2025-05-25

 

DIA DE ÁFRICA

25 MAIO 2025

 

NKOSI SIKELEL' IAFRIKA (na língua Xhosa de Nelson Mandela)



Eu sei que, apesar dos conteúdos «normalizados» que os média nos vendem diariamente…// desse Continente de muitas Áfricas, de muitas Línguas e de muitas nações – referenciado como o «Berço da Humanidade» e que eu designo como o «Coração do Mundo» … nos chegam ainda Valores Ancestrais fundamentais como o da Família».

          Como é bom poder voltar a falar de África – esse continente maravilhoso e generoso que começámos a contactar em 1415.

Uma relação que, vista à luz da História – para o bem e para o mal – permanece há mais de 600 anos. 



É de lá…De África... que nos continuam a chegar sentimentos fortes, emoções várias e culturas diferentes – algumas também em língua portuguesa. 

E volta a chegar o DIA DE ÁFRICA.

É o terceiro maior continente e o segundo mais populoso. E dizem ser o berço da humanidade. As suas imensas riquezas despertam, e despertaram ao longo de séculos, o interesse das grandes potências. Primeiro as europeias mas hoje sobretudo a China, a Índia e a Rússia. 


Entre o seu próprio e nada pacífico processo de arranjo interno, a expansão, o trágico e violento colonialismo, a trágica descolonização e as independências – muitas delas apressadas…vai um rio de séculos que desagua na constituição da OUA em Adis Abeba, em 1963, e na UA em 2002, com a Declaração de Sirte – na Líbia. O Dia de África, reconhecido pela ONU em 1972, celebra-se a 25 de Maio, dia em que foi criada a OUA no meio de um cenário de «guerra-fria» que dividia os países entre moderados (o grupo de Brazaville liderado por Senghor) e neutralistas ou de rutura com as antigas metrópoles (o grupo de Casablanca fortemente marcado por Nkrumah). À divisão entre os «Blocos» Ocidental e de Leste, depois da II Guerra Mundial, viria a ser acrescentado o Movimento dos Não Alinhados, nascido em Bandung, em 1955. 




No meio deste turbilhão do relacionamento Internacional, a criação da OUA viu-se confrontada com a premência de resolver, no imediato, os problemas da «crise» no Congo e a «guerra» na Argélia. Convenhamos que o panorama não era propriamente animador. Mas…o caminho faz-se caminhando!

Mais uma vez…Dia bom para África!



Lembrando a língua Xhosa de Nelson Mandela – NKOSI SIKELELE iÁFRICA (o que significa = Senhor, abençoai a África!).

António Bondoso

25 de Maio de 2025. 











2025-05-24


Neste dia do Autor, quero apenas lembrar dois grandes nomes das Artes. Da escrita e tudo…diria o futurista Almada Negreiros. 


Nascido em na Saudade em S. Tomé, STP, Almada disse um dia: - não me obriguem a explicar nada do que escrevo e digo. 



Outro, Mário Quintana, nascido em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil…escreveu que “Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.”



          Passem bem e, se puderem ou quiserem, leiam este meu escrito nos dias de hoje:


No tempo que me resta

Talvez já não consiga perceber o futuro.

 

A esperança foi retalhada num dia

De céu encoberto

Em maio meio perdido

E eu,

Qual escrivão da ética e dos princípios

Perdi a caneta de tinta permanente

Que denuncia embusteiros

Sacanas e trauliteiros,

Incapaz de ler nos olhos

Uma cegueira brilhante

Ressuscitada no tempo

De meio século de luz.

 

No tempo que me resta

Já não alcanço os ingratos.

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António Bondoso

Maio de 2025.








 

2025-05-21

 

CARO PEDRO NUNO:

 

NÃO FOI O TEU TEMPO – AINDA – E TIVESTE MAIS INIMIGOS DENTRO DO QUE FORA DO PARTIDO.


Incomodaste enquanto foste ministro, incomodaste na função de comentador – apesar de curta – e foste igualmente incómodo como Secretário Geral do PS, um cargo que não tiveste tempo de amadurecer, pois foste «largado às feras» na ressaca de um «golpe palaciano» que destruiu uma maioria absoluta. Foram “70 dias à margem da democracia” (7 de novembro de 2023 a 15 de janeiro de 2024) – como escreveu Violante Saramago Matos – que provocaram uma crise de regime e que, ainda hoje, muitos preferem ignorar.


Num tempo em que já muito poucos escrevem cartas, permite-me que te enderece este simples «postal», mais do género de uma curta «carta aberta». Para te dar um abraço na hora da despedida, por agora; para te dizer que sempre fui um incondicional apoiante da tua liderança, mesmo quando muitos amigos meus – para além de comentadores e de politólogos – diziam não perceber o teu discurso. 



Como fico entristecido ao ouvir e ao ler essa asserção aberrante. Talvez por distração, pois tenho para mim que os «tugas» são altamente politizados e intelectualmente sérios – como se tem visto nos últimos atos eleitorais. E os média, claro. Como se encarregam de enganar e de confundir! Na espuma destes dias, quando as TVs, sobretudo, estão cheias de ávidos comentadores, ninguém se lembra como o teu PS foi fundamental para a eleição do anterior Presidente da AR; quando o teu PS deu luz verde ao governo de Montenegro para governar; quando o teu PS permitiu a aprovação do Orçamento; quando o teu PS rejeitou moções de censura. 



Acham pouco? Basta recuarem aos governos da «geringonça». Que foi também obra tua. A capacidade de diálogo desses tempos já não é contabilizada? E quando foste um homem de visão…ao assinar um despacho que, a ter sido cumprido, daria agora já um grande avanço na questão do novo aeroporto. António Costa portou-se mal, querendo agradar ao PR e ao líder do PSD, e eu fiquei triste por não teres apresentado aí a tua demissão. E nesta crise, provocada pela AD e por Montenegro, ninguém se lembrou da tua palavra de honra nas eleições de 2024. «Fizeram-te a folha» como se usa dizer na linguagem futebolística. Sobretudo dentro do partido. Já os comentadores e politólogos, salvo raras exceções, abriram a cova para lá depositarem a urna! 


          E a direita retrógrada, pouco séria, desonesta, incompetente…foi caminhando. Mas hoje, sobretudo os jovens, que não viveram a ditadura nem a guerra de África, estendem a mão a essa direita, sem perceber a História. NÃO FOI A DIREITA QUE NOS DEVOLVEU AS LIBERDADES EM PORTUGAL. E só a ignorância pode levar a pensar isso.




Contudo, meu caro Pedro Nuno Santos, não deves ter problemas de consciência. Enquanto o «outro» teve tempo para ser catapultado e governou 11 meses com o saldo que António Costa não soube ou não quis investir, o teu tempo, muito pouco e atribulado, não te permitiu preparar o caminho. Digam o que disserem os comentadores e os politólogos, tens sido bravo, guerreiro e dialogante quanto baste, perante a arrogância de um governo incompetente e perante a passividade de um PR enfraquecido nas suas lutas contra o PS. E contra tudo e contra todos, do BE ao PSD, da IL ao PCP, dos média ao PR, do golpismo do MP à iliteracia de quem não vota e se deixa conduzir ao boletim, honraste a tua palavra e deixas caminho aberto para quem desejava o cargo.

Quem vier que tenha sorte e consiga ser uma boa «bengala» para o arrogante Montenegro e para um desorientado PR. Isto não acaba aqui. E quando e se voltares, e se eu ainda por cá andar, podes contar comigo. Precisamos de homens de rutura! Não de uma paz podre, à moda de «Pintos» para combater a extrema-direita trauliteira.  


Um forte abraço do António Bondoso.

Maio de 2025. 














2025-05-18

 

 

“ESCREVER É UMA ATITUDE LIBERTADORA E UM ATO MUITO, MUITO SOLITÁRIO.”


 

          É de Viseu, dá pelo nome de Francisco Peixoto e também é Poeta. De palavras selecionadas…a aguardar o esplendor para que fique o registo. Foi ele que o disse durante a apresentação do seu quarto livro de poesia, “em busca de uma maneira”. Eloquente, não deixa de ser um homem deste mundo que, «ao escrever…vai saindo da sua circunstância». E assim, embora seja um homem deste mundo em busca de uma maneira, Francisco Peixoto deixa a ideia de que a escrita é a libertação deste mundo pesado, intenso e com informação excessiva. 



          O livro tem a marca das «Edições Esgotadas» e foi ontem apresentado no Conservatório Regional de Música de Viseu, que leva o nome do Dr. José Azeredo Perdigão, cerimónia que contou com a atuação de dois jovens alunos de piano. Instantes brilhantes, tal como foi o momento de ouvirmos a «leitura» que outro poeta – José Lapa – fez da obra em apreço. E disse, por exemplo, que Francisco Peixoto “vive esta hora mágica consciente da sua arte e no seu mais profundo sentir.”



Este conjunto de poemas selecionados pelo autor, parece dizer-nos uma linguagem culta, pontuada quanto baste, de versos alongados e demoradamente saboreados, como por exemplo «O Amor e a Cidade», «Jardim de Inverno» ou «A Adolescência e as Notícias das Mortes». Há sempre exceções, claro, e o livro termina precisamente com um «Instante»:

O sol morria

Em telas de lembrança adormecida

O olhar segue-o

Num aconchego de seda,

Vou sonhando caminhos

De tardes doiradas

Esquecendo as palavras

Ouvindo o silêncio

No vazio da cor

No pó das estrelas,

Na entrega inacabada

De tudo.



Com FOTOS de António Bondoso e de Rui Bondoso

António Bondoso

Maio de 2025