2025-11-08


ANTÓNIO CORREIA – HOMEM DE LEIS E CONHECEDOR DO MUNDO (Resende, Lisboa, Angola, Macau, Madeira e Brasil) FOI POETA POR SENSIBILIDADE E LIBERDADE.

 

Três anos depois do seu passamento, muitos amigos considerados na sua «geografia sentimental e de vida» vão hoje prestar-lhe mais uma homenagem merecida. Em Lisboa. 




Quando cheguei a Macau, António Correia era advogado, político

(membro do Conselho Consultivo do Governo e em 1992 deputado à

Assembleia Legislativa) e possuía belos «Fragmentos» de Poesia. Por isso,

pela Poesia, foi um dos meus convidados para dizer e gravar alguns dos

seus poemas, transmitidos posteriormente em horário nobre, logo a seguir

aos principais noticiários do dia. E, a meu convite, embarcou também, em

1995, no processo de uma campanha eleitoral vista aos olhos de Eça e

Ramalho, por meio de muitas «farpas» publicadas em UMA CAMPANHA

ALEGRE – uma adaptação minha de alguns excertos e aos quais António

Correia deu voz.

Autor de uma vasta obra de Poesia e de reflexão, com alguns livros

traduzidos em língua inglesa e em Chinês, António Correia foi um

incansável lutador pelas liberdades.




Volto a recordo talvez o seu último poema (pelo menos um dos últimos)

publicado no dia 5 de Junho na sua página do «facebook» e datado da que

chamava a sua “Casa da Poesia”, em Resende:

Já amadura o trigo

e eu sonho que vou,

que vou contigo,

caminhando,

de mão na mão,

pelos caminhos

onde medra o pão.

E eis senão quando

gorjeios de passarinhos

embalam os odores

silvestres das flores

que ninguém semeou.

Brancas, rubras, amarelas,

lilases também; todas elas

formam pequenos sóis

de um diadema

que coloco em teu cabelo

com o desvelo

de te saber poema

de castos girassóis.

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               António Correia                

Casa da Poesia

5/6/2022




Em 2012, por ocasião de um evento para apresentar na Livraria Lello, no Porto, o meu livro O PODER E O POEMA, tive a honra de contar com a sua presença e com a sua participação o que, sem dúvida, abrilhantou a sessão. Honra minha.Tenho registo desse momento em vídeo:

https://youtu.be/3_p_gLbDR0kAntónio Correia diz poema de Ant. Bondoso


OBRIGADO ANTÓNIO CORREIA POR ME TER CONSIDERADO. Hoje, é tempo de lhe oferecer mais estas palavras de ou com algum sentido poético:

 

António Correia não era sintético.

Escrevia Fragmentos mas era profundo.

 

Macau foi para ele um porto seguro

E o Brasil… a Viagem.

 

No Douro…encostou a cabeça

E lia nas águas do rio as palavras da casa

Que foi berço e poesia

Refúgio construído na escarpa onde havia

Poemas pendurados em cada ramo de vida.

 

De Resende partiu e pelo mundo

Navegou e se afirmou em cada etapa:

Primeiro a banca em Angola

Que o levaria a Macau exótica e distante

Sempre em busca de sonhados horizontes.

 

Por fim Lisboa… que foi o nervo e o centro

De todo o pensamento esclarecido, humanista e solidário

E de valiosos projetos na Madeira e na Fortaleza tropical,

Mesmo quando a força física caminhava cansada e débil

Nas vielas da esperança e de um fado tradicional.

 

A todas as raízes voltou em plena Liberdade

Nas asas de todos os ventos que se cruzam

para repouso antecipado da matéria que somos.

E assim espalhou memória viva totalmente merecida

Oferecendo sempre essa ideia de uma perfeita e inteira saudade.

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António Bondoso

Novembro de 2025. 

























 

1 comentário:

Anónimo disse...

Bonita, poética e justíssima homenagem de outro poeta como é António Bondoso.