2010-01-07

MEMÓRIAS...DE CARÁCTER!


PEDROTO – UM TÍTULO À SUA ESCOLHA !


PEDROTO (jogador) COM BELLA GUTTMAN - o técnico "desviado" pelo Benfica.


Mestre, Mágico, o Homem, o Génio, Visionário, Revolucionário, Polémico, Astuto, Inovador, Amigo, Velha Raposa, Líder, Carismático, o Zé do Boné – simplesmente!

Qualquer um deles encaixa na perfeição, embora diminuto, para adjectivar essa grande figura do futebol português que foi José Maria Pedroto. Um verdadeiro artista – simultaneamente pela simplicidade e pelo brilhantismo – quer a jogar, quer como treinador.

Quis o destino...e o seu “coração portista”, que o “zen” de ambas as circunstâncias tivesse a marca azul e branca.

Que prazer...ouvi-lo nas habituais “tertúlias” da Petúlia. Os “brilhantes comentadores” de hoje teriam certamente aprendido “algumas coisitas” com as “explicações” do MESTRE em resposta aos “bitaites” de Hernâni Gonçalves, João Mota, Nuno Brás...

Do que já tive oportunidade de ler, a propósito desta efeméride, a grande maioria dos adjectivos que distinguem Pedroto parece-me quase banal, exactamente pela verdade que cada um deles pretende projectar. Contudo, há um que merece a minha preferência. É marcante e “define” o Homem :- AMIGO, defensor de causas, como recordaram Gomes e Rodolfo ao jornal O Jogo. Amigo, no sentido grandioso de “altruísta”. Ajudar os outros, sobretudo quando em dificuldades, é o que recordo com agrado. Quer materialmente, quer pela magistratura de influência, chegando-me à memória por exemplo os casos de Cavém – já em fase terminal da vida e que ainda conseguiu treinar no coração do Douro – ou de Miguel Arcanjo, que apelidava Pedroto de “Divino Mestre”.

E fica-me também o sentimento de pena pela entrevista que não cheguei a gravar. Para um programa especial da RDP, com o qual pretendia mostrar um grande consenso à volta da competência do Mestre. De jogadores de todos os clubes por onde Pedroto passou, de muitos dirigentes, do Povo do Porto, de sons de arquivo da RDP especialmente ligados às grandes façanhas do jogador e do clube – como foi por exemplo a recepção de que a equipa foi alvo na Estação de S.Bento nos anos 50 do século passado, coroando uma deslocação vitoriosa à América do Sul. Estava tudo “alinhavado”, tinha já enviado a Pedroto uma cassete com uma gravação de um programa do género...quando, mortífera, me chegou a informação da “doença” do mestre, que o afastaria da cidade do Porto para ser observado em Londres. Ainda retardei o programa, para uma nova tentativa, mas Pedroto preferiu resguardar-se. Tal como o médico do clube, na época, Domingos Gomes. Respeitei, naturalmente, sabendo que o mestre não precisava de se mostrar. Já tinha atingido o topo da mediatização! Mas não deixei de transmitir o programa, ainda antes do seu falecimento. Apenas como tributo ao profissional e ao homem – uma das peças mais influentes (em Portugal) do fenómeno a que Desmond Morris dedicou o seu livro “A Tribo do Futebol”.

Até sempre José Maria Pedroto, até sempre Zé do Boné!

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