2023-07-09

Da «Grande Historiografia» à fundamental “História Local”…ou de como é daqui que nos chega um dos mais bem construídos elogios à Figura de JOSÉ MATTOSO, agora a propósito do seu desaparecimento físico. 

José Mattoso (da Web)

É o caso da obraIMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA E MONARQUIA DO NORTE (Ocorrências e Vivências em São Pedro do Sul)”, da autoria de Eduardo Nuno Oliveira, prefaciada pelo Professor jubilado da Universidade de Coimbra, Amadeu Carvalho Homem. 


Amadeu Carvalho Homem (da Web)

         JOSÉ MATTOSO…o homem que soube estudar e pensar o «tempo» da História e que sobre ela lançou “Um olhar que reconhece o movimento e as mutações, sem que a diferença de tempo altere a identidade”, embora – como disse um dia à TSF – a História nos convide “a viver com as incomodidades daí decorrentes e a tentar tirar delas algum partido".

José Mattoso, talvez o último dos «grandes pensadores e batalhadores» da historiografia portuguesa, herdeiro das «verdades» de Fernão Lopes, Herculano, Cortesão, Joel Serrão, Magalhães Godinho e Oliveira Marques, em tempos entrevistado pela LUSA, esclareceu que "Mais do que exaltar a Pátria, interessa-me o relacionamento dos Portugueses uns com os outros".


(Da Web)

Talvez por isso tenha escrito e feito publicar em 2020 “A HISTÓRIA CONTEMPLATIVA”, sobre a qual recomenda «um olhar atento, global, pacífico, não interventivo», nela se destacando textos de palestras e de artigos datados de 1996 a 2013.


(Da Web)

Para além dos média de grande circulação que deram relevo ao pensamento de Mattoso, neste dia em que nos deixou fisicamente, há que distinguir também – como referi – esse prefácio de Amadeu Carvalho Homem à obra citada do «São-pedrense» Eduardo Nuno Oliveira.

(Da Web) 

Para chegar ao elogio a Mattoso, Carvalho Homem vai buscar a valiosa geração que ajudou a «construir» o “Dicionário de História de Portugal”, orientado e coordenado por Joel Serrão, considerando a obra como um dos cadinhos em que se geraram os estudiosos da História da sua geração, “…ou seja, daquela que irá integrar um novo – e, para já, último – grande momento de afirmação da historiografia portuguesa”. Estamos a referir-nos, diz, “aos oito volumes que constituem a História de Portugal, publicada sob a orientação científica de José Mattoso”. Não querendo citar, por modéstia e sem narcisismo, os nomes dos colaboradores de Mattoso nessa empreitada de enorme fôlego (figuras do pós 25de Abril) – não sendo difícil perceber que o seu está incluído – Carvalho Homem segue dizendo que “…não será um excesso declarar que as raízes da identidade portuguesa e o perfil da nossa medievalidade ficaram mais cabalmente esclarecidos através do pensamento de José Mattoso; que a modernidade e a epopeia ou saga dos descobrimentos portugueses foram finalmente expostas sem o lastro apologético nacionalista, próprio da historiografia do Estado Novo; e ainda que os grandes sistemas económicos e político-ideológicos do liberalismo, do republicanismo e do socialismo em Portugal foram aí apresentados com a serenidade crítica adequada às tarefas historiográficas”. 


(Da Web) 

GRANDES HISTORIADORES E ÓRFÃOS DA HISTORIOGRAFIA PORTUGUESA, a propósito da «partida» de JOSÉ MATTOSO, figura que não deve ser confundida com os chamados “manipuladores do Tempo”.

António Bondoso

8 de Julho de 2023. 











 

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