOIS DA CRIAÇÃO DA OUA - JÁ NESTE SÉCULO TRANSFORMADA EM UNIÃO AFRICANA...HAVERÁ RAZÕES PARA "DESESPERAR DE ÁFRICA"?



“NÃO TEMOS RAZÃO PARA DESESPERAR DA ÁFRICA”
Elikia M’Bokolo, 2004[1]

Diariamente somos – continuamos a ser – confrontados com notícias e imagens trágicas de África.
Fome, HIV-SIDA, paludismo, golpes militares, corrupção, conflitos étnicos. Nos últimos tempos foram os casos de pirataria nos mares do Índico que se estenderam ao delta do Níger; mais recentemente as imagens chegam do Mali e da República Centro Africana.
Apesar das notícias, que Elikia M’Bokolo chama de imagens contraditórias, vistas do exterior – este historiador e sociólogo de origem congolesa insiste em dizer que não temos razão para desesperar de África. As análises devem ser feitas com tempo e através dos tempos.
            Nesta perspectiva e recorrendo a exemplos de grandes conflitos étnicos, endémicos e de grande violência muitos deles – como o da Guerra do Biafra, na Nigéria, em finais da década de 60 do século passado – o que é importante é pretende perceber as raizes da sedimentação dos problemas que, por via de grandes fenómenos migratórios ao longo de milénios[2], da colonização e descolonização, e ainda de outros processos políticos e sociológicos ao longo da História, conduziram o continente africano ao que é hoje:- simultaneamente um berço de matérias-primas incomensurável e [talvez por isso] um tabuleiro de xadrez altamente complexo em termos de geopolítica e geoestratégia.    
            A questão essencial está, portanto, relacionada com a “contradição” de que fala M’Bokolo. Como ter esperança, perante as evidências? E as respostas, não sendo taxativas, podem também caber no que ele chama de “aptidão constante para surpreender”.
            Como diria o diplomata brasileiro Antônio Olinto, na Nigéria – exatamente nos anos 60 – “Muitas são as Áfricas”.
            Deixemo-nos , por isso, surpreender diariamente! Pela diversidade cultural, pela diversa beleza, pela diversa riqueza que, um dia, há de suplantar a pobreza. Continuemos a sentir que é possível ter razões para não desesperar de África.
========NOTA:--- baseado na “introdução” a um trabalho académico que produzi em 2009.


[1] - África Negra, Elikia M’Bokolo, Colibri, Lisboa – edição portuguesa 2007.
[2] - Agora, de acordo com reportegem da VISÃO, de 9 Abril 2009, já é possível determinar a nossa ancestralidade    por meio de uma simples análise ao ADN. E chegar à conclusão que, pessoas de origem tão distinta – como a sãotomense Naide Gomes e a lisboeta Carolina Patrocínio – têm, afinal, a mesma ancestralidade africana.

2013-05-23


A ALMA DA MINHA RUA.



A ALMA DA MINHA RUA. (A Publicar).

Conheço bem um por um
Todos os buracos da minha rua.

E as pedras que deles saltam
Amachucam  a paciência,
Batem forte projetadas
Por uma roda que não anda
Mas cai e logo se prende
À evidência da sorte.

É uma rua sem saída
Ou uma entrada comum,
Chamam-lhe praça ou praceta
De gente nobre da terra
Que tem por certo uma faceta
De nunca ter ganho uma guerra.

Um por um nesta trincheira
Conheço qualquer buraco,
E nem mesmo por brincadeira
Aceito que o regedor me venha deles falar...
Quando os buracos alargam
E até mudam de lugar.

É que eu conheço um por um
Todos os buracos da minha rua.
Assim como minha alma toda
Quando se apresenta nua.
======== António Bondoso (A Publicar)



António Bondoso
Maio de 2013.

2013-05-21

A IGREJA ...E ALGUNS BISPOS DO PORTO. 

"Lisboa é a diocese das pontes e D. Manuel, inteligente e hábil como é, vai saber construí-las bem."
D.Manuel Martins. 


D.Manuel Clemente 
(Foto Jornal Voz da Verdade)

Depois de passada a primeira “vaga” de opiniões e de testemunhos sobre o novo Cardeal Patriarca de Lisboa – D.Manuel Clemente – e já na quietude do ruído silencioso, também eu não resisto a escrever sobre quem liderou a maior Diocese do país durante alguns anos.
Não o faço por palavras minhas – que sei eu para dizer seja o que for sobre a grandeza de caráter e sobre a obra evangelizadora de um grande Bispo – mas antes buscando as ideias e as palavras dele próprio e outras de quem, sendo já Bispo Emérito, granjeou igualmente a admiração do povo de Deus.
D.Manuel Clemente, distinguido com o Prémio Pessoa em 2009 e agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, é vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa desde 2011 e, desde o mesmo ano, membro do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais.
Bispo do Porto desde 2007, o novo Cardeal Patriarca de Lisboa foi o primeiro Bispo a transmitir a mensagem de Natal através do Youtube no ano de 2008 e deixa a Diocese com recados aos políticos – pedindo solidariedade, pedagogia e muita clareza na relação com a sociedade, sob pena de todos ficarem “tão atordoados que desistem de perceber”.
E é com pena que D.Manuel Martins, Bispo Emérito de Setúbal, o vê partir agora, escrevendo-me sobre a sua inteligência e a sua habilidade para construír pontes:
“Quando foi nomeado, chamei-lhe um Sacramento de Deus, pela sua fé feliz, pela sua simplicidade e proximidade, pela sua cultura e pelo se zêlo missionário. Agora, convencido do mesmo, fico com pena que nos deixe, depois de um esforço insano para conhecer o Porto, o que não poderia ter acontecido ainda. O Porto. Igreja mais importante do País, não é diocese de passagem. Os seus Bispos morrem aqui. Lisboa é a diocese das pontes e D. Manuel, inteligente e hábil como é, vai saber construí-las bem. É um bom retrato da Igreja de Francisco, quero dizer, da Igreja de Jesus Cristo.”
E agora fica a Diocese do Porto à espera de um novo “Pastor”, havendo sinais de que poderá ser um destes nomes:- D.Pio Alves de Sousa, 66 anos de idade e auxiliar do Porto desde 2011; D.António Francisco Santos, Bispo de Aveiro com 65 anos; D.António Couto, Bispo de Lamego e 61 anos de idade; por fim, fala-se de D.João Evangelista Lavrador, 57 anos e o mais novo dos três Bispos-auxiliares do Porto.
Assumindo o risco de reduzir os “rumores especulativos”, penso que um dos dois últimos poderá vir a ser abençoado com a nomeação para uma Diocese geradora de grandes Bispos, o mais carismático e conhecido no século XX – D.António Ferreira Gomes – quer pelas suas homilias no Dia Mundial da Paz, quer por ter sido condenado ao exílio no tempo de Oliveira Salazar.


D.António F. Gomes e a Torre dos Clérigos. 
Foto de "portojofotos.blogspot.com" 

D. ANTÓNIO FERREIRA GOMES (A Publicar)

O Bispo vê passar o eléctrico
Que ainda circula bem perto dos Clérigos,
Uma Torre e uma Igreja que unem a oração
A um espaço de saber e de razão.

Na sua altura de granito dominando a Reitoria
D. António olha imponente
Também para a Cordoaria e antiga Relação,
O jardim e a memória
De Camilo ali tão presa.

E a verdade ainda grita
Saída da sua voz
Por Liberdade e Justiça
Feitas caminhos de Paz.

Lembra um exílio forçado
Crises de outros matizes
Critica fomes e guerras
E atitudes de juízes,
Governantes e políticos de simples modelo terreno.
===Ant.Bondoso (A Publicar).

António Bondoso
Maio de 2013 


2013-05-20


NÃO MATEM O FUTEBOL…
SOMOS A RAZÃO DA PAIXÃO !

Desde muito novo que vou à praia...e a minha relação com o mar, quer em águas frias, quer em águas temperadas,  tem-me permitido, graças a Deus, não ter morrido afogado até à data. E depois, há essa forma lúcida - mas também de caráter e de verticalidade - de estar e de ser, que me tem acompanhado ao longo dos anos...e pela qual quantas vezes tenho sido penalizado.    




NÃO MATEM O FUTEBOL… 
SOMOS A RAZÃO DA PAIXÃO !(A Publicar).

      
Universo de carácter encantado
Rompe o futebol com a razão.

Noventa momentos de magia                          
Labirinto rendilhado de emoção
Não existe um limite de sentidos
Cultiva-se a grandeza da peleja.
Ritual de força e de paixão
Intensa imagem de calor
Mal desponta o início da função
Cresce tudo em movimento e muita cor.

                                                                      
Universo de carácter encantado                                                                            
Somos nós a razão dessa paixão.

Plateia de vulcões adormecidos
Com vultos exaltados e aguerridos,
O futebol é emoção e é paixão
Uma bola colorida em rotação
Gritando que o consenso é um empate
Sem lugar elevado no combate !


Universo de carácter encantado
É brilho que alimenta o coração.

Identidade vestida p’ra ganhar
Um jogo permanente de poder,
Agitada e complexa incerteza
De uma bola repetida p’ra marcar,
Quase nada sobra a quem perder…
Talvez suaves toques de beleza
E um golo já feito p’ra não ser.


Universo de carácter encantado
Nem tudo se move por  paixão.

O esforço e o suor na camisola
Nem sempre determinam a vitória 
Ou obrigam a perder quem não transpira.
Ciência quanto baste e show de bola
Não esgotam emoção aleatória 
Ou perturbam corações que os inspira.
Não matem o futebol assim jogado
Humano e vivido em todo o lado
Eterno universo encantado
E renascido a cada golo anulado.

Somos nós a razão dessa paixão
Cantemos futebol no coração !
======== 
António Bondoso. 2004.(A Publicar).




E há também na minha vida - uma outra que fui aprendendo e cultivando - essa cidade "Leal e Invicta", onde se fortificaram raízes e me nasceu o filho. 
No livro que ostenta a capa, na foto em baixo, escreveu o Prof. Sobrinho Simões que "é preciso valorizar a sub-stância" - o que está por baixo, um pouco em detrimento da valorização da "retórica e da capacidade de nomear o que está por cima". 

É neste livro, na página 51, que está o poema "LEAL E INVICTA": 
"Às derrotas contrapõe-se uma divisa
inscrita nas memórias da cidade:
Mui nobre, sempre leal e invicta
firme pela justiça
rebelde por ideais
forte polo respeito
dos valores da liberdade.
Inconformada razão a cada passo
e o clube orientando tal exemplo
renasce a certeza de um combate
renovado no carácter do seu templo".
A.B. - 2004. 
============================ 
António Bondoso
Maio 2013.

2013-05-17


A TÁTICA DO QUADRADO. 
A minha crónica de hoje (escrita há já uns dias) no JORNAL BEIRÃO - cobrindo alguns concelhos do coração do distrito de Viseu. 



A TÁTICA DO QUADRADO...
... e os equívocos, a demagogia barata e a moda da ignorância. Valha-nos Nossa Senhora de Fátima!

$Acordo, tenho vindo a acordar, cada vez mais com menos alegria – pois durmo cansado e até mesmo a correr – e em certos momentos pelo meio da manhã nem mesmo pôr os olhos no mar alivia uma sensação de impotência contra a onda dos modernismos, que não da modernidade, contra a onda das certezas desta globalização desumanizada, contra a onda dos que só pensam no lucro desenfreado, contra a onda da inversão dos valores morais e éticos, contra a onda da inversão do primado da política sobre a finança, contra a onda dos carneiros que pastam alegremente em direção ao abismo, seguindo às cegas os caminhos da moda dos modernismos neoliberais, cujo principal defeito - mas não o único - é deixar para trás milhares de milhões de seres humanos. Em nome de quê e de quem?
          $Impressiona-me, sobretudo, que tantos escribas intelectualizados ou pretendendo seguir os intelectuais da moda opinem contra um Tribunal que aprecia e faz cumprir a Lei [independentemente da forma como tem vindo a ser constituído – essa, sim, passível de contestação], como se dele fosse a culpa de querer governar contra a Lei Fundamental que todos estamos obrigados a observar. Alguns, embora muito legitimamente – de acordo com a sua dose de direito democrático que essa mesma Lei lhes confere – consideram a CRP como um texto obsoleto e até como um documento pouco mais que (?)...obsoleto. Ainda e sempre as palavras e o seu sentido, que a circunstância é do homem e dos seus medos, dos seus fantasmas!
          $E é assim que vão surgindo as confusões de significação de vocábulos redondos como socialismo e comunismo, pobreza e humildade, religião e clero, umbigo e horizonte, árvore e floresta. E é assim que se vão destacando as vistas curtas de memória – tão típicas dos portugueses – condenando, e bem, algumas reformas chorudas, mas esquecendo o enriquecimento especulativo e a demagogia barata dos governantes que anunciam oportunisticamente o pagamento, nos meses de Verão, do subsídio de Natal a quem aufira até mil euros. Como se aqueles que ganham mil e cinquenta...não tivessem (em teoria, claro) idênticas necessidades aos que vencem apenas mil. E é assim com novas taxas...para as pensões!
          $Por isso, quero salientar dois parágrafos esclarecedores de um recente texto do Professor Adriano Moreira, publicado no DN:- “Os debates que se multiplicam à margem das intervenções governamentais, e aparentemente sem relação construtiva entre ambas as atividades, salvo que as últimas alimentam a temática das primeiras, mas seguindo linhas paralelas que não se encontram, talvez venham a concentrar-se num tema desesperante: que o problema do povo português é crescentemente conseguir ter pão na mesa, tendo igualmente presente que a fome não é uma obrigação constitucional.
Proceder à expropriação dos recursos que são direitos, e olhar para os preceitos constitucionais como embaraços a ultrapassar com imaginação contabilista, não contribuiu para evitar que se vá desvanecendo a confiança que é o cimento indispensável do regular e paciente comportamento dos atingidos.”
          $Lemos então Rui Rio a chamar a atenção para a “degradação intolerável da vida política”, com reflexos dramáticos na qualidade dos partidos e dos agentes políticos e da economia (fruto dos erros passados e presentes) mas – ao mesmo tempo – evita apoiar a realização da Feira do Livro, no Porto [sem esquecer, apesar de tudo, que a maior culpa possa ser dos GRANDES editores e livreiros], a qual, na sua perspetiva de contabilista, não é seguramente uma atividade económica.  
          $abemos assim que os governantes – exatamente pela sua perspetiva de contabilista, mas apesar do novo desígnio nacional que é o mar e que tem merecido desafios de vários quadrantes políticos, a começar pelo PR – prescindem de uma infraestrutura fundamental como é a Empresa dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. E todos recordamos a responsabilidade política de Cavaco Silva[também agora a misturar as questões da Fé com as atitudes dos homens] na degradação das coisas do mar no seu tempo de Primeiro Ministro. Eram tempos de bom aluno europeu, como hoje faz questão de repetir Passos Coelho. Só que os tempos eram de vacas gordas...e ninguém viu! Mas hoje, apesar das vacas definharem, também ninguém consegue ver que isto vai tudo em sentido contrário – como diz a canção do Zeca Afonso.
$Eis senão quando, o cenário que se nos apresenta  é o de um país desgovernado, um governo desorientado, os cidadãos praticamente
levados ao suicídio...os inteletuais, economistas, gestores e comentadores a cortarem postas de pescada... e o que faz o PR ? Convoca online uma reunião do Conselho de Estado...para debater o pós troika. Um PR sério, competente, corajoso, atento aos sinais... optaria por esta "ordem de trabalhos"?
          $E apesar de estarmos em Maio também podemos falar de Abril, pois na atual conjuntura cada período de vinte e quatro horas é um dia de cravos vermelhos, já que todos os dias nos confrontamos com os poderes e a necessidade dos poemas – o sentido da revolução que ficou incompleta: Dos três Dês iniciais só a descolonização se completou, apesar das críticas e dos traumas. O Desenvolvimento entrou em marcha-atrás e a Democratização vive perigos insuspeitos. Vemos, ouvimos e lemos – não podemos ignorar, parafraseando Sophia de Mello Breyner.
António Bondoso
Jornalista - C.P. nº359. 

António Bondoso
Maio de 2013
antoniobondoso@gmail.com



















2013-05-14

A MINHA MÚSICA...É O MAR!


 Foto de António Bondoso
                                                 

A MINHA MÚSICA...É O MAR! (A Publicar).

Planto-me em frente ao mar
Até que as raízes me apertem definitivamente.

Mas o meu desejo é estar ali
Dentro dele
Com todos os membros do corpo a pulsar
Vivos, agitados, refrescados
Ora nadando – combatendo pelo espírito
Ora deixando-me ir como um náufrago em abandono.

Foi do mar que alguém chegou antes de mim
Foi por ele que naveguei todo o meu tempo
É nele que me entendo e me respeito
Ouvindo sons aconchegantes de harpas e violinos!
=========António Bondoso (A Publicar)


                                                            Foto de António Bondoso
==============================================
António Bondoso
Maio de 2013.

2013-05-13


N.S. DE FÁTIMA - HOJE E SEMPRE!



JÁ TEM 6 ANOS...MAS PARA MIM É ETERNO!


                      MARIA SENHORA NOSSA (Ainda não publicado).

De Maio a Outubro erguemos as mãos
Agradecemos a Deus o envio da Senhora.
Oramos na Cova das aparições
Em Fátima com Fé celebramos a vida
Dizemos a Cristo que somos irmãos
Estendemos as mãos com os corações
Ao alto e na cruz  cantando orações.

As palavras da prece dirigidas a Deus
Leva-as a Senhora nos lenços bordados
Húmidas de lágrimas na hora do adeus.
Santos humanos muitos pecadores
Sorrisos molhados beijos atirados 
Cânticos louvores e muitos amores
À volta da luz das velas e flores.

A virgem Senhora intercede por nós
Em sonhos de branco mensagem de paz
Persegue um caminho por cima de nós
ousado milagre de humano calor
Mostra que a meta de ser capaz
Motiva emoções energia de amor
Da nossa vivência o símbolo maior.

De Maio a Outubro na Cova da Iria
Comungamos o Corpo elevamos a alma 
Chegamos a Ele pela Virgem Maria !
======António Bondoso (Ainda não Publicado).
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António Bondoso     
Maio de 2013.                                             


2013-05-12

VIOLÊNCIA E SOLIDARIEDADE
NÃO BASTA ESCREVÊ-LA.



Acontece que hoje, no facebook, praticamente fui interpelado por duas pessoas – uma delas meu camarada de profissão – sobre uma alegada ausência de opinião crítica e condenatória a propósito do triste, lamentável e violento incidente que atingiu dois camaradas da Antena1 no estádio do Dragão, após o jogo de futebol entre o FCP e o SLB.
Não estive no estádio, tão pouco ouvi a Antena1, mas reagi logo que soube – exatamente através de um post assinalado na página de um dos agredidos e do qual recebi notificação.
Pela amizade, camaradagem e profissionalismo que nos ligou enquanto estive ao serviço da mesma empresa, lamentei o sucedido e critiquei as “bestas que há em todo o lado”. Eu próprio, tal como outros antes e depois de mim, já passei por situações mais ou menos idênticas – de Braga a Guimarães, de Sto Tirso à Póvoa de Varzim, de Chaves ao antigo pavilhão Américo de Sá (nas Antas) – sendo cuspido, ameaçado, invetivado, tendo mesmo visto os pneus da viatura (da empresa) cortados à faca e esvaziados, para além de ter sido informado posteriormente de agressões ao respetivo motorista.
Sem pretender minimizar – muito menos comparar situações vividas – a gravidade destas agressões, não deixa de me invadir um sentimento de lástima quando se fala de solidariedade ou falta dela, sobretudo no que diz respeito a outro tipo de atitudes como é o caso da violentação psicológica.
De três “saneamentos” de que fui alvo (um deles diretamente relacionado com uma notícia[?] – um texto que, no mínimo, não primava pelo rigor e não foi assinado por mim– sobre o FC do Porto e que envolveu o presidente do clube), não me recordo de ter lido, nem sequer de ter sido informado, qualquer texto a condenar essas atitudes saneadoras ou a solidarizarem-se com a minha pessoa. Dos Sindicatos à Comissão de Trabalhadores – apenas o silêncio. Uma omissão a contrastar com outras envolvendo camaradas mais mediáticos. Sempre pautei a minha atitude profissional pela defesa de camaradas injustiçados, tendo como lema uma regra pessoal – a  regra dos três “erres”: - responsabilidade e respeito pelo rigor. E fui penalizado por isso. E como dói ser saneado, ser humilhado, ser ignorado. Tanto como ser agredido? Sinceramente não sei quantificar. Nem isso interessa agora para o caso. E independentemente das circunstâncias, que desconheço, fica registada a minha solidariedade para com os camaradas ontem atingidos por agressões físicas. Mais grave – no desempenho do seu trabalho. Que a expressão da solidariedade aqui registada possa amenizar a dor física e psicológica dos meus amigos e camaradas.  
Por outro lado, é importante dizer que não se deve pretender limitar estas situações ao fenómeno complexo do que envolve o futebol. A violência está muito para além da clubite exacerbada. Tal como no terrorismo – e o fenómeno tem muitas variáveis – a violência que afeta o “futebol” é quantas vezes irracional e insólita, planetária e, repercutida nos média, é desmesuradamente amplificada.
Ainda uma nota para lembrar que este caso já mereceu o repúdio da Sub-Comissão de Trabalhadores da RTP, no Porto. O que não deixa de ser importante. Mas, na minha modesta opinião, peca por falar em “agentes públicos” que estarão a desbaratar o bom nome da empresa. Não concretizando...dá azo a especulações, sabendo-se que é cada vez mais urgente por os nomes aos bois!
António Bondoso
Maio de 2013. 

2013-05-11

A CIRCUNSTÂNCIA DA MINHA NARRATIVA...


Foto Vieira's - Moimenta da Beira

A circunstância da minha narrativa.
Sem teleponto e sem papeis encaro sempre de frente. E não fui eu que rasguei o símbolo do adversário(que estranho silêncio dos media...); não fui eu que chamei tanta polícia...mas que venham de robôt ou de F-170; de tanques ou a cavalo – mais de mil ou outros tantos; que venham para intimidar e convoquem muitos cães. Mas atentos estaremos e por certo não deixaremos...de festejar se vencermos. No tempo do Gary Cooper eram mil índios à direita e ele estava sozinho; mais mil índios à esquerda e ele continuava de pé; outros mil à sua frente e ele olhava o infinito; mil índios à retaguarda e Gary Cooper sem nada. Mas nós, no estádio e à volta dele, seremos bem mais do que mil. À procura de um sonho legítimo, apesar da desvantagem.
Por isso vos deixo aqui um poema de sonho e de Sol:
(A Publicar)...
Há dias assim.
Emoções que não comando
São de sempre
Que me lembre
Não são só de vez em quando.

E a paixão da incerteza...
Mas que aleatória beleza,
Reconhece ao futebol
Um hino inteiro de Sol!
----António Bondoso(A Publicar).


Foto Miguel Bondoso

Foto Miguel Bondoso

António Bondoso
Maio de 2013.

2013-05-06


ATÉ OS MORTOS FALAM NA RÁDIO...
“A Rádio é um instrumento de Liberdade porquanto é um apelo permanente à Criatividade".
António Bondoso


Foto de António Bondoso.

Algum tempo depois de ter sido assinalado o “Dia Mundial da Rádio” (mais um) – meio de comunicação ainda privilégio de muitos, na exata medida de outros que pretendem e têm vindo a insistir na sua morte antecipada ( a razão já foi a TV e nos últimos anos tem sido a internet) – apetece escrever de novo sobre este media que, nas circunstâncias mais diversas de tempo e de espaço, continua a revelar-se de uma utilidade fundamental. E continua a ser, de facto, um instrumento de Liberdade, porquanto não deixa – nunca! – de ser um apelo permanente à Criatividade. De liberdade, sim senhor, mesmo quando “rejeitado” em defesa desse valor supremo. Como foi o caso, na Alemanha de Hitler, da família do Padre Bernard Häring – que escreveu em finais dos anos 50 do século XX A Lei de Cristo e que viria a ser consultado pelos Papas João XXIII e Paulo VI:- “Quando o partido [nazi] distribuía aparelhos de rádio pelas famílias para ouvirem o «führer», o pai declarava, apesar da ameaça dos campos de concentração: «Enquanto o führer vociferar na rádio, esses aparelhos não entrarão em nossa casa»”[1].       
          Quando com gente dentro e sem fios...transporta sorrisos audíveis, pensamentos positivos mas inquietos e uma serena tranquilidade para refletir. Algumas unidades continuam a semear cultura, outras – poucas – não poupam espaço à “grande música”, muitas prestam um verdadeiro “serviço público” e ainda outras tantas – infelizmente – cederam ao vício do “fabrico da informação”.
          E para além de tudo...um fabrico “normalizadamente global!”
Do “dever sagrado” que foi o facto de “revelar”, no período do pós-guerra, caíu-se – em finais do século XX – na ideia de que só ditadores e corruptos acreditavam que um grande título poderia ser incómodo e que, por isso, precisavam de encobrir as suas ações. E depois, as notícias passaram – de palavras sagradas – a ser vistas como falsas ou suspeitas. Paradoxalmente, dizem Florence Aubenas e Miguel Benasayag[2], “sob as roupagens da modernidade, a Internet corresponde a novo sobressalto dessa mesma velha certeza [é verdade, pois vem nos jornais]: eis finalmente a rede que irá permitir a cada um de nós aceder às famosas informações que os poderosos tentam ocultar-nos...”.
          Contudo, referem os autores, o sistema de comunicação foi abalroado pelo exagero da transparência e do poder/dever mostrar-se, aparecer.
No fundo, um mundo de representação com o qual temos que saber viver. A adaptação sempre foi inata no homem e, por isso, não podendo ignorar os males e os perigos da internet, temos a obrigação inteligente de os saber e poder contornar a cada dia. Disseminada, mas não necessariamente democrática, compete ao homem ir encontrando formas de retirar da net tudo o que ela pode oferecer de bom, e dessa moderna, prática, eficiente ferramenta tentar eliminar todo o ruído e todo o lixo que a invadem. A tecnologia foi de criação humana, não nasceu de qualquer pulsão artificial.  
Por outro lado, alinham-se no computador as modernamente chamadas playlists – oferta (?) das grandes editoras que fabricam música apenas para vender. Não importa a qualidade, que o lucro não tem sentimentos. E a “qualidade”, pode argumentar-se, não deixa de ser relativa. Mas a playlist é quase como que uma imposição de sobrevivência no meio. E assim, excetuando felizmente alguns casos de coragem e de bom gosto, o que mais vamos tendo por esse país dentro é radio-rooms [a expressão é minha] perfeitamente normalizadas, emitindo três canções-bloco publicitário, repetindo-se o cenário publicidade-três canções! Nem uma ideia, nem um pensamento, nem uma nota sobre o tempo que faz!
E o vento nada me diz, não há notícias do meu país.
E quando surgem em grande parte dessas “rádios(?)” – acontece que, ou estão desfasadas no tempo ou refletem apenas a cópia de publicações nos jornais e – caso imperdoável – até a reprodução de factos já relatados nas televisões. É uma rádio de reação...quando deveria ser de combate na primeira linha. Sem perder o rigor e a qualidade.
Não basta que a evolução tecnológica aconteça e seja bem aproveitada. É fundamental dar-lhe conteúdo. E sonho!
Quando sinto e penso em todas as montanhas que ainda não subi; em todos os rios que ainda não naveguei; nas matas densas onde ainda não me aventurei; nos desertos secos de vida qua ainda não dessedentei; em todas as viagens que ainda preenchem os meus sonhos... e quando sei todos os sonos que ainda não dormi e em todas as madrugadas a que cheguei atrasado e não vi nascer o Sol para além do infinito que imagino – mesmo sem ouvir a Onda Curta a que me habituei no transistor Sony de nove bandas, companheiro de viagem sempre que saía do país em reportagem ou em férias.
E perante tudo isto – porque não podemos ignorar o que vamos ouvindo e porque há datas de Abril e Maio de ligação umbilical à Rádio – coloca-se-me a imperiosa necessidade de lembrar alguns grandes profissionais da rádio. Que já “falaram”...mas que ainda se pronunciam na memória daqueles que – como eu – cultivam o vício de não esquecer: - Alfredo Alvela, Alice Cruz, Amadeu José de Freitas, António Roçadas, António Jorge Oliveira, Armindo Salvador, Arminda Brito Viana, Artur Agostinho, Artur Peres, Carlos Cardoso, Fernando Pessa, Fernando Conde, Francisco Simons, Filinto Lapa, Fernando Figueiredo, Gonçalo de Faria T. Peixoto, Guilherme Santos, Helder Soares, Igrejas Caeiro, João Canedo, Joaquim Berenguel, Johny Reis, Jorge Perestrelo, José Freire, José Andrade, José Gabriel Viegas, José Maria Rocha, José Quelhas, Licínio Oliveira, Manuel Lage, Maria Leonor, Maria da Paz de Barros Santos, Mário João, Nuno Brás, Pacífico Brandão, Rui Andrade, Rui Lima Jorge, Rui Romano, Sebastião Fernandes, Virgílio Proença, Vitor Cruz, Vitor Pombal.
Quem se lembrar de outros – porque há muitos mais para recordar – fará o favor de ir completando a lista. Sem memória não há História! E depois, como diz o jornalista “Sam Ridley” – investigador criminal na londrina City Radio[3] - “A rádio não depende de imagens, e essa é uma das razões porque gosto dela. O olho pode ser um órgão muito engandor”.
António Bondoso
Maio de 2013.   
JOSÉ ANACLETO - 27 de Maio de 2013.           



[1] - VUILLIEZ, Hyacinthe. Na introdução a A IGRJA QUE EU AMO (Bernard Häring). Figueirinhas, 1992.
[2] - A fabricação da informação. 2002.Campo das Letras, Porto.
[3] - NILES, Chris. OS MORTOS NÃO FALAM NA RÁDIO. Bertrand, 2003. 



Foto de António Bondoso.