2022-08-30


Marta Temido demitiu-se.

SAIRÁ ELA DE CENA EM DEFINITIVO?



Entre a piroseira astrológica da «Praça» e a tristeza «criminal» do Hernâni...os canais de "notícias"(?) vomitaram ódio sobre Marta Temido. Uma vitória do corporativismo, dos média e de...António Costa em mais um processo de «viragem» para Medina. Valerá a pena o «sacrifício» da ministra? E sairá ela de cena em definitivo?

Sendo certo que algumas «clivagens têm mais significado do que outras», Dennis Kavanagh também entende que os partidos se «preocupam mais em representar os vários grupos do que em manter a sua pureza ideológica». E vai mais longe, ao dizer que “Apesar da habilidade do partido em manter a lealdade eleitoral da maior parte dos votantes, a instabilidade de opiniões e o alto nível de desacordo de preferências entre partidários pelos métodos adoptados dá a entender que o partido exerce uma influência bastante vaga sobre os pontos de vista de actuação”.

Isto, no âmbito do que se designa por «Cultura Política». Porque, depois, há a “Cultura Cívica”. E aí, muito mais importante do que a propaganda e a demagogia, há a instrução, a educação, a solidariedade, a cidadania responsável que não se deixa influenciar pelos lóbis. Por isso se diz que a Política não é só uma «arte», é antes de mais uma «ciência».

Obrigado Marta Temido pelo seu desempenho e pela sua frontalidade. 



António Bondoso

Agosto de 2022.  



 



 

KIKO BONDOSO em maré alta, apesar das adaptações que a «equipa» lhe tem pedido. 



A competência e outros atributos a ela ligados estão sempre patentes quando se trabalha com profissionalismo. E o reconhecimento acaba por chegar, naturalmente, mais tarde ou mais cedo. Mesmo quando o cansaço já não permite «tratar» a bola com o «requinte» habitual. E quantas vezes não dá até vontade de «sacudir» o braço. Um gesto permitido aos grandes atletas e, no caso, ao “Homem do Jogo” mais uma vez na Liga Bwin. 



Só a humildade, a coragem e a força mental de um homem adulto e de um atleta de eleição podem elevar e justificar a tua postura. Força KIKO BONDOSO. 



Nem tudo sai bem, sempre! Mas é forçoso continuar. 


António Bondoso

Agosto 2022. 









 

2022-08-29

ACORDAI PARA A VIDA!

Depois do «choque» e do «escândalo» de Vila do Conde, nada melhor do que passar a um canal onde revivi – com agrado pela técnica do filme e pela sua eterna atualidade temática  – a história do gravíssimo acidente ecológico com a «plataforma petrolífera «Deepwater Horizon», no Golfo do México, em Abril de 2010. 



    (Legenda da Foto: [O JOGO] = 5 do FCP não travaram 1 do RA. É sinal de quê?)

         A falta de visão, as hesitações técnicas, a falta de coragem, manifestaram-se, quer em Vila do Conde, quer no Golfo do México. Não basta Sérgio Conceição vir dizer que não foi “digno de se sentar no banco do FCP”. O problema começa muito antes – na ideia da formação da equipa. Na questão da petrolífera nada a dizer – o problema foi das chefias que representavam a administração da BP – mas já no que diz respeito à constituição da equipa inicial do FCP, o problema foi e é nitidamente da responsabilidade do técnico do FCP. Quer na «formação» inicial (qual a razão de David Carmo continuar no banco dos suplentes e qual a valia de Bruno Costa no meio campo da equipa?), quer nas DEMASIADO tardias substituições. A perder por 1-0, nada. A perder por 2-0, nada. E já nada havia a fazer quando passou a 3-0 antes do intervalo. Num jogo a pedir velocidade e profundidade, para além de atenção ao contra-ataque, o explosivo Galeno ficou de fora e o hábil reforço Veron, igualmente. Permaneceram o inábil Bruno Costa – ainda não entendi onde está a sua valia para o plantel – e o «cansado» Marcano, apesar dos 2 golos já apontados. Mas todos percebem que não tem velocidade para situações de contra-ataque. O que pretende a equipa técnica demonstrar aos adeptos e à Administração da SAD? Entendam-se e ORGANIZEM-SE! Os adeptos agradecem.

Siga para Bingo.

Ant. Bondoso
António Bondoso

Agosto 2022. 



2022-08-23

O LONGO BRAÇO DO PASSADO – ou a escrita vigorosa e assertiva de RUI DE AZEVEDO TEIXEIRA sobre o chão que foi «pisando» e sobre a diversa natureza humana que o foi enriquecendo ao longo da vida e em latitudes e circunstâncias várias, remetendo para o protagonista “Paulo de Trava Lobo” – «imagem» central do anterior O ELOGIO DA DUREZA – alguns traços da sua vincada personalidade. Mesmo sabendo que o autor rejeita qualquer ideia de autobiografia. 


Com frontalidade, argúcia e rigor, bebidos em estudo e em conhecimento profundos, o autor faz desfilar nas viagens experimentadas de Paulo de Trava Lobo o argumento:

«Universidade, Porto, Angola, Comandos, Guerra, Sexo, Paixões várias – quentes e intensas – mas o Amor da sua vida vertido na sua mulher Iza, Alemanha, Angola de novo mas já como “cooperante”…conhecedor, professor e amante de Literatura, um tempo difícil de aventura e de afirmação de caráter, antes do seu regresso «esgotado» ao “Puto” pela segunda vez: «Ia para a bela e brutal terra da palanca-negra cheio de garra e voltava a Portugal de rastos».

         Talvez um estado depressivo, depois de uma agitada permanência numa Angola que foi e que já não era, tal como hoje – uma Angola que passou e que já não é, embora continue a ser um país “esquemático” e onde “o tempo sobra sempre”. Nesta segunda vez, Paulo percebe toda a estrutura do que lhe disseram ser uma “Ditadura Democrática”. E naquele espaço entre Luanda e a Huíla, percorrendo a magia e os perigos das belas curvas da Serra da Leba – capa lindíssima! – Paulo entende a guerra fratricida, não só MPLA/UNITA mas no seio do próprio MPLA, e vai sabendo como funciona o regime tirano suportado por namibianos, cubanos, russos e outros países de Leste, por oposição aos “Carcamandos e Kwashas”. E a «cooperação» apressada, mal orientada – ou melhor – orientada ideologicamente e pela qual Paulo foi contornando os «pingos da chuva» sem stress, graças também ao seu conhecimento do tempo antes, o tempo da tropa que manda e que mata, os Comandos. 



Bastou devorar as primeiras quarenta páginas para perceber que estava perante um dos mais belos romances sobre uma das «minhas Áfricas». Sobretudo, identifico-me com o romance. Pelas memórias, vividas ou lidas; pela beleza crua da escrita que sabe conciliar a urbana simplicidade do falar com o erudito conhecimento cultural e histórico do autor.

         O regresso de Paulo de Trava Lobo ao Porto não foi fácil. O «estado depressivo» seguiu, tornando-se um “homem de tascas” que passava os dias “entre copos e ressacas”, comprometendo a sua relação com Iza. E havia ainda um fortíssimo «grito» da búlgara Diana, cooperante como ele na Huíla e que, depois de chantageada pelos seus camaradas comunistas, levaria Paulo e os amigos angolanos à construção de um acidente mortal que «despacharia» o espião Dimitrov na Leba. Por isso, e tendo em conta “causas e consequências”, uma acalmante viagem à Bulgária para colocar o passado recente no armário. Mas, não muito depois do regresso, um acidente rodoviário por força do álcool, colocou Paulo às portas da morte. Iza, apesar de tudo, foi o amparo do «esqueleto quase desfeito».

         Outro tipo de instabilidade vivia-se na Universidade, onde dominavam a intriga e a hipocrisia. Paulo não alinhava. E a tábua de salvação teve mais uma vez a mão de Iza que o encaminhou para a Alemanha e para o doutoramento em «Camões», o que o levaria depois à ULL, no Campo Grande, e aonde chegaria de novo a «chantagem» do “Longo Braço do Passado”, antes da felicidade plena com Iza. 



António Bondoso

Agosto de 2022.