Os olhos brilham de dor
Apagam um sorriso matreiro,
A dor não grita do corpo
Salta da alma franzina
Quase alcança o mundo inteiro.
Crianças fora de tempo
Órfãs de seios maternos
Choram tudo o que perderam
Escritos em velhos cadernos
Listas desejos promessas
E amores que não tiveram.
Pintam cenários de vida
Esbatida cor de esperança
Retratam sonhos garridos
Sempre a pensar na partida
Adiada e perseguida.
Também vendem esculturas
Estatuetas castanhas
De bambu ou de pau-rosa,
Uma flor de porcelana
Com pétalas parafinadas
P’ra manter a cor-de-rosa.
Inventando vida própria,
São crianças de um sistema
Com regras de muita ausência.
Trocam mimos e carinho
Por uma nota de sede
Que dê de beber à fome,
Trocam passos do caminho
De quem manda e não protege
Medram acima da lei sem razão e sem costume
Afirmam-se pela diferença rebeldia apaixonada.
Compram sonhos sem queixume
Morrem de vida apressada.
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Fev.2008
António Bondoso
1 comentário:
Caríssimo Dr. António Bondoso,
Tive o privilégio de o entrevistar uma vez para a TDM-TV, pouco antes da sua partida de Macau.
Espero que esteja a correr tudo da melhor forma.
Saudações,
Vitório Rosário Cardoso
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