2016-11-14

EM MEMÓRIA DE MIGUEL VEIGA...

MIGUEL VEIGA…da Beira Alta ao Porto – onde nasceu há 80 anos! E não se nasce impunemente no Porto, dizia. 

MIGUEL VEIGA partiu hoje, avisadamente, pois que ainda há doenças que derrubam lentamente – até mesmo um portuense dos 4 costados com raízes beirãs. Escreveu Miguel Veiga: vim nascer ao Porto, rebento único de minha Mãe, francesa, parisiense de gema, e de meu Pai, beirão dos quatro costados, de Moimenta da Beira, das cercanias das terras do Demo.
         Advogado portuense de prestígio, Miguel Veiga foi um dos fundadores do PPD, mas a questão ideológica nunca determinou em exclusivo as suas amizades. Com Mário Soares, por exemplo, no combate pelas liberdades conquistadas em Abril de 74.
         Miguel Veiga, que escreveu com rara beleza sobre o Porto em UM ADVOGADO EM REDOR DAS LETRAS…(ASA, 2002), escreveu igualmente um dos textos mais brilhantes sobre Aquilino Ribeiro (me desculpem outros ilustres Aquilinianos) a propósito daquele que considerou como “um dos maiores livros de ficção que em Português se fizeram do mesmo passo que escrevia sobre o Minho como mais ninguém” – A Casa Grande de Romarigães.
         Das suas – e minhas – raízes beirãs (o pai Luiz Veiga era natural de Moimenta da Beira) falávamos de vez em quando, na RDP ou quando se dirigia ao Clube Portuense, ali na Rua Cândido dos Reis, ocasionalmente na Casa da Beira Alta. E vinham à conversa memórias sobre o Solar de Penso, as tias que depois foram para o Brasil ou as férias na infância com o primo Luís Veiga Leitão – poeta maior do século XX português – ou ainda do afastado parentesco que nos unia, pois a minha bisavó (Luísa Veiga) pertencia a um dos ramos da sua linhagem beirã.  


        Varão ilustre e beirão dos quatro costados – como ele generosamente me chamava – nunca é demais repetir a estima e a admiração que nutria por este causídico brilhante, portuense ímpar no combate pelas liberdades, dono de uma belíssima e elegante oratória. Grato pela estima, até sempre Miguel Veiga. 


António Bondoso
Jornalista



1 comentário:

Cristina Martins disse...

Que bela e bonita evocação. Abraço solidário porque perder um Amigo, dói.