2013-11-25

ONDE ESTAVA NO 25 DE NOVEMBRO DE 1975 ?




ONDE ESTAVA NO 25 DE NOVEMBRO ?...
…ou de como a liberdade e a democracia se posicionam lado a lado, sem que o frente a frente tenha que ter obrigatoriamente barricadas.
         Estamos ainda longe de saber tudo. Trinta e oito anos não oferecem a necessária distância para se julgarem factos e figuras. Contudo, permitem já perceber quem se posicionou – dando as mãos – e quem preferiu o confronto. De que lado estava a razão? – é uma pergunta retórica e que recebe argumentos diversos, tão variados quanto as personagens mais em destaque nesse período.
         Basta folhear a memória: Eanes, Grupo dos Nove, Pinheiro de Azevedo, Jaime Neves, Comandos, Pires Veloso, Morais e Silva, Força Aérea, Mário Soares, PS, Sá Carneiro, PPD…ou Otelo [já muito isolado] , Cunhal, PCP, os SUV, Polícia Militar, Paraquedistas, Vasco Gonçalves, Cintura Industrial de Lisboa. No meio, a hesitação inicial de Costa Gomes [apesar dos elogios de Melo Antunes e de Ramalho Eanes] e a reação dúbia de alguns Órgãos de Comunicação Social. Numa outra perspetiva, podemos ainda considerar algumas figuras da Igreja Católica, a “fronteira” de Rio Maior e da CAP – por oposição à CNA e aos partidários da “Reforma Agrária” com “sede” no Alentejo.
         Igualmente interessante é olhar o trajeto de linhas desencontradas, como por exemplo os casos de Pires Veloso X Eanes ou de Otelo X PCP. Relativamente ao partido de Álvaro Cunhal [que Melo Antunes, Eanes e Costa Gomes não deixaram cair num isolamento “pernicioso” para o processo democrático] – é curioso verificar a linha de Zita Seabra que, em 2011, veio afirmar, sem assombro, ao Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha: -
 “  «Foi muito importante o PCP ter sido derrotado no 25 de Novembro para garantir que em Portugal se construía uma democracia».

         Sem pretender atribuir qualquer juízo de valor a este tipo de “desencontros”, direi que o PREC fez parte de um tempo que devemos assumir sem rodeios e sem medos ou culpas! Nessa altura, cada um tomou a sua “opção”...e o "conjunto" das maiorias valeu por algum tempo. E agora há que percorrer caminhos novos, adaptando ideias e conceitos – mas nunca perdendo de vista valores e princípios. 
         Onde é que eu estava no 25 de Novembro? Na Rádio, claro, e no Emissor Regional do Norte da ex-EN, no Porto. E com muitos outros camaradas, reunidos de urgência perante uma deterioração do clima vivido e sobretudo propagado pela Rádio, foi decidido separarmo-nos da “emissão” com origem em Lisboa e conduzir a nossa própria emissão, depois de o delegado da RMN na ex-EN, Major Raimundo, ter informado Pires Veloso dessa nossa posição.
         Mais tarde, seria o próprio PR – Costa Gomes – a solicitar e a avalizar essa atitude, à qual viriam a aderir – depois – os Emissores Regionais de Coimbra e de Faro, ficando a sede, em Lisboa, sem emissão própria durante dez dias.
         Tudo isto – e muito mais – está escrito em forma de livro a publicar um “dia destes”.
António Bondoso
Jornalista – CP359.
Novembro de 2013. 


António Bondoso.




1 comentário:

Conceição disse...

Excelente!
Gostei de aqui voltar. E, apesar de nunca ter estado em África (além da Tunísia...), foge-me a vontade nesta direção onde a terra se chama chão...

Um abraço ao António Bondoso, e muitos outros aos companheiros desta maravilhosa publicação Mangwana.