2019-08-13

ALVITE E A GENTE DA NAVE…
…ou a grandeza da História...na simplicidade da Memória! 

A dança e os cantares depois da malhada

         Uma vida dura, comprovada também pela agrura dos caminhos de fuga de Aquilino Ribeiro, tem vindo a marcar – geração após geração – o modo de vida dos Alvitanos, sempre na aventura da descoberta de novos mundos. E foram sobretudo pelo comércio, tendo em conta as dificuldades apresentadas pelo clima à agricultura tradicional da região duriense, paredes meias com o norte beirão. O Planalto da Nave é frio e árido permitindo, contudo, o cultivo do milho, do centeio, da batata para semente e a criação de gado. 

A pesagem do cereal na Feira de Tradições

         Tendo recebido nome ainda antes da nacionalidade, Alvite – que manteve ligações profundas a S. João de Tarouca – é hoje uma vila que integra o concelho de Moimenta da Beira, fazendo gala da sua força de trabalho, do seu empreendedorismo. A sua cultura foi sendo «amassada» ao longo de séculos, resistindo ainda um artesanato variado entre cestos e socos serranos, capotes e capuchos de burel, meias de lã, colchas e mantas de retalho.  

                                                       Capucha de Burel

         É todo este património dos saberes antigos que a Associação de Promoção Social

 de Alvite «Gente da Nave» procura preservar há mais de duas décadas. Existe uma

 «Casa Museu», claro, à dimensão da simplicidade dos costumes da terra, o que leva

 Modesta Silva, que ainda a dirige, a frisar que não há casas brasonadas em Alvite mas 

sim as pessoas. 

O célebre «livro de fiados» dos antepassados de Modesta Silva
Casa Museu

É para elas que o esforço tem sido encaminhado, aproveitando-se a animação de rua. Numa praça central renovada, o Largo da Tulha, e aproveitando a movimentação das festas em honra de Nossa Senhora das Queimas, a «Gente da Nave» tem vindo a promover a Feira de Tradições. Ora dedicada ao «Ciclo da Lã na Nave», ora ao «Ciclo do Milho» e, como foi o caso deste ano, ao «Ciclo do Centeio». Diz Modesta Silva que é simultaneamente uma homenagem aos agricultores do Planalto e uma atitude de consciencializar as novas gerações para a manutenção da identidade do povo. 

Casa Museu Gente da Nave

ALVITE E A GENTE DA NAVE…
…ou a grandeza da História...na simplicidade da Memória!

António Bondoso (Com fotos de Maria do Amparo Bondoso)
Jornalista
Agosto de 2019. 




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