2013-09-28



UM DIA ESPECIAL NA VIDA DA ISABEL...



 A ISABEL...

Aconteceu que, certo dia, ficou registado 24 de Setembro, nasceu em Vila Nova de Gaia uma linda menina a quem chamaram Isabel. Veio para fazer companhia ao seu irmão Miguel, que já andava muito apreensivo por não poder partilhar os seus pensamentos e as suas alegrias nas brincadeiras em casa.
A Isabel cresceu com o amor dos pais e do irmão, com o carinho dos avós e dos tios e foi-se transformando cada vez mais numa bela princesa. Mas também foi revelando o seu nariz empinado, quer dizer o seu temperamento de teimosia – sabe-se lá se de quem é que a Isabel terá herdado essa qualidade! – temperamento compensado pela sua enorme alegria de viver e de cansar os avós e os pais quando salta de contentamento no colo ou quando gatinha velozmente para uma mesa de vidro. Destemida, põe-se em pé, agarra-se ao que pode e quer já andar e correr, pois tem pressa de chegar ao futuro! E até já faz do Jardim de Infância que frequenta o seu campo de treinos. 
Correr, gatinhar e saltar (se bem que ao colo por enquanto) fá-la gastar muitas energias. Por isso, a Isabel adora também – a tempo e horas – beber a sua imprescindível dose de leite e comer a papa de frutas e pão. E dorme depois, como se fosse um anjo, o seu descansado e merecido soninho, após um banho muito animado e bem disposto. Mas se não houver a agitação e a alegria da água...adormecer no carrinho, só muitas curvas passadas e acompanhadas por uma lengalenga muito própria.
E agora, já com um ano de vida, os pais entenderam ser altura de a batizar. Na familiar e tradicional educação judaico-cristã optaram pela Igreja Católica. A Isabel não entende ainda estas questões da Fé e da religião, e por isso espera-se que os pais e os padrinhos, pelo menos, lhe consigam apresentar um caminho de retidão, de bondade, solidário – um caminho de caráter, verticalidade, simplicidade, também um caminho de humildade, de muito amor e amizade. Princípios e valores universais de uma pessoa de bem, para poder chegar à felicidade. Sempre com um sorriso no rosto...e no coração!  
Vila Nova de Gaia, 28 de Setembro de 2013.
António Bondoso




2013-09-27


VOTAR !
A PROPÓSITO DA MINHA CRÓNICA DE HOJE NO JORNAL BEIRÃO:



A TÁTICA DO QUADRADO...
...ou de como todos os caminhos vão desaguar numa Assembleia de Voto. No domingo, dia 29, mostre a si próprio que – não sendo nada fácil – é ainda capaz de discernir entre o que está em causa nas “autárquicas” e a (má) governação do país. Proteste...mas não deixe de votar!

          Por muito que houvesse tentado fugir...não consegui abstraír-me do tema “eleições”. Pela simples razão de que – vendo, ouvindo e lendo, como dizia Sophia – vou percebendo a cada dia a frustração e a angústia de quem me rodeia,por mais afastado que esteja. E esse estado de alma das pessoas é meio caminho andado para se afastarem da política e dos políticos.
          Mas por muito que se tente passar a imagem de que todos os políticos são iguais...isso não é inteiramente verdade! Cavaco Silva desiludiu a maioria dos portugueses? É verdade que sim. Passos Coelho e Paulo Portas mentiram aos eleitores? Também é verdade. Foram co-responsáveis pela crise política que se somou à crise económica internacional e que José Sócrates não foi capaz de antecipar? Igualmente verdade. E o PCP e o BE não contribuiram da mesma forma para agravar essa crise política? Certamente que sim. Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã não se podem separar das inundações que eles próprios também ajudaram a provocar. E os que agora aparecem como falsos “independentes”ou quase – alguns não hesitam mesmo em abjurar a simbologia dos partidos no poder – pensam ser possível enganar toda a gente. Mas não é fácil. E se, por algum momento, o texto pode deixar a ilusão de que “são todos farinha do mesmo saco”, é fundamental que eu desminta a ideia. Há seguramente uns mais do que outros. Os parceiros do governo são os responsáveis pela cegueira dos cortes que afetam os pensionistas e reformados. Votemos noutros!
          Por isso,vale a pena lembrar que é preciso manter a lucidez – o mais que pudermos, de acordo com a nossa aprendizagem de cultura política e democrática, pelo menos nos últimos quarenta anos. Não percamos a dose, por mais ínfima que seja, do direito e do dever de poder decidir sobre qual o melhor caminho para o nosso futuro coletivo – seja no concelho de cada um, seja no país. E isso só o poderemos concretizar...participando!
          Nestas eleições do próximo domingo, há também aqueles que – por ambição pessoal desmedida – pretendem manter-se no poder para além dos limites razoáveis da ética, fazendo tábua rasa do espírito da lei que eles próprios ajudaram a elaborar e aprovar. A resposta só pode ser uma: pelos valores da decência, votemos noutros! E há ainda aqueles que só agora se apresentam como líderes na tentativa de conquistar o poder. Apesar de tudo...são uma alternativa! Tal como os verdadeiros independentes que, por força da lei, só nas autárquicas podem exercer a sua plena cidadania.
          Votemos pois! Lembremo-nos de que, dizia Bertolt Brecht, da ignorância do analfabeto político “é que nasce a prostituta, a criança abandonada e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, desonesto, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo”!
António Bondoso
Jornalista – C.P.359
Setembrode 2013



António Bondoso
Set.2013





2013-09-23



E DE REPENTE... PODE ACONTECER UM ARTICÍDIO!



VARIAÇÕES EM DÓ MAIOR...
...ou a palavra “articídio”!
Dizem os dicionários que “Galeria” é um local para exposição e venda de obras de arte, podendo mesmo ser a própria coleção de obras de arte – para além de outros significados que agora pouco interessam.
E também dizem que “Arte” é a produção de algo belo ou extraordinário e que “Artes plásticas” é o conjunto das artes que inclui o desenho, a pintura, a escultura, a gravura e a arquitetura.
Posto isto, é minha intenção significar que a criação do belo é um ato sagrado e que desvirtuar ou menorizar o sentido de “galeria” – enquanto templo do belo – é, por contraposição, um sacrilégio. E se a língua comportasse a palavra “articídio” – poderíamos até falar de crime contra a arte ou contra os artistas.
Morrendo os artistas morre a arte – é sabido – mas esta pode igualmente fenecer devido a maus tratos ou ostracismo. Pode acontecer, quando a retórica e a prática não se ajustam. Fica, assim, inquinado o sentido da vida...como diz o poema:

A MORTE DA ARTE...
(OU UM SENTIDO PARA A VIDA!) ---A Publicar

Leio releio
Faço refaço
E sigo a linha de um cordão de aço
Que parte
E reparte
Mas não pode evitar
A dor do artista
A morte da arte.

E se fenece a arte...
Não há sentido na vida!
========== António Bondoso (A Publicar)



António Bondoso
Setembro de 2013.



2013-09-13




AQUILINO RIBEIRO...
128º ANIVERSÁRIO DO NASCIMENTO

...NUMA ALTURA EM QUE OS LOBOS VOLTAM A UIVAR. 


Em 1958, em Soutosa, terminou o seu romance "Quando os Lobos Uivam". Não tendo sido, literariamente, uma das suas obras mais marcantes, acabaria por ser uma das mais faladas - com direito a apreensão e a processo crime por parte do regime de Salazar.
E em Dezembro desse ano, consagrou o romance ao amigo, médico de nível superior e democrata Prof. PulidoValente. 
Vale a pena, hoje, quando se voltam a por em causa as liberdades e os direitos fundamentais, determo-nos um pouco na "dedicatória". Para além de se interrogar sobre se teria valido a pena todo o sacrifício da sua dedicação à escrita, em detrimento do convívio com os amigos e com a família, Aquilino Ribeiro ergue a bandeira da liberdade: "Nesta hora, em que andamos todos com grilhões nos pulsos, fique oseu nome [Pulido Valente] como o de Hermes no marco miliário da estrada e a legenda: adiante, e consideremos que para chegar a bom termo da viagem é preciso ser livres!".


Pulido Valente foi um dos camaradas de jornada que ficaram no percurso, vítimas pela liberdade. E ao mesmo tempo que lhe presta homenagem, Mestre Aquilino como que lamenta a "privação" do convívio:-"Nesta fauna exaustiva tive de desatender à vida de relações, não cultivar como devia a amizade, remeter os meus à vis própria quando poderia com um pouco de arte, salamaleque, e o quantum satis da desvergonha cívica nacional, consagrada e triunfante, guindá-los a ministros ou banqueiros. Permiti ainda,levado na minha obsessão, que os gatunos oficiais e de mister me metessem as mãosnas algibeiras, os pirangas me ludribiassem, e toda a canzoada humana me ladrasse impunemente".

António Bondoso
Setembro 2013.

VARIAÇÕES...A PROPÓSITO DA EXPODEMO !

"A vila de Montalegre, conhecida como a "Capital do Misticismo", recebe a primeira de duas sextas-feiras 13 de 2013 com o espetáculo teatral "Magia da Lua Cheia", junto ao castelo. São cem mil euros de investimento com retorno imediato, num evento que espera 30 a 40 mil de visitantes." --- No JN online.

VEM ISTO A PRPÓSITO DA MINHA CRÓNICA DE HOJE NO JORNAL BEIRÃO:


A TÁTICA DO QUADRADO...
...ou uma resposta válida à pequenez, à mesquinhez, à generalizada falta de visão e de arrojo dos líderes políticos ou ainda ao tradicional miserabilismo português. Moimenta da Beira reage à crise.

          E não me consta que o atual presidente da câmara seja economista! Ou como diria um amigo e camarada de profissão – ainda bem que ele não é economista!
          Esquecendo essa ciência, que não é exata, e ignorando a adjacente e ilusória perspetiva da estatística, é tempo de sabermos colocar ambição séria nos projetos de desenvolvimento, o que – é bom lembrar – não significa apenas crescimento. Por outro lado, é sempre tempo de saber distinguir entre gastar e investir – na certeza de que, havendo custos em qualquer dos casos, eles serão, no mínimo, menos penalizadores no investimento. E a médio e longo prazos,com uma gestão cuidada e acertada – sem deixar de ser ambiciosa – haverá seguramente retorno.
Ouvi e registei alguns comentários a propósito da Expodemo, que vai decorrer em Moimenta entre 20 e 22 de Setembro:- já viu o que se vai aqui gastar? Não deixará de ser uma interrogação legítima, mas talvez só possível num cidadão menos interessado ou menos atento. Ou mesmo de má fé, por motivações desconhecidas, ou ainda pela atitude ligeira e própria das tradicionais e descontraídas conversas de café.
A qualquer momento, todo o cidadão terá o direito a ser informado, quer através do próprio executivo, quer por intermédio da Assembleia Municipal. E tem também o dever de, mesmo no imediato, saber contabilizar os ganhos do concelho, quer no que respeita à divulgação do bom nome da terra e das gentes, quer nos negócios potenciais à volta da restauração e do comércio, quer ainda na promoção dos produtos e serviços da região. E aqui se inclui, naturalmente a Cultura, desde sempre um veículo motivador da economia – embora nem sempre devidamente aproveitado.
Os mais atentos, certamente saberão que se multiplicam as iniciativas empresariais à volta do Património – imaterial ou edificado – e na órbita das chamadas empresas culturais e iniciativas criativas. Por exemplo, na segunda quinzena de Outubro, na Casa das Artes, no Porto, vai ter lugar mais um evento sobre empreendedorismo cultural:- “Seminário Internacional sobre Património Cultural – Economia e Emprego”.
Acresce igualmente que os mais atentos, e menos jovens, talvez se lembrem do impacto que a Bienal de Artes gerou em Vila Nova de Cerveira, a partir de 1978 – uma época em que muito poucos apostavam nos aspetos culturais. A iniciativa, que vive e se afirma, ofereceu a Cerveira o título de Vila das Artes e uma notável capacidade empregadora.
E ainda não há muitos dias, pude ler na imprensa que “Portugal devia saber vender melhor a sua História e a Cultura aos americanos”. Como já disse e escrevi, é preciso arranjar capacidade para romper as muralhas desta região interior. Só mostrando empenho e divulgando o que somos e o que temos, com criatividade, poderemos chegar mais longe. Como dizia Miguel Torga, o universal é o local sem paredes!
Então, deixo aqui a sugestão ao próximo executivo camarário:- aproveitando a proximidade turística do Douro e a História que nos cerca, deve considerar-se a possibilidade de convidar uma ou duas revistas de nomeada, no âmbito do turismo cultural e gastronómico em língua inglesa, para espalharem o nosso ADN. Os recentes “prémios” atribuídos ao Algarve e à Praia de Dona Ana, não aconteceram por “obra e graça”.
António Bondoso
Jornalista – C.P. 359
antoniobondoso@gmail.com