2025-05-18

 

 

“ESCREVER É UMA ATITUDE LIBERTADORA E UM ATO MUITO, MUITO SOLITÁRIO.”


 

          É de Viseu, dá pelo nome de Francisco Peixoto e também é Poeta. De palavras selecionadas…a aguardar o esplendor para que fique o registo. Foi ele que o disse durante a apresentação do seu quarto livro de poesia, “em busca de uma maneira”. Eloquente, não deixa de ser um homem deste mundo que, «ao escrever…vai saindo da sua circunstância». E assim, embora seja um homem deste mundo em busca de uma maneira, Francisco Peixoto deixa a ideia de que a escrita é a libertação deste mundo pesado, intenso e com informação excessiva. 



          O livro tem a marca das «Edições Esgotadas» e foi ontem apresentado no Conservatório Regional de Música de Viseu, que leva o nome do Dr. José Azeredo Perdigão, cerimónia que contou com a atuação de dois jovens alunos de piano. Instantes brilhantes, tal como foi o momento de ouvirmos a «leitura» que outro poeta – José Lapa – fez da obra em apreço. E disse, por exemplo, que Francisco Peixoto “vive esta hora mágica consciente da sua arte e no seu mais profundo sentir.”



Este conjunto de poemas selecionados pelo autor, parece dizer-nos uma linguagem culta, pontuada quanto baste, de versos alongados e demoradamente saboreados, como por exemplo «O Amor e a Cidade», «Jardim de Inverno» ou «A Adolescência e as Notícias das Mortes». Há sempre exceções, claro, e o livro termina precisamente com um «Instante»:

O sol morria

Em telas de lembrança adormecida

O olhar segue-o

Num aconchego de seda,

Vou sonhando caminhos

De tardes doiradas

Esquecendo as palavras

Ouvindo o silêncio

No vazio da cor

No pó das estrelas,

Na entrega inacabada

De tudo.



Com FOTOS de António Bondoso e de Rui Bondoso

António Bondoso

Maio de 2025








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