2008-10-08

NÓS E A MORTE !

A MORTE É UMA VERDADE ABSOLUTA...MAS NÃO DEVEMOS ENCARÁ-LA COMO TRAGÉDIA !


Ela caminha connosco desde o princípio da vida, mais do que a sombra intermitente.

E um dia, com aquele seu sorriso frio e negro, leva-nos de passagem - com ou sem convite prévio -
para o lado oposto da vida. Mais do que o irritante sinal vermelho dos semáforos do trânsito que nos conduz no dia a dia - a morte dói, dói muito ! Sobretudo a quem fica e pela simples razão de ter chegado atrasado um centésimo de segundo, já no fim do amarelo.

Também eu, até hoje, tenho ficado. Mas já a vi - muito próxima e dolorosa - ultrapassar alguns sinais familiares e seguir em frente, indiferente, negra e fria como sempre!

Hoje, foi a vez do Armando.
Filho da irmã de minha mãe, o Armando chegou primeiro à vida. E primeiro do que eu se foi, não sem nos termos cruzado e brincado, quando "crianças", em Moimenta da Beira. Não me esqueço da forma voluntariosa como ele ajudava os pais na dura labuta da terra, no "Nubal". E sempre lhe chegou o tempo para o recreio, tendo-o acompanhado muitas vezes à Ponte de Leomil (ou de Moimenta - passe qualquer insinuação de bairrismo!) onde nos banhávamos nas frescas águas que ali corriam.
Depois de muitos anos separados pelo Atlântico e pelo destino, voltámos a conviver - adultos - sobretudo quando de visita à terra.
O Armando Salgueiro - filho da irmã de minha mãe, Clementina (também elas já em viagem no cosmos da eternidade) - esforçou-se pela sua casa e continuou a labutar nos campos, apesar de preso ao seu trabalho em Lisboa. Preso também à mulher(Luísa) e ao filho (Filipe), casado com a Teresa - mãe dos netos Raquel e Daniel que o adoram.
Por eles lutou sem desfalecer. E agora, na "passagem", deixa lembranças felizes. E é também com alegria e felicidade que deve ser recordado. Por aqueles já nomeados e por nós todos, que o conhecemos. Especialmente pelos irmãos Luciana, Maria Alice e Luís. Sem distância, sem culpa, com amor !

Apesar de tudo, ainda digo...

"... sinto não ter coragem p'ra morrer
falta-me a força que vem de dentro
e tudo despedaça num instante.

É preciso mais que a garra de não ser
indestrutível
que normal é ser diferente
de outros seres que não enfrento.

Sem coragem p'ra morrer
e sem força para mudar
impõe-se um novo modelo
de gente p'ra quem apelo
morram somente no fim
depois de todas as mortes !

Faz sentido ? Que sentido ?
A morte não traz a sorte
de vencer ou ter perdido"!

Até sempre Armando...

1 comentário:

Hugo Bondoso disse...

Nete momento de luto e dor, a direcção da Casa do Futebol Clube do Porto de Moimenta da Beira, junta-se a todos aquels que recordam com saudade o Sr. Armando, sócio da Delegação que sempre se pautou por uma postura de alegria e simplicidade. Já ontem lhe prestámos homenagem, depositando uma coroa de flores junto ao seu corpo no convento. Que descanse em paz.