2015-02-13

NESTE DIA MUNDIAL DA RÁDIO...

DIA DA RÁDIO – 2015
Se não fosse pela memória – que é preciso honrar cada vez mais – talvez me abstivesse de vir a público dizer duas ou três coisas sobre uma vida de prazer e uma luta permanente. Enquanto não termino o livro que me propus escrever sobre o trabalho que é dar um rosto à magia…voltei a ser “espicaçado” e condescendi. Falar da rádio, hoje, é – para mim – ultrapassar momentos de mágoa e de revolta. E, sem ter muito trabalho, bastou-me consultar algumas páginas do meu livro mais recente EM AGOSTO…A LUZ DO TEU ROSTO!
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(…) E depois vem a Rádio – retomando o fio à história! Esperando um dia pela saída do Manuel Sá, que por essa altura animava as manhãs de domingo, no Rádio Clube de S. Tomé, o Diretor Carlos Dias – esse mesmo que hoje elabora e distribui na Web o já célebre NOTÍCIAS À TERÇA – entabulou uma conversa de circunstância com Augusto e, quase em jeito de brincadeira, foi dizendo:- “Um dia destes vens aí fazer uma experiência”.
E foi assim. A rádio passou a fazer parte da vida de Augusto, a caminho do Ciclo Complementar dos Liceus – desejo de seu pai – gorada que foi a ida para a Escola de Regentes Agrícolas de Santarém. Mesmo com “Bolsa”, a ideia não agradava ao pai de Augusto. Direito – seria o caminho!
Mas o Latim, primeiro – e depois o Alemão, trocaram as voltas a um rapaz mais maduro e, simultaneamente, mais inquieto. Mais “rebelde” também, muito perto da maioridade que praticamente lhe conferia essa nova faceta de trabalhar na Rádio [antes de começar a “ganhar” 250 escudos esteve seis meses à experiência], sobretudo a acelerar na bicicleta entre o D. João II e os estúdios do Rádio Clube, para “fechar” a emissão da hora do almoço. Ia já com 18 anos feitos nesse ano de 1968, uma altura de amores outros que se expressavam na afirmação adolescente e natural do meio (…).
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(…) E esse 1973 foi igualmente marcado pelo regresso à Rádio, da qual estivera afastado desde a sua ida para Nova Lisboa, em Angola, em 1971. Uma “recomposição” dos quadros, no tempo do Engº Freire, levaram Augusto de novo para o setor da Produção e de Noticiários – no qual foi chefiado e consolidou a amizade pela Manuela Borralho (…).
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(…) E foi em Macau que Augusto viu devolvido o prazer de “fazer rádio” [quase lembrando os tempos do Rádio Clube de S. Tomé], no canal de língua portuguesa da TDM – que ainda se mantém – e no qual teve o gosto de trabalhar com bons profissionais, uns mais do que outros, naturalmente, mas sem esquecer a competência do Helder Fernando e do Cardoso Pinto. Augusto, que havia sido saneado na RDP, no Porto [havia já algum tempo], recorda – em primeiro lugar – o trato distinto de Johny Reis, uma voz de ouro que noutros tempos encheu as telefonias de Macau e que, por circunstâncias do comportamento e do caráter de quem detém o poder em determinadas circunstâncias, ainda hoje Augusto pensa na mágoa de não ter conseguido convencer Johny Reis a voltar aos microfones. Ter-lhe-á “bastado”, durante muitos anos, tratar exemplarmente do Arquivo. A par de Johny Reis – igualmente músico virtuoso – só a memória viva de Alberto Alecrim, um homem que respirava [ainda respira] e transpirava rádio por cada poro da alma(…).
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Lá há de vir o tempo de outras histórias. Mesmo – ou sobretudo – com mágoa e com revolta!


António Bondoso
Jornalista.

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