2015-03-19

Quando a Poesia se permite pendurar poemas nas árvores


Celebração conjunta da poesia, da árvore e da água mobiliza freguesias e instituições em Moimenta da Beira.

            A 21 e 22 de Março vai poder ler poemas dependurados em árvores no concelho de Moimenta da Beira. É uma iniciativa conjunta da Associação Cultural e Recreativa de Soutosa e da Fundação Aquilino Ribeiro, em colaboração com a Escola Profissional e com a União das Freguesias de Peva e Segões. O evento, que tem o apoio da Câmara Municipal, pretende mobilizar os amantes da poesia e da natureza para uma ideia diferente de ver, de ler, sentir, dizer e viver uma data tradicional. De cabeça levantada em direção ao céu, aos ramos e aos troncos das árvores, artistas e população daquele concelho beirão quase encostado ao Douro vão poder celebrar em simultâneo o Dia da Árvore e da Floresta, o Dia Mundial da Água e o Dia Mundial da Poesia.
            Numa altura em que ainda se interpreta, de forma diversa, a definição de Poesia e de Poema, esta iniciativa acaba por contribuir – também diretamente – para o “debate”. Guilherme Mendicelli, esgrimindo o dicionário “Aurélio”, diz que Poesia é a “Arte de criar imagens, de sugerir emoções por meio de uma linguagem em que se combinam sons, ritmos e significados.” E sobre o Poema, na mesma fonte, afirma que é “Obra em verso ou não, em que há poesia.” Já o dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora (2009), é mais concreto sobre o Poema: “Obra em verso”. E quanto à Poesia, permite 7 interpretações – a primeira das quais não difere muito da que vimos atrás: “Arte que se distingue tradicionalmente da prosa pela composição em verso e pela organização rítmica das palavras, aliada a recursos estilísticos e imagéticos próprios”.
O que não há dúvida é que a Poesia é uma arte. E como arte – distinta, no dizer de Cristina Carvalho – “tem uma linguagem que permite tudo, sempre”. Mas não é certamente, acrescenta a escritora, “um acumular de palavras num esforço patético de dar voz aos amores e dar voz a coisa nenhuma”.
            Seja como for, o que se vai passar em Moimenta da Beira no próximo fim de semana é Poesia suspensa em troncos de árvores frondosas, de copa grande ou de copa pequena. Poesia de autores vários, uns de renome outros menos conhecidos, contemporâneos, modernos e menos modernos, para serem lidos individualmente ou em grupos de pessoas em sete locais de três freguesias do concelho.
Segundo o gabinete de comunicação do município, os locais em destaque serão a vila, sede do concelho, onde “a poesia vai estar pendida nos ramos e nos troncos das árvores dos largos do Tabolado e das Tílias, e no Terreiro das Freiras, o espaço mais nobre e histórico de Moimenta da Beira”. Depois, em Soutosa, terra de vivência e de trabalho de Aquilino Ribeiro, nas árvores que o mestre plantou há mais de meio século, em frente à casa que é hoje sede da sua Fundação. Ainda na Soutosa aquiliniana, no largo em frente à matriz e no parque do Senhor da Aflição.
“Finalmente, na Quinta do Ribeiro, freguesia de Rua, nos terrenos verdejantes que circundam a Escola Profissional de Moimenta da Beira”.



António Bondoso
Jornalista
18 Março 2015. 

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