2016-07-17

S. TOMÉ E PRÍNCIPE EM DIA DE ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

É meu uso e costume acompanhar – ou pelo menos prestar alguma atenção – ao que se passa em S. Tomé e Príncipe. Desde sempre e por motivos diversos…e os amigos mais chegados sabem bem do que eu estou a falar. Apesar da distância, embora esse fator possa condicionar alguns pontos de vista. 


Não me movem questões partidárias, como é evidente. Mas a Política, enquanto parte essencial das movimentações sociais, económicas e culturais, é um tema a que não posso fugir.
Apesar de falar com amigos afetos aos mais diversos quadrantes, apesar de ler e tentar perceber o que vai passando nas redes sociais, tenho por feitio abordar qualquer temática por um prisma que envolva as pessoas e a cultura.
A São Lima, que eu conheci como jovem e perspicaz jornalista e que rápida mas seguramente caminhou para o patamar de uma grande senhora das letras, distinguindo-se como Poetisa, desafiou em tempos os conterrâneos a ousar despedir o estigma do medo e dos preconceitos que ameaçam tolher-nos as asas e a repensar no nosso modo de olhar e de nos olharmos, sem jamais nos renegarmos, porque somos. Quanto mais cedo os são-tomenses forem por aí, melhor. Mas o caso é que tudo vai caminhando devagar, devagarinho. Há muita impaciência, claro, e isso nota-se no dia a dia.
Outro companheiro de profissão e homem da cultura igualmente é o Frederico Gustavo dos Anjos. Muitas vezes tem sido ele a esclarecer-me sobre os olhares que vão condicionando a perceção sobre o que se passa no país. E agora, mais uma vez, não foi exceção. Coloquei-lhe algumas breves questões e ele, apesar da desilusão que o consome, não se furtou a responder:
***** Na tua opinião, o que se poderá considerar verdadeiramente como NOVIDADE nestas eleições Presidenciais (para além do facto de haver uma mulher candidata e da recandidatura de Pinto da Costa)? 
FGA ==== Opinião muito íntima:
1- A campanha começou há muito tempo; com órgãos de comunicação social "intimidados" ao serviço da propaganda do Governo e do partido que o sustenta; com a administração pública "amedrontada" por ameaças de despedimento.
2- Sobre os acontecimentos dos últimos 15 dias: tudo em torno da necessidade de estabilidade. Mas para o ADI só haverá estabilidade com o seu candidato porque os outros seriam ameaça à continuação do actual Governo. (Se entendes isso seria a "novidade").

***** Uma Campanha pode ser ESCLARECEDORA com ausência de debates?
Nenhuma Instituição "independente" (como a Universidade Lusíada, por 
ex), foi capaz de promover um debate?
A ausência da Rádio e da TV (Públicas) ter-se-á devido apenas à falta de 
meios operacionais? Ou não houve vontade e capacidade?
FGA ====
3- De resto fomos assistindo na comunicação social ao cortejo de realizações (?) do Governo que supostamente precisam ter continuidade. (Nesse quadro não lhes interessava que houvesse qualquer debate).
***** Houve sondagens regulares? Ou apenas se pôde ver a mobilização de rua nos comícios? E houve "ELEVAÇÃO" no discurso político?
FGA ====
4-O candidato do ADI ficou ofuscado ao longo de toda a campanha pela presença do Chefe do Governo que se comportou como se fosse ele o candidato. (Pessoalmente não esperava outro espectáculo!).

*****O que pode esperar o país destas eleições? Mais INSTABILIDADE? 
FGA ====
5-Os que querem o poder a qualquer preço andam a investir muito dinheiro (segundo consta!) e a fazer muitas promessas
.6-Pessoalmente não votaria neles sob nenhuma condição!
7-Esperemos para ver o que acontece no domingo.

***** Vamos esperar para ver. Sem medos, sem preconceitos, sem estigmas. E que a escolha seja livre! E possa fazer sentido no que respeita ao futuro. Já não faltam muitas horas para sabermos. Um bom domingo para todos os são-tomenses, em democracia!
António Bondoso
Jornalista
17 de Julho de 2016.  

Safú
E enquanto não sabemos o resultado da votação, é muito natural que haja um certo impasse. Por isso vos revelo hoje um poema inédito:

IMPASSE SUBTIL….

Se adormeço
Não estou vivo
Se apareço
Não consigo
Decidir se vale a pena
Permanecer neste impasse.

E com tanta indecisão
Voltamos sempre ao começo:
Eu sou, estou mas não quero
Sonhar sonhos impossíveis
E nem sequer reconheço
Que tudo seria simples
Por muito que me custasse.

Pareço estar entorpecido
Subtilmente adormecido.
==== António Bondoso
Maio 2015. 


Fruta-pão 
António Bondoso
Jornalista

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