“ESCREVER É UMA ATITUDE LIBERTADORA E UM ATO MUITO, MUITO SOLITÁRIO.”
É de Viseu, dá pelo nome de Francisco Peixoto e também é Poeta. De palavras selecionadas…a aguardar o esplendor para que fique o registo. Foi ele que o disse durante a apresentação do seu quarto livro de poesia, “em busca de uma maneira”. Eloquente, não deixa de ser um homem deste mundo que, «ao escrever…vai saindo da sua circunstância». E assim, embora seja um homem deste mundo em busca de uma maneira, Francisco Peixoto deixa a ideia de que a escrita é a libertação deste mundo pesado, intenso e com informação excessiva.
O livro tem a marca das «Edições Esgotadas» e foi ontem apresentado no Conservatório Regional de Música de Viseu, que leva o nome do Dr. José Azeredo Perdigão, cerimónia que contou com a atuação de dois jovens alunos de piano. Instantes brilhantes, tal como foi o momento de ouvirmos a «leitura» que outro poeta – José Lapa – fez da obra em apreço. E disse, por exemplo, que Francisco Peixoto “vive esta hora mágica consciente da sua arte e no seu mais profundo sentir.”
Este
conjunto de poemas selecionados pelo autor, parece dizer-nos uma linguagem
culta, pontuada quanto baste, de versos alongados e demoradamente saboreados,
como por exemplo «O Amor e a Cidade», «Jardim de Inverno» ou «A Adolescência e
as Notícias das Mortes». Há sempre exceções, claro, e o livro termina
precisamente com um «Instante»:
O
sol morria
Em
telas de lembrança adormecida
O
olhar segue-o
Num
aconchego de seda,
Vou
sonhando caminhos
De
tardes doiradas
Esquecendo
as palavras
Ouvindo
o silêncio
No
vazio da cor
No
pó das estrelas,
Na
entrega inacabada
De tudo.
António
Bondoso
Maio
de 2025
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