2015-02-28

SER PAI...

Foto Arquivo Pessoal.

SER PAI.
Ao meu pai, em memória, e a todos os que antes dele foram pais e me trouxeram à vida, fica o registo do que ofereço ao meu filho na esperança de que o ciclo se complete. E ainda para que ele não esqueça a memória de outros pais que dele igualmente foram e nele da mesma forma viveram.

Ser pai (A Publicar)
Ser filho
Ser filho do pai e pai do filho
É ter um sorriso de vida
A emoção de um olhar
A certeza de que estamos e que somos.

Um filho prolonga
E um pai alonga
O tempo e no tempo que vivemos.

Cúmplice do pai
Companheiro do filho
A circunstância de sermos
E de amarmos.
==== A. Bondoso (A Publicar)


2015-02-16


NESTE FEVEREIRO...HÁ DOIS CAFÉS PARA LEMBRAR O PASSADO!



JARDIM DA MEMÓRIA (A Publicar)

Neste espaço de silêncio
Onde se dá valor à alma
Cada qual com sua cruz…
Há histórias
Há memórias
Há valores que se visitam
Há murmúrios que circulam
Na verdade absoluta.

Neste espaço de silêncio
De cumplicidade e conforto
Onde habitam gerações…
Todo o respeito se curva
Num alívio de suspiros
E todas as lágrimas choram
Enchendo pequenos rios
Consolando corações!

===== António Bondoso (A Publicar)
António Bondoso
Jornalista

2015-02-14

É SEMPRE UM TEMPO DE ENCANTAMENTO...

Foto de António Bondoso


TEMPO DE ENCANTAMENTO

E assim...
Bem defronte dos teus olhos
Poderás ler nos meus lábios
Que a vida tem sempre um tempo
Precioso e de mistério.

Um tempo de encantamento
Que alimenta e ressuscita
A alma junto do corpo
Um tempo que o vento move
Alumia o horizonte
Aveludado caminho.

Abandono-me e entrego-me
Ao teu tempo
Espaço nosso.
=================================== 
António Bondoso
Jornalista

2015-02-13

ANTES DO TEMPO!

Foto de A. Bondoso
Foram dias foram anos
Em cada minuto de trinta
Uma vida sempre cheia
A começar do vazio
Uma casa muita gente
Pessoas de muitos tempos.

Chegaram e não ficaram
Partiram de modos diferentes
Fui chegando e aqui voltando
Não sei se quatro se três
As vezes que me chamaram
P’ra começar outras frentes
Batalhas que fui travando
Cada vida em sua vez.

Não foi uma guerra perdida
Nem a morte anunciada
Silêncios de fracos espíritos
Que se escondem na penumbra
Não derrubam coisa alguma.
São fantasmas, camaleões
De um novo tempo sem ética
Maquiavel alma ferida
Contradiz, pena gelada
O que pensam serem méritos
De razão que não deslumbra.

Conhecidas uma a uma
Todas elas ilusões,
Nenhuma resiste sem métrica
Esfumam-se num lago seco
De lágrimas de crocodilo,
Arestas pontiagudas
Secas, finas e brilhantes
Ponteiros de um tempo novo
Mágico, sem viajantes.

E perdidas no labirinto
Dos poderes que estão em jogo
São almas não são amantes
Já não lhes sobram paixões
De escrever ou de rezar.
Já não sabem se  o que sinto
É um dom que ateia o fogo
Ou então como era dantes
Correr atrás dos balões
Subiam subiam sempre
Vazios mesmo com ar.

Quem me dera ser Aleixo, Régio, o grande Bocage
Ser vate de muitos génios
Para dizer o que sinto neste adeus antes do tempo.
Mas nem sequer sou rimador
De tanta expressão com dor
Que é partir mais uma vez
E o regressar nem talvez
Agora que se fabricam jornalistas numa linha.
Coisa de muitos mistérios
Prece de computador
Sinais  precoces da lage
Onde restará o tempo
Coração de pouca mágoa que sempre me acarinha !

Uma casa muita gente
Pessoas de muitos tempos
De todos guardo lembrança
De menos ou mais talento
E  no altar da amizade
Há santos e pecadores.
A uns venero de agrado e aos outros estendo a mão
Mas não pretendo ser santo ou perder o coração
Traído pela memória de alguns que bem lamento.
São riscos de um mundo quente
Em permanente mudança
Ora pouco solidário ora perdendo valores,
Mas não sei mais que dizer-vos
Neste círculo de amizade
Quem me dera ser Aleixo, Régio, o grande Bocage
Ser vate de muitos génios
Para dizer o que sinto neste adeus antes do tempo !

Porto, Abril de 2005

António Bondoso  
**** Em O PODER E O POEMA ( Pg. 81)- 2012.    
NESTE DIA MUNDIAL DA RÁDIO...

DIA DA RÁDIO – 2015
Se não fosse pela memória – que é preciso honrar cada vez mais – talvez me abstivesse de vir a público dizer duas ou três coisas sobre uma vida de prazer e uma luta permanente. Enquanto não termino o livro que me propus escrever sobre o trabalho que é dar um rosto à magia…voltei a ser “espicaçado” e condescendi. Falar da rádio, hoje, é – para mim – ultrapassar momentos de mágoa e de revolta. E, sem ter muito trabalho, bastou-me consultar algumas páginas do meu livro mais recente EM AGOSTO…A LUZ DO TEU ROSTO!
..............................
(…) E depois vem a Rádio – retomando o fio à história! Esperando um dia pela saída do Manuel Sá, que por essa altura animava as manhãs de domingo, no Rádio Clube de S. Tomé, o Diretor Carlos Dias – esse mesmo que hoje elabora e distribui na Web o já célebre NOTÍCIAS À TERÇA – entabulou uma conversa de circunstância com Augusto e, quase em jeito de brincadeira, foi dizendo:- “Um dia destes vens aí fazer uma experiência”.
E foi assim. A rádio passou a fazer parte da vida de Augusto, a caminho do Ciclo Complementar dos Liceus – desejo de seu pai – gorada que foi a ida para a Escola de Regentes Agrícolas de Santarém. Mesmo com “Bolsa”, a ideia não agradava ao pai de Augusto. Direito – seria o caminho!
Mas o Latim, primeiro – e depois o Alemão, trocaram as voltas a um rapaz mais maduro e, simultaneamente, mais inquieto. Mais “rebelde” também, muito perto da maioridade que praticamente lhe conferia essa nova faceta de trabalhar na Rádio [antes de começar a “ganhar” 250 escudos esteve seis meses à experiência], sobretudo a acelerar na bicicleta entre o D. João II e os estúdios do Rádio Clube, para “fechar” a emissão da hora do almoço. Ia já com 18 anos feitos nesse ano de 1968, uma altura de amores outros que se expressavam na afirmação adolescente e natural do meio (…).
…………………….
(…) E esse 1973 foi igualmente marcado pelo regresso à Rádio, da qual estivera afastado desde a sua ida para Nova Lisboa, em Angola, em 1971. Uma “recomposição” dos quadros, no tempo do Engº Freire, levaram Augusto de novo para o setor da Produção e de Noticiários – no qual foi chefiado e consolidou a amizade pela Manuela Borralho (…).
……………………………….
(…) E foi em Macau que Augusto viu devolvido o prazer de “fazer rádio” [quase lembrando os tempos do Rádio Clube de S. Tomé], no canal de língua portuguesa da TDM – que ainda se mantém – e no qual teve o gosto de trabalhar com bons profissionais, uns mais do que outros, naturalmente, mas sem esquecer a competência do Helder Fernando e do Cardoso Pinto. Augusto, que havia sido saneado na RDP, no Porto [havia já algum tempo], recorda – em primeiro lugar – o trato distinto de Johny Reis, uma voz de ouro que noutros tempos encheu as telefonias de Macau e que, por circunstâncias do comportamento e do caráter de quem detém o poder em determinadas circunstâncias, ainda hoje Augusto pensa na mágoa de não ter conseguido convencer Johny Reis a voltar aos microfones. Ter-lhe-á “bastado”, durante muitos anos, tratar exemplarmente do Arquivo. A par de Johny Reis – igualmente músico virtuoso – só a memória viva de Alberto Alecrim, um homem que respirava [ainda respira] e transpirava rádio por cada poro da alma(…).
…………………………….
Lá há de vir o tempo de outras histórias. Mesmo – ou sobretudo – com mágoa e com revolta!


António Bondoso
Jornalista.

2015-02-02

UM POEMA PARA O PORTO....


Foto da Web....

VIELA DO ANJO (A Publicar)

Na Viela do Anjo
Onde o sol não voa
E a morte convive
Na sombra dos edifícios gelados
Húmidos…
Também habita gente simples
Hospitaleira
Com o caráter da Sé.

Na Viela do Anjo
Há ruínas
Ainda sustentadas pelo pensamento
De uma esperança arreigada
Na rua da Ponte Nova
Que sai da Mouzinho em escadas
Cruza com a Bainharia
E a Escura mais ao fundo…
Quase junto aos pés da Sé.

Mas não há santos nem milagres
Nesta Viela do Anjo.
===== A. Bondoso (A Publicar)
António Bondoso
Jornalista