2010-05-20

À VOLTA DE MIM E DO MUNDO !


DO NOVO PASSAPORTE... AOS RECADOS DE MOURINHO, PASSANDO POR JESUALDO E POR SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE !


Mãe, mãe - tenho um novo passaporte ! E este veio do outro lado do mundo! Que felicidade ! Parabéns ao Nuninho, que agora vai passear muito mais. Em abono da verdade, creio que ele tem a consciência de que já está na hora. A "reforma" a isso obriga !

Agora é distribuir. Por quem precisa, é verdade - sobretudo de um sorriso, que a alma também se alimenta. E foi isso que o Nuno ajudou a fazer em Timor, e bem!

Mas há outras gentes, outras terras onde o desporto português é acompanhado com tanta (ou mais) atenção e alegria. Infelizmente ninguém lá foi distribuir bonés e fotografias de atletas. E deveriam ter ido.

Basta atentar na fotografia que se junta. Não houve televisão, não houve palavras de incentivo... mas foram campeãs. E com "dobradinha" ! A foto veio pelo correio... para a Revista Dragões!



Fica à atenção do F.C. do Porto, fica a mensagem para Vítor Baía !

À volta da Selecção de Queirós para o Mundial da África do Sul, nos últimos dias, realce para os constantes disparates. Como aquele a quem subiu agora o vedetismo à cabeça - o Coentrão de Vila do Conde :- é chegar lá e ser campeão !

Talvez muitos não tenham percebido... mas Mourinho, mesmo a pensar na final da Champions, não deixa de estar atento ao futebol caseiro. E quando ele diz... nem com Ronaldo a mil à hora lá iam (à final)... o que todos ouviram e leram foi exactamente isso, como uma crítica ! Mas também deveriam ter percebido que a frase pode funcionar como "incentivo" e motivação para o balneário de Carlos Queirós. É uma ajuda de Mourinho...e de borla ! Que Queirós e todos os seus "meninos" se deixem de frases feitas, frases bombásticas. E que a Comunicação Social não ajude à festa antes do tempo... como tem acontecido noutras ocasiões.

Mas Mourinho, quando for seleccionador, não deve esquecer estes tempos.

Sobre Jesualdo Ferreira. Estou tranquilo, disse no final da época anterior que ele e o FC do Porto não deveriam manter o vínculo. Havia muito mais responsabilidade e maiores riscos. E o barco não aguentou uma simples onda vermelha relativamente mais forte. Com ajuda externa - é um facto - mas com maior equilíbrio do que em épocas anteriores. Jesualdo não deveria, pois, ter continuado. Apesar de todos os seus méritos. E fez mais do que podia e sabia.

E agora ? Diz-se que vai sair, já passou o ciclo. Mas é exactamente agora, que ele já tem uma ideia concreta da "nova" equipa, que não deve sair. As pressões são muitas, mas a próxima época vai começar mais cedo... e o tempo já não sobra, para mudanças. Pelo menos muito profundas. Seria como começar de novo!
Por isso, o que eu penso é que Jesualdo - conhecedor dos cantos da casa - deve manter-se no clube, mesmo que em funções de outro nível, mas sempre ligado à equipa principal , a todo o futebol do clube. Mesmo com um treinador "novo" !
Penso...e tenho dito!





2010-05-16

VERGONHA NA SIC !


NÃO É DE ESTRANHAR !

A notícia que abriu o Telejornal de Domingo, dia em que o FC do Porto conquistou a 15ª Taça de Portugal, em futebol.

O Porto ganhou a Taça mas o Chaves também marcou dois golos, sendo um deles anulado !

Não é de estranhar, sendo a SIC a televisão oficial do clube vermelho da capital.

É de estranhar é que os "jornalistas" (?) ao serviço daquela estação televisiva não se comportem com o rigor que lhes é exigido por um código deontológico.

No lance anulado ao Chaves, "esqueceram-se" (?) de dizer que o árbitro já tinha assinalado falta, por domínio da bola com a mão, antes do remate à baliza do Porto.

No lance do golo que o árbitro validou ao Chaves, também se "esqueceram" (?) de dizer que, antes do remate à baliza do Porto, o jogador do Chaves "ajeitou" a bola com a mão. Independentemente do erro do Bruno Alves.

E também se "esqueceram" (?) de dizer que, ainda na 1ª parte, há um lance para grande penalidade na área do Chaves, com Raúl Meireles a ser autenticamente atropelado por um defesa flaviense. Era o segundo amarelo ? Pois... o Lisboeta Proença talvez não quisesse "estragar" a Festa da Taça. Só lhe fica bem, embora já vá tarde. O gesto já não dá para ir ao Mundial, como vai o seu correlegionário Olegário. Mas vai seguramente ao próximo Europeu. Ou não tivessem o apoio de Madaíl e do inefável Platini.

Proença... ao contrário de outros árbitros (?) que agora são comentadores. Numa célebre final da Taça - também no estádio de Oeiras, onde agora Madaíl já diz ser necessário efectuar obras, senão já não poderá organizar-se ali mais qualquer final da Taça - entre os vermelhos de Lisboa e o F.C. do Porto, o juíz não hesitou em expulsar Jorge Costa. E a partri daí... Tal como no campeonato desta época, na qual as "goleadas" dos vermelhos aconteceram sempre contra 10 ou mesmo contra 9 jogadores do adversário !

Como disse no início da época, estava tudo previsto...

2010-05-14

O SIGNIFICADO DE UM LIVRO !



Um livro, tenha o título que tiver, seja qual for a temática abordada, é sempre História. Quase sempre mais do que uma.

Histórias de afectos e de emoções - também de ódios e tragédias. Ligadas muitas vezes por palavras de esperança, um fio "condutor" à imagem e ao sabor de quem escreve.

Em qualquer caso, será sempre um marco significativo. Também para quem o lê !

No fundo, não deixa de ser um testamento que, no momento da sua leitura, responsabiliza as "testemunhas" pela divulgação e cumprimento da mensagem e das vontades.


Dedico a todos os Sãotomenses, por nascimento, opção e coração, que privaram ou simplesmente comigo conviveram e que ainda hoje, pela feliz circunstância da amizade, me fazem o favor de manter contactos mais ou menos regulares; a todos aqueles que, por uma feliz circunstância de paixão ou de estudo, conheceram e percebem o que representam as Ilhas do Meio do Mundo.


“ …QUEM CRESCEU NUMA ILHA, AMOU E AMA

MAIS PROFUNDAMENTE !”

António Bondoso, 2008.


S.TOMÉ NÃO É SÓ UM ROMANCE !

S.Tomé não é apenas “um” romance.

Para mim, S.Tomé não é apenas “mais um” romance.

Em S.Tomé e Príncipe ocorreram muitos romances, em circunstâncias diversas, ao longo de séculos, gerações passadas – gerações contemporâneas.

As próprias Ilhas são romances – cada uma à sua maneira – envolvendo pessoas com a mesma cor da pele ou com a tez diferente, gente de terras distantes, gente de muitas almas, que os corações batem a um ritmo semelhante, ora mais pausado, ora mais acelerado.

Mas a vida nas Ilhas, genericamente, não pode considerar-se apenas e só um romance!

Pelo menos um típico romance de amor, apenas um romance de amores felizes.

E sabe-se bem que alguns amores foram expurgados de romance.

É deles que falo, sobretudo desses romances e amores difíceis – trágicos alguns, selvagens outros, falhos de um gesto de carinho quantas vezes.

Desses houve sempre. E foram marcantes! Os mitos, as lendas e os nomes : Ana de Chaves e Maria Correia são exemplos.

Depois, há um lugar especial para os romances exóticos, de paixões arrebatadoras e que terminam mal começam – contraponto daqueles que, desabrochando sem paixão, perduram uma vida com amizade e amor.

Finalmente, aqueles que estão acima da simples existência humana.

Como o de D. Simoa, misericordiosa e afortunada “filha da terra” e as suas Ilhas distantes. Também o delas – estranhas montanhas de afogamento protegidas – e o deste humilde “eu”…mais o mar imenso e uma relação eterna!

Que alongo neste espaço de palavra às ilustrações de Manuela Pontes, que partilhou comigo – por amizade e família – a luz do Sol do meio do mundo, durante muitos anos reflectida no seu natural cabelo louro! E um abraço carinhoso às palavras sentidas da camarada e “compatriota” São Lima, escritas – felizmente não esfumadas – sob o signo do “smog” Londrino.


AUSÊNCIA

Para além do infinito, qual o odor do romance?

Para além de nós, o que significa o amor?

E a paixão que nos consome

Na distância dessas Ilhas de seios fartos e firmes?

Não é mistério é um livro

Sem páginas a preto e branco!


UMA CARTA DA SÃO LIMA

– POETA MAIOR SÃOTOMENSE, JORNALISTA APAIXONADA, TECIDA DE SONHO EM SONHO.

Caríssimo António:

Perdido junto à praia, o olhar ausente, um menino respira a matéria do seio.

À frente dos seus olhos, tudo é transparente e profundo e leve como o sono.

Seu é o alimento dos plenos sentidos.

A respiração transmigra agora da retina do poema, veleja por

estradas à sombra do coração.

Fraterno abraço da

São Lima

Londres, Dezembro de 2008.


A MEIO DA VIAGEM

Odisseia

Aventura

Ousadia

Uma viagem de sonhos pelas Ilhas da minha infância:

A ingénua e verde paisagem juvenil

Os quentes tons do homem em formação

Um romance em construção

Tal como a terra que pisei

E os seios que beijei.


“Pela hora do meio-dia, com a maré, A Ilha Desconhecida fez-se enfim ao mar, à procura de si mesma”.

José Saramago, 1997


COMO SE ALIMENTA O “ROMANCE…”

De repente senti frio. Tinha partido da Ilha (há muito conhecida e referenciada nas cartas), deixando longe o calor dos afectos de uma forte ligação de vinte anos, o calor das paixões da adolescência, o calor das amizades juvenis – sólidas e solidárias, o calor dos romances entrelaçados entre as utopias perfeitas e a realidade fugidia, o calor das aventuras alimentadas pela criatividade avançada e apressada, o calor de uma relação prometida e renovada, o calor de uma dimensão de sonhos possíveis e próximos.

O frio congelou parte dos sonhos mas não destruiu a ambição de os projectar para um novo caminho longe.

Fi-lo aqui – na pátria da Língua, dei-lhe continuidade a Oriente da História, convivi com a saudade em cada expressão dos trópicos. Ao contrário da Ilha de Saramago, fui eu a fazer-me ao mar à procura de mim mesmo!


O AROMA

O aroma sobe em zigue-zague

Os sentidos aguardam em silêncio.

Inspira-se um gesto

Os lábios acariciam ao de leve

A porcelana fina de café.

Sorve-se com divina lentidão

Como a seiva libertada de tantos seios da Ilha.

Sem dúvida...é SãoTomé.

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Em ti me projecto

Para decifrar do sonho

O começo e a consequência

Conceição Lima, 2004


SEIOS ILHÉUS

Olhar ausente

Perdido junto à praia

Vago pensamento flutua

E respira o azul sereno

Do presente.

Da areia fina e seca em Micoló

Contemplo as montanhas do Ilhéu

Guarda avançada de um tesouro cobiçado.

Seios perfeitos rompendo as águas

Do mar, no Golfo que chamaram

Da Guiné mais das estrelas que tomaram

Os nomes de Príncipe, Anobom, Fernando Pó.

No Ilhéu permanece ainda a luz

Do Farol que avisa os navegantes

Ilumina os novos pescadores

De sonhos que não são o que eram dantes.

Das cabras e verdura muito rala

Não reza a história grande feito

Mas os mamilos dos seios do Ilhéu

Alimentam a memória dos escravos

Que passaram ...

...Mas não tombaram !


VULCÃO

O sangue do vulcão encandescente

Cuspido acima do mar

Espalhou-se pelo Golfo e modelou

Ilhas densas de mistério e de beleza.

Pelo corpo virgem dos cumes

Frementes de calor e de sabores

Floriram pétalas douradas

Rubis das entranhas submersas

E seios de esmeraldas à espera.


“…descubro que a minha memória de S. Tomé e Príncipe está ligada aos lugares. Lugares que se metaforizam no Atlântico, esse Mar, elemento feminino, que gera do Sol o calor humano que me recebe entre lembranças de miudezas e insignificâncias significativas e verberações de amizades, afectividades e, por vezes, apenas olhares de cumplicidade e de agradecimento. Olhares que denunciam sentimentos de partilha”.

Inocência Mata, 2004


O RIBOQUE OU OS LUGARES DE UMA VIDA

Na encosta traseira do meu bairro

Habita toda a mata do Riboque.

Palmeiras eritrinas e mangueiras

Refrescam a sombra do meio dia

Quando a jovem sanguê passa a sorrir

Anunciando à cabeça o seu peixe voador

Já temperado pelo sal e o calor.

Segue caminhos marcados

De cor já muito pisados

Encobrem grandes mistérios

Não tapam desejos sérios.

Revejo aventuras fantasmas

Sonhos leves a pousar nas verdes folhas

De dia a querer estar libertos

À noite passeando bem despertos.

Nas traseiras do meu bairro

Entre a casa e o Riboque

Vive a lembrança de jovem

Criança amadurecida

Fumando o cigarro negro

No tanque da roupa

Escondida.

Um pecado original sem desvio

Abafado no trinar ao desafio

De tantas aves que ouço

Tempo perdido tão longe

Ossobós ou periquitos

Talvez guembús … ou pardalitos

Na mata sombreada do Riboque

A viver na encosta traseira do meu bairro !

Bem lá dentro

Nesse obó de livre espírito

Amparada na jaqueira centenária

A venda do senhor Cravid :

Laranjada Flêbê e a branca espuma da ússua

Cigarros negritas de consumo colonial

Vendidos a um preço tão banal.

Por lá passa muala glavi…

Apregoando que seu peixe ainda fresco

Traz cristais de um mar cheio de sal.

A correr por ali todos os dias

tropeço na esperança repetida

De me ver a fintar o tempo todo

No campo seco tijolo de barro

Sobranceiro à Igreja do meu bairro.

Conceição do Padre Rocha

Das membras irmãs de Maria

Vestindo de azul celeste para louvar o Senhor

Cantam bem quase de cor

Manhã de cada Domingo

Até chegar o Natal.

As vozes pousam nas árvores

Dizem preces seculares

Hoje e ontem como sempre

Lembranças bem populares

Nascidas e sepultadas na terra do meu quintal.

Na encosta traseira desse bairro

Habita toda a mata do Riboque !