2010-05-11

À VOLTA DE MIM E DO MUNDO !



MOIMENTA E A REPÚBLICA!

CELEBRAR O CENTENÁRIO – AFIRMAR O IDEÁRIO!

Apesar da crise, grave (mais uma!), que o nosso país atravessa, não há motivos para desesperar dos ideiais republicanos, para descrer da democracia, para condenar a liberdade!

É preciso moralizar a vida pública, sem dúvida, mas sem demagogia, sem falsos moralismos.

Sete séculos de monarquia conduziram a resultados bem piores!

Determinação, persitência, capacidade, eficácia, eficiência, honestidade, cultura, – excelentes condimentos para fortalecer os objectivos e a acção. Partindo sempre do princípio de que “uns” não são os donos da certeza e da verdade e os “outros” os suspeitos habituais.

Tudo isto vale para a vida pública nacional, como para a realidade de uma qualquer comunidade do país – independentemente do rótulo ou do grau de importância que habitualmente se lhes procura atribuir.

A mim, apraz-me registar que Moimenta esteja no “mapa” das comemorações do centenário da República! Não por “decreto” – sobretudo pela iniciativa do que pode designar-se por “bases”, pelas próprias populações que decidem não esperar pela junta de freguesia, pelo executivo camarário ou pelas muitas direcções-gerais dos muitos ministérios que alimentamos.

Foi o caso de Leomil, da sua Casa do Povo.

Apesar dos lamentos (deslocados) emitidos pelo Presidente da Junta, publica e oficialmente durante os dicursos institucionais, foi uma sessão rica e enriquecedora para quem a presenciou.

Não estivéssemos na primeira década do século XXI e poderia até dizer que assistimos a uma das célebres Conferências do Casino” – felizmente agora sem o risco de sermos travados por um edital régio a proibir a iniciativa.

Pretendendo não ser maçador no relato do que ouvi, vou tentar transmitir o máximo de informação possível – dividindo a leitura em duas partes. Nesta primeira, vou ocupar-me da metade mais institucional, mais oficial – mais do poder, em suma.

E sem demora recordando o episódio do Presidente da Junta de Freguesia de Leomil. Conhecidas que são as divergências entre ele e o Presidente da Casa do Povo (este – um autêntico veterano na corrida ao poder que ainda não logrou alcançar), parece ter sido despropositado o lamento pela ausência da Junta na organização do evento. Admitindo que a direcção da Casa do Povo talvez devesse ter envolvido a Junta – o facto é que, na minha perspectiva, as ideias e os projectos não devem ser necessariamente “oficiais”. O que não invalida o diálogo.

A Casa do Povo antecipou-se?... ou a Junta de Freguesia atrasou-se?

Sem cuidar de saber quem fez o quê em primeiro lugar, foi interessante verificar a humildade com que o Presidente do Executivo Camarário lembrou ter aproveitado a “boleia” dos promotores da iniciativa. E decidiu que a Câmara não só se devia associar como, sobretudo, nela participar. E fazer daquela sessão a primeira iniciativa das comemorações do centenário da República no concelho.

E José Eduardo Ferreira, com esta intervenção, acabou por abrir as portas ao seu entendimento da função cultural. Do Executivo ou de qualquer outra instituição. A aposta na Cultura deve ser bem compreendida e apoiada. E nos próximos anos – disse – há-de ser uma “Bandeira” do Município! Associar a cultura à economia, como por exemplo aproveitar o símbolo e o significado da figura e obra de Aquilino Ribeiro.

O Mestre (as suas ideias – a sua prática) foi, de resto, figura central da sessão em Leomil. Ao seu exemplo de republicano se referiu Alcides Sarmento, Presidente da Assembleia Municipal, e o Governador Civil de Viseu. Miguel Ginestal lembrou Aquilino – republicano mesmo antes da implantação da República – e mostrou entusiasmo pelo que chamou de afirmação das Terras do Demo, baseado nas promessas de entendimento entre os concelhos de Moimenta, Sernancelhe e Vila Nova de Paiva para a dinamização da Fundação Aquilino Ribeiro. Melhor – afirmou – para a sua “refundação”! Não só preservar, mas PROMOVER o legado.

Não perder a memória, preservar a identidade – lembrou D. António José Rafael, Moimentense e Bispo Emérito de Bragança a residir agora em Lamego. Sem identidade, qual o sentido da vida? – interrogou D.Rafael, a quem a História sempre impressionou. Por isso, disse em atitude pedagógica, um sacerdote deve estudar e conhecer a sua paróquia. Cada uma tem a sua identidade própria.

É desse conjunto de “identidades” que se forma a identidade nacional – esse conceito tão complexo quão difícil de definir. Mas que o Professor Adriano Moreira tentou enquadrar neste momento Europeu, independentemente de saber se foi a Nação que deu origem ao Estado ou se o inverso. Entendendo que em Portugal a regra foi o Estado a preceder a Nação, Adriano Moreira afirma, “No panorama europeu do terceiro milénio, este modelo de Estado-Nação, que também emigrou para os territórios colonizados como ideologia, tem desafios vários: por exemplo, está concretizado em Portugal, está ainda frágil em Espanha, não se tornou efectivo no Reino Unido ou na Bélgica, e tem agora as lembradas condicionantes do multiculturalismo crescente, da crise das soberanias, da formação dos grandes espaços políticos como a União Europeia, tudo a multiplicar os desafios identitários e a tornar complexo o tecido das suas relações internas, articulado com o globalismo abrangente”.

São estes desafios do nosso Estado-Nação igualmente desafios da III República.

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