2022-07-14

UMA «CHEFE» E UMA AMIGA DE MEIA VIDA…ou de como a sua “partida” nos coloca em choque.

E mais uma vez a Rádio. Porque ficámos sem mais uma camarada. E quando a Rádio perde um dos seus, perdemos todos um pouco de nós. Foi o final da etapa da vida para a Maria Manuela Borralho. A Manela, simplesmente. 



Conheci a Manuela Borralho em S. Tomé e Príncipe em finais dos anos de 1960, no âmbito do processo de transição do Rádio Clube para Emissor Regional da ex Emissora Nacional. De todo o vasto “elenco” da ex-EN empenhado nessa tarefa [Fernando Conde, Engº Freire, Sebastião Fernandes e Guilherme Santos, por exemplo] sobraram e permaneceram duas Amigas de grande nível, elevação escorada numa humilde competência e numa simpática simplicidade: A Maria Emília Michel e a Manuela Borralho. Por circunstâncias e peripécias diversas, o meu trajeto acabou por se cruzar diretamente com o da Manuela. Quer na «Coordenação de Emissão e Programas», com a companhia da Arminda Viana e da Lurdes Brandão, quer no «Serviço de Noticiários», onde já pontuavam os mais antigos Raúl Cardoso e Daniel Pinho. Isto, já depois de alguns meses de uma «ausência voluntária» da minha parte e também de um afastamento «obrigatório» devido ao serviço militar – primeiro em Angola e depois em STP. Resolvidos os «constrangimentos» em 1973, consolidaram-se o respeito e a Amizade mútuos. 



         Regressei a Portugal em Outubro de 1974, a Manuela só voltou em 1975 depois da independência de STP. Eu no Porto, a Manuela em Faro, o trabalho direto não nos juntou mas nunca deixámos de trocar ideias. Para além disso foi a Amizade – sobretudo no tempo de férias, no Algarve, acompanhados por outros camaradas como o Carlos Cardoso, o Livramento e o Humberto Ricardo. Ou então, nos convívios da Rádio que se seguiam por este país, sempre com o pensamento em S. Tomé e Príncipe. 









         E com o passar do tempo…veio a aposentação, embora se tivessem mantido o convívio e a Amizade. O afastamento, involuntário, viria muito mais tarde com a doença. Apenas os telefonemas nos mantinham em contacto, exceto a última vez que tentei – talvez há três semanas – para saber como íamos enfrentando a «pandemia». 



         A Manuela Borralho, por tudo isto, é outra das «Figuras da Minha Vida». E esta não é a «despedida» que havíamos planeado. Competente, afável, de uma serena firmeza no trabalho, Amiga para sempre! Foi meu privilégio. Até sempre «Chefe». 



E porque há ainda amigos e camaradas de muitos anos que merecem estar com eles sentado à mesa de um café.

«Há gente que chega

e se perde

na voragem de ver

os verdes e os vermelhos da vida

esquecendo

o sol e o céu azul.» 

(=== Ant. Bondoso. Maio de 2019 ===) 


14 de Julho de 2022.

António Bondoso. 









 

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