CARO PEDRO NUNO:
NÃO FOI O TEU TEMPO – AINDA – E TIVESTE MAIS INIMIGOS DENTRO DO QUE FORA DO PARTIDO.
Incomodaste enquanto foste ministro, incomodaste na função de comentador – apesar de curta – e foste igualmente incómodo como Secretário Geral do PS, um cargo que não tiveste tempo de amadurecer, pois foste «largado às feras» na ressaca de um «golpe palaciano» que destruiu uma maioria absoluta. Foram “70 dias à margem da democracia” (7 de novembro de 2023 a 15 de janeiro de 2024) – como escreveu Violante Saramago Matos – que provocaram uma crise de regime e que, ainda hoje, muitos preferem ignorar.
Num tempo em que já muito poucos escrevem cartas, permite-me que te enderece este simples «postal», mais do género de uma curta «carta aberta». Para te dar um abraço na hora da despedida, por agora; para te dizer que sempre fui um incondicional apoiante da tua liderança, mesmo quando muitos amigos meus – para além de comentadores e de politólogos – diziam não perceber o teu discurso.
E a direita retrógrada, pouco séria, desonesta, incompetente…foi caminhando. Mas hoje, sobretudo os jovens, que não viveram a ditadura nem a guerra de África, estendem a mão a essa direita, sem perceber a História. NÃO FOI A DIREITA QUE NOS DEVOLVEU AS LIBERDADES EM PORTUGAL. E só a ignorância pode levar a pensar isso.
Contudo, meu caro Pedro Nuno Santos, não deves ter problemas de consciência. Enquanto o «outro» teve tempo para ser catapultado e governou 11 meses com o saldo que António Costa não soube ou não quis investir, o teu tempo, muito pouco e atribulado, não te permitiu preparar o caminho. Digam o que disserem os comentadores e os politólogos, tens sido bravo, guerreiro e dialogante quanto baste, perante a arrogância de um governo incompetente e perante a passividade de um PR enfraquecido nas suas lutas contra o PS. E contra tudo e contra todos, do BE ao PSD, da IL ao PCP, dos média ao PR, do golpismo do MP à iliteracia de quem não vota e se deixa conduzir ao boletim, honraste a tua palavra e deixas caminho aberto para quem desejava o cargo.
Quem vier que tenha sorte e consiga ser uma boa «bengala» para o arrogante Montenegro e para um desorientado PR. Isto não acaba aqui. E quando e se voltares, e se eu ainda por cá andar, podes contar comigo. Precisamos de homens de rutura! Não de uma paz podre, à moda de «Pintos» para combater a extrema-direita trauliteira.
Um
forte abraço do António Bondoso.
Maio
de 2025.
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