2014-02-13


O DIA MUNDIAL DA RÁDIO. 
Terceira celebração em 2014. 
Ainda não morreu...mesmo vista/ouvida pelo prisma tradicional. UMA BOA MADRUGADA...SINTONIZANDO UMA ESTAÇÃO COM GENTE DENTRO.

======E digo eu, numa das páginas do meu Livro em finalização que - por exemplo: 

Foto de A.Bondoso
"(...)Algumas vezes a rádio é um silêncio feliz, mas muitas outras pode ser um ruído profundo, provocador, inquieto e perturbador.
Tudo isto é real nos capítulos do meu livro que vai estando cada vez mais perto, apesar da lentidão com que vou passando para o tal disco rígido as ideias – minhas e dos meus amigos – sobre como foi a rádio e como deveria ser hoje.
A Rádio, para mim, prossegue sendo uma guitarra freneticamente manipulada por Jimmy Hendrix ou docemente acariciada por BB King, das quais podem sair notas de um afro-americano rock de Harlem ou de um afro-americano blues a caminho de Memphis – onde já destruíram a magia da Rua Beale. A rádio e a música de sentimento, a rádio e a voz de protesto, a rádio da memória escrava, a rádio da sensação libertadora.
A Rádio, para mim, vai sendo a memória da magia do microfone, a magia dos sons, a magia do que fica para além do alcance da imaginação, a magia que permanece no estúdio, no “pick-up” que roda em 45 rotações a voz de Franck Sinatra ou um LP/33 de Maria Bethânia, a magia da “fita” onde se gravaram as impressões de uma conversa amena entre Igrejas Caeiro e Aquilino Ribeiro ou entre Fernando Pessa e Almada Negreiros, a magia do “cartucho” onde se alinhavam spots publicitários anunciando as virtudes da brancura do skip ou apelando à presença na Grande Noite do Fado no Coliseu dos Recreios.
E a magia da distância que a onda curta e o transistor resolvem, como estar às portas do deserto entre a Tunísia e a Argélia e poder ouvir as notícias de “casa” ou o relato de um Sporting-Porto em Alvalade...praticamente em cima de um camelo. Ou estar na Ilha de Moçambique, de noite e sem energia eléctrica – à luz de uma vela apenas – e receber as sensações de um outro jogo de futebol no desaparecido Estádio das Antas.
Como dizia o publicitário Bob Schulberg em 1989 – o ano da queda de mitos e muros – “ a televisão não é ruim, mas a Rádio é mágica. Se a televisão tivesse sido inventada antes, a chegada da radiodifusão teria feito as pessoas pensarem:- que maravilhoso que é a Rádio! É como a televisão, só que nem é preciso olhar!”(...). 

Foto de A.Bondoso
António Bondoso
13 de Fevereiro de 2014. 

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