2014-01-01

CULPADO!


CULPADO !

E o culpado também sou eu
Por viver ainda neste país!
E de
Podem crer
Acreditar nos políticos que nos governaram
E naqueles que nos governam
Governando-se.
As exceções
Talvez pelos dedos das mãos
Se contando
Não chegam para o equilíbrio.

Sou culpado
Confesso
Pela impotência de fazer com que outros
Se revoltem
E chamem mais uns quantos à revolta.

Sou culpado de igual modo
Por permitir que ainda haja portugueses
Escravos da ganância
E que muitos outros se consintam escravos
Das ideias que geram injustiça, pobreza e
Miséria!
Culpado por consentir
Que analfabetos políticos participem
Nessa opção pela escravatura.

Culpado
Por incapacidade
De evitar que a corrupção grasse
Neste país e desgrace
Irrevogavelmente
O seu bom Povo.

Culpado
Por acreditar
Na eternidade dos simples e da bondade
Dos que praticam a verdade.
Também não é difícil
Ser culpado
Pela dificuldade em espalhar
Ao universo
A mensagem da virtude e do caráter.

Sou culpado por ser idoso
Culpado pelo país
Que ajudei a construir
Por tudo o que me obrigaram
A contribuir
Pela reforma que alimentei
E o Estado injusto
Sem direito
Pretende agora subtrair.

Sou culpado
Pois a culpa não pode morrer solteira.
Casada com a mentira
A culpa é infiel à verdade
E eu sou culpado por isso.
De “traição” em “traição”
Sou acusado
Culpado:
Diz a sentença!

Contudo
Insiste a dúvida
Sem provar
E o que resta da justiça
É esse fogo da culpa.
A culpa de ser injusto
Desonesto, desleal
Uma culpa tão intensa
A uma imensa distância.

É uma culpa brilhante
De mera estrela cadente
Tão grande culpa
De ser
Voz enrouquecida
De não ter.

De tudo serei culpado
Ou quase.
De ainda viver neste país
Sem dúvida.
Só não me podem culpar
Por ter nascido
Pois nada me foi perguntado
Nem sequer
Se era vontade minha.
========= António Bondoso

Dez 2013/Janeiro 2014

Sem comentários: