2020-03-21

Há pessoas que são poemas…ou de como devemos fazer por merecer as amizades que nos trazem alegrias nesta caminhada. Hoje quero recordar os vivos ZEAL Berto Rodrigues e José Brites Marques Inácio, e outros dois que acabam de nos deixar fisicamente: a Zélia Filipe e o Pedro Barroso.


No dia da Poesia, que também é da Árvore – e porque elas morrem de pé – quero lembrar dois nomes que me ficarão na memória. A Zélia Filipe, que passou por mim velozmente e por meio de uma ligação familiar próxima. Semeava vida, transpirava disponibilidade e escrevia com traço fino. Em «Um Mar Chamado Maio» plantou:-“ E quando uma gota da tua pele inundava a minha, Maio tremia e jurava esquecer-te de novo. (…) Escreve um poema na minha mão, pediste-me um dia (…)”. Celebraria hoje sessenta e uma primaveras e talvez não tenha tido tempo de escrever o poema na mão de quem lhe pediu.
E o Pedro Barroso, que teve igualmente pressa de partir, não sem antes me oferecer a sua amizade (pelo que estou grato à Zé Praça) e me ter dado a oportunidade de partilhar ideais, aceitando comentar o meu «O Poder e o Poema»: - “Este livro não é apenas um livro de poesia, é sobretudo um livro/ensaio sobre as odes à revolta que foram surgindo ao longo da história”. No dia em que disse estas palavras, na CISTP – Casa Internacional de S. Tomé e Príncipe, em Lisboa – o Pedro recebeu um quadro pintado pela minha prima Tita, sua admiradora incondicional. Mas o Pedro teve pressa de partir. Não deixa um vazio pois a sua generosidade foi imensa, perfeitamente capaz de preencher o espaço:

AO PEDRO BARROSO
Tiveste pressa de partir
Pedro.
Mas partiste a cantar…
De coração cheio de cantigas ao vento
De poemas puros e doces
E de palavras poderosas e perfeitas
Choradas, trabalhadas e sentidas.
A tua memória feliz…
Será sempre uma melodia
Celebrada em pensamento!

Neste Dia da Poesia, quero ainda deixar um abraço grato a dois outros poetas, vivos. Ao José Brites Marques Inácio, que me canta – científica e calorosamente – as belezas da vida e do Douro, quer no Porto, quer em Resende, e me tem brindado com a sua amizade e disponibilidade. Nem de propósito, José Brites tanto nos diz que «Pluviosa/ a natureza/
como teus lábios/
, como Marques Inácio escreve que «Da espuma dos dias surtirão entre manitas salpicos e rochas densas de amor alapado, octópodes animados em praias de peixes voadores, canoas alagadas e sol calmo. Por fim».
         A outra figura é o ZEAL Berto Rodrigues, que vai resistindo às contradições da vida deste mundo. Beirão de Viseu, amante da liberdade e das amizades que foi consolidando, o ZEAL persiste, aceita – quantas vezes apesar da revolta – os caminhos cruzados e espinhosos da viagem que foi confiada a cada um de nós. Tal como José Brites Marques Inácio (há poucos meses), também ZEAL foi um dia a Moimenta da Beira para estar e participar na apresentação de um livro meu. Em 2014, quando publiquei com as Edições Esgotadas «O RECOMEÇO», o trovador recuou ao «Poder e o Poema» para me brindar com o poema musicado que agora vos deixo: https://youtu.be/x6J5Eiq_GGU
Ant. Bondoso
21 de Março de 2020.




1 comentário:

jrtrovadorzeal disse...

Grato poeta amigo. Bons momentos nossos em poesia e baladas que não esqueço. abraço