2025-07-04

50 - 50...A ESSÊNCIA DOS POVOS.

O final do processo colonial português foi tão atribulado quanto era complexa a situação da Política Internacional. Período de «Guerra-Fria» entre o Bloco de Leste e o Ocidente, crescendo da tensão entre a URSS e a RPC e, por outro lado, a existência do suposto Movimento dos Não Alinhados. Por isso… as independências não devem ser analisadas como acontecimentos históricos isolados. Era o tempo do anti-imperialismo, do anticolonialismo e, internamente, a luta contra a ditadura do «Estado-Novo», acrescida do desgaste da Guerra na Guiné, em Angola e em Moçambique.

          50 anos depois de Abril, já lembrámos a independência «oficial» da Guiné-Bissau a 10 de Setembro de 1974, a de Moçambique a 25 de Junho de 1975, onde – lembrou o Jornal Público há uns dias – a PIDE também cometeu atrocidades.

          Amanhã, 5 de Julho, será a vez de Cabo Verde. 


O primeiro Presidente da República do país foi Aristides Pereira que, juntamente com Amílcar Cabral, fundou o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

          Após 15 anos de regime de partido único e acompanhando a turbulência vivida com a implosão da URSS – já depois do falhanço da construção de um Estado Unitário entre Guiné e Cabo Verde, em Novembro de 1980, quando João Bernardo (Nino) Vieira levou a cabo um golpe de Estado em Bissau – caminhou-se então para uma «abertura democrática».   

Recordo que, com o golpe de Nino Vieira, o PAIGC perdeu a sua validade como partido binacional e em Cabo Verde surgiu um novo partido nacional denominado PAICV. 





Mas essa «abertura» prometida pelo PAICV não era, no entender de algumas figuras de relevo e de movimentos de cidadãos que iam surgindo, suficiente para alcançar objetivos cimeiros de desenvolvimento e de modernização do Estado. 




Destacou-se no início da década de 1990 o MPD – Movimento para a Democracia – liderado por Carlos Veiga. E em Janeiro de 1991, em plena Guerra do Golfo, o MPD chega ao poder. Há dois anos, escrevia eu que:

  “ HAVERÁ SEMPRE UMA MORNA PARA SAUDAR CABO VERDE”.

Carlos Veiga, que eu acompanhei na livre campanha eleitoral de 1991 à frente do MpD, foi o intérprete de uma das «mornas» mais decisivas para o novo «rosto» do país após 15 anos de partido único.

          Em termos pessoais e a longo prazo, certamente não terá atingido todos os objetivos que norteiam a ambição de um homem político. Mas a sua ação à frente do MpD, que o conduziu ao cargo de 1º Ministro em dois mandatos, constituiu seguramente um ponto de rutura com o passado elevando as Ilhas Atlânticas a um novo patamar de afirmação no contexto africano. (…)»

TEXTO COMPLETO EM:      

https://palavrasemviagem.blogspot.com/2023/07/havera-sempre-uma-morna-para-saudar.html