2018-11-25


UM LIVRO DE VEZ EM QUANDO…NESTE ANO DE 2018.
Memórias Depuradas…ou a sublime simplicidade das palavras na procura de um caminho – que não é fácil – e na afirmação da esperança, das dúvidas e das certezas que levam ao cume da montanha.


Sendo certo que não há história sem memória…este primeiro livro de Maria Teresa Bondoso apresenta MEMÓRIAS DEPURADAS carregadas de espiritualidade, no qual e do qual se pode dizer que
Cada palavra é um verso
Em sílabas de muita emoção
Cada frase é um poema
Todo o livro um coração.

Todas as fotos da autoria de Ana Guerra Torres - Sonho Óptico
Seguramente mais espiritual do que místico, o livro de Maria Teresa Bondoso revela que a autora gosta de compor as palavras «como se a compor a vida» e diz-nos precisamente que as memórias são histórias desta vida. Cheia de mistérios certamente, alguns sombrios, mas também preenchida com a universalidade da cor – de todas as cores. E de muito Amor igualmente. Nestas suas MEMÓRIAS DEPURADAS, a autora apresenta-se simultaneamente com uma sensação de liberdade e com a certeza de muitos medos. O absoluto da liberdade – talvez só no céu, chegando mesmo a perguntar «como é que se chega aí»? Segundo a minha “leitura” é lá que está Cristo feito Deus, com “Quem” Teresa Bondoso dialoga permanentemente, procurando – assim – aproximar os seus leitores do mistério que é, incorporando o Espírito Santo, a “Santíssima Trindade”. 


Para chegar aqui, é fundamental atingir a “substância” das palavras com que a autora completa a sua obra. E sabendo que, para chegar ao «céu», só «um dia depois da vida», uma vida que passa por ela carregada de dúvidas e de esperanças, Maria Teresa Bondoso não se inibe de afirmar a absoluta certeza de que morrerá e escreve: «espero-te/ estou pronta e já podes vir». Apesar disso, e apesar de repetir a ideia de que «é com medo de morrer que morro», a autora não deixa de perguntar «e quando aí chegar/ como é que se volta aqui». Não vai, com medo, fica…mas sabe que seria outra, indo.
Sendo assim, posso concluir que é este o mistério que nos prende à vida. Somos mortais…mas, «abertas as horas/ o dia veste-se de azul e as palavras correm mais cedo». 

Na dedicatória aposta no meu exemplar, Maria Teresa Bondoso fala de «palavras que encontrarão eco». Posso garantir que todas elas, independentemente da minha visão do mundo e do mundo que a autora nos apresenta em Memórias Depuradas. Estando só, comunicando pela poesia…Maria Teresa Bondoso interroga-se sobre aquilo que a sua poesia pode oferecer ao mundo, e questiona o mundo sobre aquilo que ele lhe pode oferecer de relevante para a sua poesia.



O aspeto gráfico da obra é suficientemente suave para não ferir a vista... e, simultaneamente, é suficientemente atrativo para capturar todas as emoções da Poesia. Um livro espiritualmente sóbrio, como sóbria foi toda a sessão de apresentação no belo auditório da Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça, na Moita, sendo a Câmara Municipal um dos parceiros deste projeto cultural que é a divulgação de autores do concelho. Os outros são a Editora Local (representada pela Anabela), que nasceu em 2017 e é constituída por um Grupo de Trabalho dos Organismos Populares de Base da Vila da Baixa da Banheira, e a União de Juntas de Freguesia da Baixa da Banheira e Vale da Amoreira.


A sessão foi excelentemente comissariada por Zélia Filipe, do departamento cultural da Câmara, que disse quatro poemas de Maria Teresa Bondoso: aquelas portas tinham mãos, o tempo das palavras, moldura e contenção


O final foi com música ao vivo (violino, piano e voz), exibindo-se professores e alunos da Escola de Artes da Moita, dirigida pelo professor Miguel Xavier: Raquel Fidalgo, Cristina Miranda, Tânia Cravo, Jorge Anacleto, Maria Eduarda, Liuba Sirbu, Filipa Moutinho, Sónia Torres, Ana Filipa e Joana Gonçalves. 



António Bondoso
Jornalista
Novembro de 2018.


COM FOTOS DE ANA GUERRA TORRES - SONHO ÓPTICO. 

3 comentários:

Unknown disse...

Hummmm! Curioso...
Ao ler o que aqui escreveste, senti mais certos alguns pensamentos presentes nos momentos em que escrevia.
São muitas as camadas presentes nas palavras compostas.
Tu lês bem o que eu escrevo.

Unknown disse...

Hummmm! Curioso...
Chegaste a lugares da minha escrita a que só agora cheguei de forma clara. O que escrevemos pode ter muitas camadas e eu por vezes fico presa entre elas.
Tu lês bem o que eu escrevo.

Unknown disse...

Hummmm! Curioso...
As nossas palavras podem ter muitos significados e, por isso, podem ser lidas muitas vezes. Eu, quando as escrevo fico presa a algumas das camadas que compõem o meu pensamento. Se as leio outra vez, surgem novos significados. Talvez porque escrevo o que sou, e sou muitas coisas, leio-me de várias maneiras e com várias pessoas. É bom ler-me através de ti. Chegaste a lugares meus a que nem todos chegam.