2015-09-13

CONFESSO...QUE HÁ NECESSIDADE DE ACORDAR!

Foto de António Bondoso

Confesso que me assusta um resultado eleitoral diferente daquele que eu perspetivo. Mas não tenho medo disso. Há outros “medos” de maior dimensão e com origem em causas propiciadoras de maiores perigos. Poderemos sempre perguntar se – nesta categoria – não estarão os perigos de um resultado eleitoral favorável aos neoliberais ou se – em qualquer caso – deveremos ter medo, mesmo daqueles que defendem a plena integração numa UE cada vez mais frágil: seja nos ideais, seja nas políticas traçadas, seja nos caminhos escolhidos para enfrentar o que se chama de “novos desafios”. Este mais recente é paradigmático. Quando a Hungria ergue muros e a Alemanha rasga Schengen, nada de bom é previsível. Por isso – e embora sem “medos” – confesso estar assustado. Daí…lembrar-me de que Ramalho Eanes diz, por exemplo, que a democracia, hoje, pressupõe e exige – entre outros valores – “ a justa consideração de que a humanidade é una”. E a propósito dos fundamentos morais da ação política, o antigo Presidente da República recorda que “Ao governante falta, na maior parte das vezes, o exame cuidado, exigentemente racionalizado da sua actuação. Talvez aqui resida a razão maléfica da falta de preparação técnico-académica, de rigor e eficácia na acção, de muitos dirigentes políticos. Razão, só a eleitoral existe. E essa, muitas vezes, é iludida com o verbo demagógico, com as bandeiras partidárias, com os preconceitos ideológicos, sobretudo se a sociedade civil, como muitas vezes ainda acontece, não tem um elevado e generalizado nível de instrução, não dispõe nem procura obter informação suficiente, se não conta com organizações suas autónomas e independentes (financeiramente até) do Estado e dos grupos económicos”. Daí, por fim, a necessidade de passar ao papel este meu grito: ACORDAI!
ACORDAI…(A Publicar)

Acordai fantasmas da ópera!
É tempo de cantar a outro amo
E senhor de uma luz nova
E transparente.
É tempo de estabelecer
Outra corrente
Que nos faça iniciar nova viagem
Para um mundo de justiça
E de coragem.

Acordai fantasmas…
A ópera que cantamos não é bufa
- Antes trágica -
Verdadeiramente sinistra
Germinando em campo fértil
Da finança liberal,
Florindo em torrão desajustado
E com fruto mal nascido
De amor nunca tocado!

Acordai…e caminhai!
=== António Bondoso (A Publicar)


Foto de António Bondoso

António Bondoso
Setembro de 2015. 

1 comentário:

Rosário Freitas disse...

Excelente!

Acordemos, pois!

O meu abraço, poeta.