2016-07-09


ANTES QUE SEJA TARDE...OU COMO VALORIZAR O QUE JÁ GANHÁMOS NESTE EUROPEU DE FUTEBOL

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ANTES QUE SEJA TARDE.

Aconteça seja o que for no jogo da final do Euro, em Paris, Portugal e os portugueses já ganharam muito neste verão de 2016. Para além do orgulho de participar num momento decisivo – neste caso a ver com o futebol – os selecionados, pelo seu comportamento vitorioso [mesmo reconhecendo que o futebol praticado não foi espetacular], deram a conhecer ao país uma diáspora ímpar. Particularmente a de França…mas não só. Permitiram, por outro lado, ficarmos a conhecer manifestações de carinho e de apoio um pouco por todo o espaço lusófono, não podendo esquecer as imagens que nos chegaram de Timor-Leste. É caso para ter a autoestima em alta. E a Fé. E a Esperança. E a Crença. Um ganho acrescido, tendo particularmente em atenção as angústias, as frustrações, o desespero, o desânimo, as humilhações a que temos vindo a ser sujeitos nos últimos anos.
Por isso, devemos assistir ao jogo com a máxima tranquilidade – independentemente de não abdicarmos da nossa tradicional energia latina – aceitando o resultado, qualquer que ele seja, e sem pretender ter a tentação de responder às provocações de alguns atávicos, incultos e chauvinistas de outros países, pois esses ataques não têm tido origem apenas na França. Deve prevalecer a nossa matriz multicultural que, sobretudo hoje, nos coloca numa elevada consideração em todo o mundo. E depois, há que ter sempre presente que o futebol não é uma ciência exata, existindo uma série de imponderáveis que conduzem a um de três resultados possíveis. Portanto, sabendo e aceitando as condicionantes do fenómeno, devemos manifestar serenidade, cordialidade e respeito, independentemente de não dispensarmos os gritos de apoio aos jogadores portugueses ou o nosso protesto sobre uma decisão do árbitro. E creio mesmo que devemos até festejar o simples facto de termos participado na final do torneio.
Escrevo isto, antes que seja tarde.
Sem pretender calar a euforia e a alegria que envolvem uma final [confesso não ter qualquer bandeira pendurada na janela, pois o meu apoio vai muito para além disso], quero apenas significar que, a esse estado de alma, não poderá seguir-se a desilusão, não poderemos entrar em depressão se o resultado for negativo. Tem acontecido inúmeras vezes, é certo. A verificar-se de novo, não será a última seguramente. Por isso, e antes que seja tarde, mantenhamos a autoestima em alta. Independentemente do resultado do jogo, independentemente da saída do Reino Unido da UE, independentemente de haver sanções dessa mesma UE ao nosso país. A construção da UE tem sido referida como um exemplo no concerto das nações, mas seguramente não é esse o sentimento que hoje prevalece no relacionamento entre os dirigentes tecnocratas de Bruxelas e os povos dos Estados-Membros.
Antes que seja tarde – força Portugal!
Antes que seja tarde – viva Portugal!
Já ganhámos muito. Ainda temos muito para ganhar!
António Bondoso

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António Bondoso
Jornalista
Julho de 2016.

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