2020-02-22


Como se pode chegar do arco-íris a um terramoto de intolerância!


Assim, de tanto se falar em cores por estes tempos, dei por mim a pensar no ARCO-ÍRIS. E percebi quanto ele pode ser maravilhoso, tanto quanto DEFEITUOSO…ou de como nem tudo pode ser visto a preto e branco. Vai daí, fácil é chegar à conclusão de que o «racismo», por exemplo, é muito mais do que a simples «distribuição» das cores. E se tivermos em conta a «ilusão» do arco-íris, então fica tudo muito mais complicado, pois se diz que a luz branca é a composição de todas as cores (e por isso não se vê) e o preto, sendo a ausência de luz, é uma das cores subtrativas.
         No sítio da internet, cujo «link» vos deixo abaixo, pode ler-se também ser curioso que poucas pessoas conseguem ver todas as cores do arco-íris. A maioria consegue apenas diferenciar cinco ou seis delas. Então, é preciso, é fundamental entender o fenómeno. Tal e qual o do racismo ou da xenofobia.
Um simples pensamento, um ligeiro olhar, um pequeno gesto, um inesperado receio, um arco-íris defeituoso, uma palavra diferente, um insulto gratuito, e um terramoto de intolerância…pode eclodir a qualquer momento.
Sem instrução, sem educação, sem cultura, sem história, sem conhecer a pobreza e suas razões, sem distinguir a esmola da dignidade, incapaz de reconhecer o paternalismo da riqueza, sem cuidar de saber do outro, sem perceber as contradições do mundo, sem ver os guetos, sem entender os sem-abrigo, sem condenar o trabalho duro e precário imposto por gente sem escrúpulos, está todo o caminho aberto para o tal terramoto de intolerância.
Li há dias, nas «redes sociais», o que alguém escreveu a dizer que também já havia sido «vítima» de racismo pois foi «corrida de Angola por ser branca». Sem pretender questionar a frase, veio-me de imediato à ideia a falta que faz a ponderação das razões para, eventualmente, explicar a atitude: quando terá sido expulsa, quem a expulsou, em que circunstâncias de facto e temporais? E terá tentado essa pessoa perceber o que representam 500 anos de domínio colonial, ao qual se prendem injustiças, violência – quantas vezes gratuita – e muitas outras diversas situações que se enquadram no que eu chamei «as contradições do mundo»? Ter-se-á interrogado sobre as razões que levaram a uma guerra colonial? Terá questionado a razão de não ter sido desenvolvida uma descolonização decentemente atempada? Ter-se-á interrogado sobre quantos funcionários médios e superiores havia na administração das colónias? E os que havia…quando é que foram nomeados? Por outro lado, há uma tendência para confundir racismo com diferenças sociais entre pessoas da mesma raça. Ou as diferenças entre as elites e a maioria dos colonos. Discriminação é uma coisa, Xenofobia outra (perante o estrangeiro), racismo é outra. Se não percebermos isto…não há «arco-íris» que nos valha.


António Bondoso                                                                      
Jornalista e Mestre em R.I.
Fevereiro de 2020.
https://www.todamateria.com.br/cores-primarias/


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