2013-07-20


AINDA A PROPÓSITO DE DIGNIDADE.

VIVEMOS UM TEMPO...TAMBÉM DE POETAS COM LETRA MAIÚSCULA.


VIVEMOS UM TEMPO...TAMBÉM DE POETAS!
Não apenas de políticos e de políticas...

Luís Veiga Leitão escreveu em 1984: “Dizem que os poetas são o sal da terra. Hoje, como nunca, necessários são para que o mundo não apodreça mais ainda”.
Transponível para 2013, com toda a propriedade e com toda a atualidade, a ideia de Luís Veiga Leitão certamente poderia ser endossável quase que exclusivamente aos POETAS com letra maiúscula – aqueles que não passam ao lado do seu tempo e das circunstâncias que o localizam, que não evitam denunciar as angústias e as misérias de um povo que sofre, que não omitem a sua opinião e que, pela grandeza das palavras e das suas ideias, combatem os poderes e os poderosos.
Em O PODER E O POEMA, que dediquei a Luís Veiga Leitão, escrevi sobre muitos que lutaram, resistiram e, mesmo não tendo vencido as batalhas que se impuseram, conseguiram – embora a prazo – modificar pensamentos e ideias, alimentaram ideais e sentiram que o mundo pula e avança.
 Por exemplo Miguel Torga que, em 1958, teve a ousadia de escrever que “Temos nas nossas mãos/o terrível poder de recusar...” e que já muito antes, em 1945, dizia que os artistas são livres, servindo quem tem a história e a verdade pelo seu lado: «Ora, a verdade e a história estão, como sempre estiveram, do lado do povo».
E é precisamente isto que os nossos governantes – incluindo no topo o atual Presidente da República – não são agora capazes de interiorizar, menorizando esse mesmo povo [em nome do qual foram eleitos] e tentando não lhe reconhecer o poder e a capacidade de eleger, quando a situação de uma vida normal se transforma em drama e a narrativa politiqueira não condiz, absolutamente, com eventuais e demagógicas promessas lançadas ao vento numa anterior e não muito distante tomada de poder.
Norberto Bobbio diz que “o homem tem a capacidade de determinar o comportamento do homem, sendo não só o sujeito mas também o objecto do Poder Social”. Governantes, políticos, tecnocratas, financeiros de Portugal e do mundo, reconheçam a validade desta asserção ao povo português.
É preciso acreditar, cantava Luiz Gois [Goes], é preciso continuar a acreditar que o poema e a cantiga são armas decisivas para perceber como a Cultura é Resistência – como se tem visto e ouvido nas ruas e praças deste país intervencionado pela Troika.
Que não seja tarde, nunca, lutar contra esta “Gente Sem Porte”:

«Temos um país suspenso
Em agonia de morte
É já a Lei que se rejeita
Por certa gente sem porte.
E sofre mais quem não suspeita
Que essa gente percebe
E até promove
Traição infame, desonra e dor».
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Poema e ideias do texto retiradas de O PODER E O POEMA – António Bondoso e Edições Esgotadas, 2012. 
António Bondoso
Julho de 2013.

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