2010-01-08

MEMÓRIAS...DE CARÁCTER! - 2.



AINDA JOSÉ MARIA PEDROTO...E O MÉDICO QUE FALA DO MESTRE COM ALEGRIA. DOMINGOS GOMES ... e a “estória” da SOPA CIENTÍFICA!




É fácil falar de Pedroto... diz-me de entrada o doutor, quando lhe pergunto se sente uma saudade angustiada. Não, nada disso, é muito fácil. E só tenho pena que Pedroto não tenha conseguido ver concretizados todos os seus grandes objectivos! Partiu cedo demais!

E não teve oportunidade de ver os resultados do seu trabalho, por inteiro direccionado para um F.C. do Porto EUROPEU e mundial!

Foi um trabalho notável e sempre com Jorge Nuno Pinto da Costa a seu lado! Se cá estivesse hoje – Pedroto diria que valeu a pena ter lançado as bases para a revolução do futebol do Porto e do futebol português.

Domingos Gomes recorda ainda que José Maria Pedroto quebrou barreiras no nosso futebol...exactamente a dizer o que sentia, a fazer o que entendia ser o mais correcto e a ir aonde pensava ser necessário!

Foi revolucionário e visionário!

E a memória do médico busca o exemplo da dedicação que Pedroto dispensou a um jovem aluno do ISEF – hoje conhecido pela competência como Professor de Educação Física, José Neto. Era ele o jovem que tomava todas as notas de todas as movimentações dos jogadores portistas em campo. Os kilómetros percorridos, os passes mal feitos, as recuperações de bola, as faltas desnecessárias. Tudo era importante para o mestre! Que entendia a organização “F.C. do Porto” com espírito de grupo, espírito de equipa – uma empresa completa.

Como por exemplo no caso da alimentação dos futebolistas. Quando se entendia que era melhor servir apenas um prato e sopa... Pedroto lá dizia : “ Ó rapazes, comam lá a sopa, pois isso é uma sopa científica”!

E o espírito de grupo começava no porteiro Plácido e nos roupeiros Agostinho e Manuel. Faziam parte do seu grupo de trabalho, eram pilares do seu regime! José Maria Pedroto ouvia as pessoas – acrescenta Domingos Gomes. E estimulava os seus colaboradores no sentido da formação e da actualização. Ouvia o Prof. Hernâni Gonçalves e conferia-lhe o estatuto de “agregador das pessoas”. O “Bitaites” falava, distinguia-se para dentro da equipa e era ouvido.

Também Domingos Gomes se sentiu estimulado quando Pedroto e Pinto da Costa o foram buscar à “natação”!

A estrutura do futebol é muito grande para mim – dizia o médico. Mas Pedroto retorquia...não se preocupe, a gente vai resolvendo isto tudo.

Outra peça importante do puzzle – a auto-estima e o bem-estar dos atletas a um nível elevado. Por isso, nas deslocações da equipa, se passou de um hotel razoável para um 4 ou cinco estrelas!

E ainda a “dimensão humana” de José Maria Pedroto.

Fora do comum – diz Domingos Gomes. De uma grande envergadura, de uma sensibilidade muito grande. E de gratidão. Como o gesto que teve no final do 1º campeonato conquistado depois de 19 anos em jejum:- todo o grupo de trabalho e seus familiares jantaram e celebraram juntos. No final, foi o mestre a pagar a conta!

Pedroto foi um mestre e um educador. Os óculos escuros – lembra Domingos Gomes – tapavam por vezes as lágrimas, quando lhe competia tomar as decisões difíceis!

Daqui a outros 25 anos, pode ser que alguém sensível e de carácter volte a ler estas palavras de um homem que acompanhou Pedroto na vida e na difícil transição. Domingos Gomes, fazendo parte do “grupo F.C. do Porto”, diz que ali muito cresceu como homem e como clínico – particularmente pela mão do MESTRE, a quem o clube dedicou toda a melhor atenção na sua fase difícil. Para o melhor treinador, Jorge Nuno reservou tudo o que de melhor havia em Londres.

Obrigado Domingos Gomes, por mais estas páginas de “memória”!




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