O
final do processo colonial português foi tão atribulado quanto era complexa a
situação da Política Internacional. Período de «Guerra-Fria» entre o Bloco de
Leste e o Ocidente, crescendo da tensão entre a URSS e a RPC e, por outro lado,
a existência do suposto Movimento dos Não Alinhados. Por isso… as independências não devem
ser analisadas como acontecimentos históricos isolados. Era o tempo do anti-imperialismo,
do anticolonialismo e, internamente, a luta contra a ditadura do «Estado-Novo»,
acrescida do desgaste da Guerra na Guiné, em Angola e em Moçambique.
50 anos depois de Abril, já lembrámos
a independência «oficial» da Guiné-Bissau a 10 de Setembro de 1974, a de
Moçambique a 25 de Junho de 1975, onde – lembrou o Jornal Público há uns dias –
a PIDE também cometeu atrocidades.
Amanhã, 5 de Julho, será a vez de Cabo Verde.
O
primeiro Presidente da República do país foi Aristides Pereira que, juntamente
com Amílcar Cabral, fundou o Partido Africano para a Independência da Guiné e
Cabo Verde (PAIGC).
Após 15 anos de regime de partido
único e acompanhando a turbulência vivida com a implosão da URSS – já depois do
falhanço da construção de um Estado Unitário entre Guiné e Cabo Verde, em
Novembro de 1980, quando João Bernardo (Nino) Vieira levou a cabo um golpe de
Estado em Bissau – caminhou-se então para uma «abertura democrática».
Recordo que, com o golpe de Nino Vieira, o PAIGC perdeu a sua validade como partido binacional e em Cabo Verde surgiu um novo partido nacional denominado PAICV.
Mas essa «abertura» prometida pelo PAICV não era, no entender de algumas figuras de relevo e de movimentos de cidadãos que iam surgindo, suficiente para alcançar objetivos cimeiros de desenvolvimento e de modernização do Estado.
Destacou-se
no início da década de 1990 o MPD – Movimento para a Democracia – liderado por
Carlos Veiga. E em Janeiro de 1991, em plena Guerra do Golfo, o MPD chega ao poder.
Há dois anos, escrevia eu que:
“ HAVERÁ SEMPRE UMA
MORNA PARA SAUDAR CABO VERDE”.
Carlos Veiga, que eu acompanhei na livre campanha eleitoral de 1991 à
frente do MpD, foi o intérprete de uma das «mornas»
mais decisivas para o novo «rosto» do país após 15 anos de partido único.
Em termos pessoais e a longo prazo,
certamente não terá atingido todos os objetivos que norteiam a ambição de um
homem político. Mas a sua ação à frente do MpD, que o conduziu ao cargo de 1º
Ministro em dois mandatos, constituiu seguramente um ponto de rutura com o
passado elevando as Ilhas Atlânticas a um novo patamar de afirmação no contexto
africano. (…)»
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