2013-02-01


QUAL É O DRAMA ?

a MINHA CRÓNICA DE HOJE NO "JORNAL BEIRÃO" - Moimenta da Beira.
(escrita na 4ªfeira)






A TÁTICA DO QUADRADO...
...QUAL É O DRAMA?

          Foi o ainda líder do PS a lançar a frase que virou “moda”: Qual é a Pressa? Mas fê-lo sem convicção – ou muito pouca – numa altura em que já patinava no gelo escorregadio do combate partidário, com algumas celebridades obrigadas a mexer-se e a mostrar-se face à  inércia da direcção do partido no que respeita aos assuntos da governação. António José Seguro mostrou mesmo alguma inépcia – alguns dirão ingenuidade – na marcação cerrada que se exigia, quer perante a perspetiva da demagógica ida aos mercados, quer perante a novela Relvas/RTP, quer ainda em relação à eternamente preocupante situação social: falências, insolvências, desemprego, economia paralisada.
          O ainda líder do PS deixou-se mesmo ultrapassar por um PSD de pés e mãos atadas, quando o foco da comunicação social se passou para a “invenção” do que seria ou se pretendia fosse o início do “debate” sobre a reforma do Estado, esquecendo praticamente o esforço que a direcção socialista havia desenvolvido e continua a desenvolver com o seu interessante “laboratório de ideias”. Não se trata apenas de falta de equipa, nomeadamente na comunicação, tem faltado seguramente uma verdadeira liderança! Sobretudo numa altura em que se exigia uma presença forte e com “pressa” junto dos cidadãos.
          Os portugueses ainda hoje não sabem as ideias que vão circulando nesse debate permanente, onde pontificam personalidades como Alfredo Bruto da Costa, Maria João Rodrigues ou João Ferreira do Amaral. O “espaço público”, de tão pobre e repetitivo, precisa de “sangue novo” e numa injeção permanente.
          Qual é a pressa...António José Seguro? A pressa é determinada pela falta de tempo dos portugueses. A gravidade da situação das pessoas é de tal monta, que o tempo é escasso! E muitos reagem...também – e muito naturalmente – no interior dos partidos! Não há águas calmas na política. A exigência é de tensão e de atenção permanentes! Bastou um suspiro...para que tudo fosse colocado em causa. O congresso e as autárquicas foram apenas o mote. E, assim, quase sem pressa nenhuma, lá se perderam duas ideias fundamentais do líder socialista:- nunca prometer aquilo que não podemos cumprir e ser necessário que os portugueses voltem a acreditar na política e nos políticos.
          Depois de todo o “teatro” à volta de António Costa –avança, fica, recua, diz que vai mas depois não – dirão muitos que, afinal, são todos iguais, o que eles querem é o poleiro, etc, etc, etc. Mas valeu a pena. A política deve ser conduzida com ética, sobretudo a de Estado, mas tudo é ou pode ser diferente no jogo partidário – particularmente quando somos confrontados com o poder. Neste caso é preciso audácia e energia!
          Perante isto, pergunto eu – QUAL É O DRAMA? Nenhum, António José Seguro, mesmo nenhum, António Costa! Os portugueses devem ficar a saber que estas questões não são nem podem ser um drama. De Maquiavel a Daniel Cohn-Bendit, passando por Kenneth Minogue, o importante é ter prazer em fazer política. Com ética, mas com energia. E, se possível, também muitras vezes com bom sentido de humor! A nossa situação é dramática, mas não podemos morrer também de pasmo.
          E agora, que já se falou muito – embora não se tivesse dito tudo, eventualmente nem mesmo o mais importante – interessa voltar rapidamente à “estrada”. Não para apanhar boleia de quem quer que seja...mas para desenvolver um trabalho que possa interessar os portugueses. António Costa tem pela frente Fernando Seara na Câmara de Lisboa...António José Seguro tem a dupla tarefa de se antecipar a Passos Coelho e a Paulo Portas. Se no caso de Lisboa a vantagem parece ser evidente para Costa...já no caso de Seguro as dificuldades são grandes. Por isso mesmo é que é fundamental que o ainda líder socialista tenha presente que, mesmo não possuindo todas ou grande parte das capacidades de um líder, o indispensável é dar a entender que as tem! Aplicando de forma inteligente e arguta os recursos disponíveis no campo das ideias, tal como outros souberam tirar partido da tática do quadrado no campo de batalha.
António Bondoso
Jornalista – CP 359. 
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