2025-11-12

VAMOS DAR UMA VOLTA AO PARAÍSO...A CONVITE DE ANDRÉ FREIRE.
 André Freire voltou. E voltou, como sempre, depois de andar por aí. 
DIA 14, PELAS 18.30, CÂMARA MUNICIPAL DE LAMEGO



André Freire, médico e escritor, humor debaixo da língua nos tons mais diversos e uma conjugação de palavras marcada pela melodia mais suave e mais cativante, está de volta aos escaparates da grande literatura. 


E traz-nos alguns pedaços do Paraíso – não só o seu paraíso, mas também o de muitos amigos que foi criando ao longo da vida, quer no Brasil, quer aqui em Portugal. Direi mesmo que essa capacidade é inata em André Freire.    




E eu, que tive a honra e felicidade de prefaciar este novo livro – provavelmente imerecidas – cheguei à conclusão de que a tarefa de catalogar emoções não é fácil. 




Entrar na mente do autor e sugerir ou concluir a razão da memória, por vezes eivada de um humor sarcástico e de uma forte crítica sócio política, é sempre arriscado. 
 


          Em qualquer caso, para responder a uma pergunta marcante no Brasil do início do século XX, quando se viajava para a cidade doente do Rio de Janeiro - direi agora que, felizmente, André Freire voltou. E voltou, como sempre, depois de andar por aí. 



          Saravá André. Até dia 14 em Lamego. Desejo um final de tarde marcante, aí no Salão Nobre da Câmara Municipal. 



Ao abordar a «intimidade» das histórias, despindo-se perante os leitores, o Autor recorre a uma linguagem aberta, sem sofismas, e – ao emocionar-se e maravilhar-se – é capaz de nos transmitir, sem esforço, todos os sentimentos que o invadem ao atualizar e ao chamar à «boca de cena» vivências de um tempo longe, no Brasil, e de momentos mais recentes em Portugal. 


12 Nov. 2025.

António Bondoso









2025-11-08


ANTÓNIO CORREIA – HOMEM DE LEIS E CONHECEDOR DO MUNDO (Resende, Lisboa, Angola, Macau, Madeira e Brasil) FOI POETA POR SENSIBILIDADE E LIBERDADE.

 

Três anos depois do seu passamento, muitos amigos considerados na sua «geografia sentimental e de vida» vão hoje prestar-lhe mais uma homenagem merecida. Em Lisboa. 




Quando cheguei a Macau, António Correia era advogado, político

(membro do Conselho Consultivo do Governo e em 1992 deputado à

Assembleia Legislativa) e possuía belos «Fragmentos» de Poesia. Por isso,

pela Poesia, foi um dos meus convidados para dizer e gravar alguns dos

seus poemas, transmitidos posteriormente em horário nobre, logo a seguir

aos principais noticiários do dia. E, a meu convite, embarcou também, em

1995, no processo de uma campanha eleitoral vista aos olhos de Eça e

Ramalho, por meio de muitas «farpas» publicadas em UMA CAMPANHA

ALEGRE – uma adaptação minha de alguns excertos e aos quais António

Correia deu voz.

Autor de uma vasta obra de Poesia e de reflexão, com alguns livros

traduzidos em língua inglesa e em Chinês, António Correia foi um

incansável lutador pelas liberdades.




Volto a recordo talvez o seu último poema (pelo menos um dos últimos)

publicado no dia 5 de Junho na sua página do «facebook» e datado da que

chamava a sua “Casa da Poesia”, em Resende:

Já amadura o trigo

e eu sonho que vou,

que vou contigo,

caminhando,

de mão na mão,

pelos caminhos

onde medra o pão.

E eis senão quando

gorjeios de passarinhos

embalam os odores

silvestres das flores

que ninguém semeou.

Brancas, rubras, amarelas,

lilases também; todas elas

formam pequenos sóis

de um diadema

que coloco em teu cabelo

com o desvelo

de te saber poema

de castos girassóis.

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               António Correia                

Casa da Poesia

5/6/2022




Em 2012, por ocasião de um evento para apresentar na Livraria Lello, no Porto, o meu livro O PODER E O POEMA, tive a honra de contar com a sua presença e com a sua participação o que, sem dúvida, abrilhantou a sessão. Honra minha.Tenho registo desse momento em vídeo:

https://youtu.be/3_p_gLbDR0kAntónio Correia diz poema de Ant. Bondoso


OBRIGADO ANTÓNIO CORREIA POR ME TER CONSIDERADO. Hoje, é tempo de lhe oferecer mais estas palavras de ou com algum sentido poético:

 

António Correia não era sintético.

Escrevia Fragmentos mas era profundo.

 

Macau foi para ele um porto seguro

E o Brasil… a Viagem.

 

No Douro…encostou a cabeça

E lia nas águas do rio as palavras da casa

Que foi berço e poesia

Refúgio construído na escarpa onde havia

Poemas pendurados em cada ramo de vida.

 

De Resende partiu e pelo mundo

Navegou e se afirmou em cada etapa:

Primeiro a banca em Angola

Que o levaria a Macau exótica e distante

Sempre em busca de sonhados horizontes.

 

Por fim Lisboa… que foi o nervo e o centro

De todo o pensamento esclarecido, humanista e solidário

E de valiosos projetos na Madeira e na Fortaleza tropical,

Mesmo quando a força física caminhava cansada e débil

Nas vielas da esperança e de um fado tradicional.

 

A todas as raízes voltou em plena Liberdade

Nas asas de todos os ventos que se cruzam

para repouso antecipado da matéria que somos.

E assim espalhou memória viva totalmente merecida

Oferecendo sempre essa ideia de uma perfeita e inteira saudade.

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António Bondoso

Novembro de 2025.