2020-06-14


SÉCULO XXI – PERSEGUIR A CURA.



SÉCULO XXI – PERSEGUIR A CURA.
Já passámos tempos de revoluções e contrarrevoluções, cumprimos regras e contrarregras, assistimos a golpes e contragolpes, soubemos de espionagem e de contraespionagem, ouvimos e vimos propaganda e contrapropaganda, participámos em manifestações e contramanifestações, lemos sobre ofensivas e contraofensivas, estudámos guerrilha e contra guerrilha, dissemos senhas e contrassenhas, percebemos a ordem e contraordem, falámos de peso e contrapeso, sabemos de terrorismo e contra terrorismo.  
A história da humanidade está recheada de exemplos.
E agora, infelizmente, no adianto de um século dedicado à luz e ao conhecimento, parece estarmos a voltar a um tempo de loucura e de contra loucura. Para o qual…parece não haver cura! Ou, pelo menos, alguns “iluminados” recentes procuram dificultar.
Mas a resignação não será certamente a solução. É fundamental e urgente reagir. Pela instrução, pela educação, cada vez mais pela instrução, sempre pela educação!



António Bondoso
Junho de 2020.

2020-06-05

DESCONFINAMENTO PROGRESSIVO…ou de como a alma tenta afugentar o medo instalado. 


Há dias em Angeiras, com o filho, depois em Lisboa com uma amiga de infância e novos amigos, e também na Régua com os pés de molho no Douro. O Aneto, já desconfinado e nos carris da estação por enquanto sem turistas estrangeiros, apresentou-se a este humilde cidadão com uma simplicidade rigorosa de acolhimento, uma simpatia contagiante e com uma arte gastronómica tipo «Michelin». Nem me dei conta dos condicionalismos impostos – e cumpridos – pelas regras sanitárias. 



         Tudo começou com os tradicionais acepipes e logo de seguida uma «salada de espinafres frescos, queijo chevre, nozes, mel e tomate seco». E não tardou muito apareceram um delicioso «folhado agridoce», c/queijo de cabra, fumeiros, compota e vegetais e um espetacular «rebuçado de alheira de caça», c/espinafre, ovo escalfado, creme balsâmico e sésamo. Tudo regado com vinho Aneto, claro. O repasto terminou com o café, está bem de ver, mas antes houve ainda tempo para saborear um recomendado «Pudim de Late Harvest c/Granizado de Citrinos».


          E felizmente – digo eu – tivemos a lucidez de tirar a máscara para poder desfrutar desta fabulosa refeição.
         Não vou atribuir notas, está bem de ver, pois não sou «chef». O molho para a salada consigo fazer…mas não passo disso. Nem me atrevo a estrelar um ovo. Mas apreciar…isso consigo!
         Parabéns a toda a equipa do Aneto. Na Régua. 




António Bondoso
Junho de 2020.

2020-06-01


Mais uma vez, neste dia, deixai-me ser criança. Melhor dizendo, deixai-me ter os sonhos de criança. 


É com eles que valorizo a minha velhice, é com eles que me revejo nos filhos que tenho, é com eles que prossigo esperando no futuro. Só fará sentido, esse futuro, se houver crianças…e se cada criança puder sonhar para além da sua condição de ser criança.
Estou cansado, como o cavalo de uma história interminável. Então – disseram – se o cavalo está cansado deve ir para a cavalariça. E é lá que estou, nos sonhos da criança que ainda sou. Deitado na palha acolhedora, à espera do final do sonho e do conto.
É que, quando eu era criança, não sabia a liberdade para além da Serra da Nave. Mas ainda criança…pude sonhar e viver a liberdade para além do horizonte da Ilha Grande.
E quando tu eras criança, pudeste receber a alegria de uma herança universal. Que ela possa perdurar.



António Bondoso.
1 de Junho de 2020.