2018-04-29

25 DE ABRIL 2018 – CRONOLOGIA
Já não bastavam as imagens do interrogatório a José Sócrates…apareceu agora em Macedo de Cavaleiros uma lista com nomes de devedores pelo consumo de água da rede pública. 



25 DE ABRIL 2018 – CRONOLOGIA
Já não bastavam as imagens do interrogatório a José Sócrates…apareceu agora em Macedo de Cavaleiros uma lista com nomes de devedores pelo consumo de água da rede pública. Penso não ser caso único ou pelo menos novidade esta história contada pelo JN. O golpe e a revolução de 1974 acabaram com a censura, mas 44 anos depois não deixa de ser censurável o abuso – ainda que rotulado desse vago e por vezes indecifrável “interesse público” – com que alguns avençados nos média exercem o que era suposto ser «jornalismo de investigação». O interesse deste desiderato está precisamente no facto de serem os jornalistas a conseguir «descobrir» os casos e não esperar que, por um milagroso expediente de tráfico de influências, lhes caia no computador um DVD com gravações que só à Justiça deviam dizer respeito. A investigação judiciária fez o seu trabalho, bem ou mal, acusou e agora seria altura de esperar pelo julgamento. Estará a «acusação do MP», por deficiência, necessitada de aproveitar a mais que certa condenação na praça pública?
Deontologicamente, e apesar de o respetivo Código ter sido ligeiramente alterado há pouco, é certo que «o jornalista deve combater a censura e o sensacionalismo»… sendo igualmente verdade que «o jornalista deve salvaguardar a presunção de inocência dos arguidos até a sentença transitar em julgado», tal como «deve utilizar meios legais para obter informações, imagens ou documentos, e proibir-se de abusar da boa-fé de quem que seja».  
Contudo, para além de tudo isto, há a verdade da sobrevivência, da subserviência, do protagonismo ou simplesmente a tentação vaidosa de dar corpo à ideia de um quarto ou quinto poderes que – manifestamente – o jornalismo não deve ser. O essencial da função é, pelo contrário, ser um contrapoder. É aí que reside a força do jornalismo. 


Quanto ao caso da lista dos devedores de consumo de água em Macedo de Cavaleiros, sendo condenável a «fuga de informação», sabe-se lá a troco de quê, não deixa de ser verdade que a Câmara parece não ter força para aplicar a lei. Quem deve é obrigado a pagar. Não cumprindo o requisito, fica sem água. Independentemente de podermos neste caso não duvidar do interesse público, até pela equidade/igualdade de tratamento dos cidadãos, não deixa de ser questionável o benefício da “fuga de informação”.  



Por outro lado, foi interessante saber que o futebol também foi na revolução, sendo normal que a tristeza de uns possa proporcionar a alegria de outros. Se as tecnologias (leia-se a má/deficiente aplicação das mesmas, como é o caso do VAR) não matarem o futebol, é muito bom saber que as surpresas podem acontecer. Sempre ouvi dizer que a bola é redonda e são 11 de cada lado – a não ser que os árbitros desequilibrem a «balança» ou «inclinem o campo» como acontece amiúde – tal como se deve atender ao fator sorte nada despiciendo. O futebol é mágico, já dizia Desmond Morris.


António Bondoso
Jornalista
28 de Abril 2018



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