2010-10-19

À VOLTA DE MIM E DO MUNDO !


CINCO ANOS DEPOIS...



ANTES DO TEMPO !

Foram dias foram anos

Em cada minuto de trinta

Uma vida sempre cheia

A começar do vazio

Uma casa muita gente

Pessoas de muitos tempos.

Chegaram e não ficaram

Partiram de modos diferentes

Fui chegando e aqui voltando

Não sei se quatro se três

As vezes que me chamaram

P’ra começar outras frentes

Batalhas que fui travando

Cada vida em sua vez.

Não foi uma guerra perdida

Nem a morte anunciada

Silêncios de fracos espíritos

Que se escondem na penumbra

Não derrubam coisa alguma.

São fantasmas, camaleões

De um novo tempo sem ética

Maquiavel alma ferida

Contradiz, pena gelada

O que pensam serem méritos

De razão que não deslumbra.

Conhecidas uma a uma

Todas elas ilusões,

Nenhuma resiste sem métrica

Esfumam-se num lago seco

De lágrimas de crocodilo,

Arestas pontiagudas

Secas, finas e brilhantes

Ponteiros de um tempo novo

Mágico, sem viajantes.

E perdidas no labirinto

Dos poderes que estão em jogo

São almas não são amantes

Já não lhes sobram paixões

De escrever ou de rezar.

Já não sabem se o que sinto

É um dom que ateia o fogo

Ou então como era dantes

Correr atrás dos balões

Subiam subiam sempre

Vazios mesmo com ar.

Quem me dera ser Aleixo, Régio, o grande Bocage

Ser vate de muitos génios

Para dizer o que sinto neste adeus antes do tempo.

Mas nem sequer sou rimador

De tanta expressão com dor

Que é partir mais uma vez

E o regressar nem talvez

Agora que se fabricam jornalistas numa linha.

Coisa de muitos mistérios

Prece de computador

Sinais precoces da lage

Onde restará o tempo

Coração de pouca mágoa que sempre me acarinha !

Uma casa muita gente

Pessoas de muitos tempos

De todos guardo lembrança

De menos ou mais talento

E no altar da amizade

Há santos e pecadores.

A uns venero de agrado e aos outros estendo a mão

Mas não pretendo ser santo ou perder o coração

Traído pela memória de alguns que bem lamento.

São riscos de um mundo quente

Em permanente mudança

Ora pouco solidário ora perdendo valores,

Mas não sei mais que dizer-vos

Neste círculo de amizade

Quem me dera ser Aleixo, Régio, o grande Bocage

Ser vate de muitos génios

Para dizer o que sinto neste adeus antes do tempo !

Porto, Abril de 2005

António Bondoso



1 comentário:

Unknown disse...

"...Uma casa muita gente
Pessoas de muitos tempos
De todos guardo lembrança
De menos ou mais talento
E no altar da amizade
Há santos e pecadores.(...)"

... um grande e bom 'desabafo', meu caro camarada e amigo Bond !*
A grande memória da Rádio, em ti prevalece ! *

... quem me dera ser Pessoa
sentindo o sentido sentido *

Abração