2014-04-12

A MINHA ÚLTIMA CRÓNICA NO ÚLTIMO NÚMERO DA 3ªSÉRIE:
Como a nº11 não foi publicada no Jornal (pois não houve edição)...certamente me perdoarão repetir o parágrafo do Sr Ministro, de Camilo.


RUMORES…
…a propósito de informação, propaganda, défice, mercados, as eleições que não tardam e o salário mínimo. Como se quinhentos euros pudessem repor a dignidade de um trabalhador!

         Podem o (des) governo e todas as suas estruturas exultar com o défice anunciado e esgrimir com a baixa das taxas de juro da dívida, seja a que prazo for – nada disso me devolve a dignidade de pensionista roubado, esbulhado ou enxovalhado. E nada disso me fará mudar de ideias sobre o sentido do meu voto, quer nas “europeias” de Maio – simpaticamente marcadas para corresponder ao relógio de PP – quer nas legislativas do próximo ano.
            Por dignidade, já referi, mas também pela afirmação de que não serei “joguete” (enquanto ser pensante) nas mãos dos “mercados”, das agências de rating, da Comissão Europeia de DB, dos Bancos e de outros organismos objetivamente focados na usurpação de bens que custaram uma vida de sacrifícios e de muito trabalho.
            O défice baixou, mas passaram a morrer pessoas por falta de socorro atempado e de assistência médica. O défice baixou, mas desapareceu a classe média. O défice baixou, mas os jovens tiveram que ir à procura de futuro lá fora. O défice baixou, mas os mais velhos definham – muitos em lares sem condições mínimas para funcionarem como tal. O défice baixou, mas o desemprego subiu. O défice baixou, mas o ensino piorou. O défice baixou, mas também à custa do valor da minha pensão – estabelecido livremente entre mim e o Estado, quando este era ainda uma “pessoa de bem” e para o qual “descontei” sem interrupções as verbas acordadas.
            Para mal do país e dos nossos pecados vamos numa fuga para o abismo e com a cabeça na areia…em direção a um “fundo” que não é mais do que um verdadeiro buraco negro. Preocupa-me a posição do PS sobre a questão do Tratado Orçamental. De olhos vendados não me levam.
E depois…temos um primeiro ministro sem coluna, temos um vice-primeiro ministro irrevogavelmente invertebrado…e depois uma plêiade dos que chegaram a ministro por engano, compadrio ou a simples eliminação de hipóteses. Faz-me lembrar o episódio do Tibúrcio Pimenta imaginado por Camilo Castelo Branco no seu “O Sr. Ministro”. Com a vantagem moral de Tibúrcio, conhecedor perfeito dos seus princípios e valores: “Homens da minha inflexível independência só podem ser ministros, se o povo e as armas os impõem ao Poder Moderador. A minha coluna vertebral não se curva nem ao povo, nem aos argentários, nem à camarilha. Nunca passarei de bacharel Tibúrcio Pimenta, natural da Gandarela, e advogado nos auditórios do Porto”. Ora bolas – comentaria a mulher – quando Tibúrcio recebeu a notícia [nada surpreendente] de que havia sido nomeado para ministro, mas apenas da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco, da qual era “irmão”!
António Bondoso
Jornalista – CP 359.



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