2015-07-13

O MOTE DA DEDICATÓRIA...NO LIVRO DE CARLOS MELO SERENO.


A capa é importante, mas às vezes uma dedicatória faz um livro!
E no caso deste Retrato de Rimas Soltas que o Carlos Melo Sereno nos oferece, por meio da Chiado Editora, descortino ou penso perceber a situação curiosa de – embora não o declare abertamente como tal – ser a figura maternal a merecer as honras da “dedicatória”, pelo menos do texto de abertura enquadrado de forma magnífica por uma excelente foto da “coautora” Helena Lagartinho. E nesse texto está a razão de ser do livro: “Acreditei que a vida era um soneto eterno, onde todos cantariam o amor, a amizade, a solidariedade e assumiam a partilha de emoções”. Na continuação desta ideia, o reforço da escrita pessoal quando elogia quem adquiriu o exemplar. No autógrafo, lá aparecem as palavras “postura social e cultural”. É disto que trata a minha relação de amizade com Carlos Melo Sereno: solidariedade, preocupações sociais e culturais, partilha de emoções. São palavras transversais à sua poesia, expressas não apenas neste seu primeiro livro…mas já de há muito no seu blogue Saudades de S. Tomé. É assim que nos aparece o «verbo amar/ao alcance de toda a gente!», «que se calem os lobos» (em Revolta Contida), o menino «sem lugar na terra,/sem direito à vida,/sem qualquer futuro,/nem sequer presente,/nascido para morrer/e ser vítima inocente,/da maldita guerra!». Ou ainda «a revolta, que é mais dor,/de um trabalho quase escravo» para além dos poemas Terra de Ninguém, Os Miseráveis ou O Banco do Reformado.
Mas “Não vou deixar/que a vida me fuja” – diz ainda o autor, prometendo “gritar a todo o mundo,/que serei puto toda vida”.  É um capítulo de afirmação mais intimista e filosófica, onde aparecem Platão e Alunagem por exemplo ou igualmente Alternativa, no qual refere que «O amor abre falência/ e a morte é alternativa,/a vida não faz sentido!!!».
Por outro lado, Carlos Melo Sereno descobre Uma Jangada e um Barco de Papel no Lago Azul da Tua Vida, navegando de Mãos Dadas e com Desejos até à Ilha Onde Deus Viveu – uma Ilha de Coral em paisagens tropicais, onde se ouve o Batuque e o marulhar da Praia das Sete Ondas.
São saudades que partilho com este médico-poeta, também fotógrafo, nascido em Aveiro e criado em Águeda, e que passou por Moçambique no serviço militar.
Depois dou notícias!!! – afirma a terminar. Esperando que as notícias sejam um novo livro…aguardo e abraço.


António Bondoso
Jornalista.

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