2023-07-03

Tantas «Fontes» tem a História…do “local” para o “global”. E quantas formas de a contar, investigando e escrevendo de forma séria e dedicada.


Termas de São Pedro do Sul

                                                     «É da realidade local que devemos partir se queremos um país geográfica e socialmente mais equilibrado e coeso, com mais oportunidades, no qual as aspirações e sentir locais, possam fazer a diferença num mundo global».

                                                                                               Miguel Amado, 2021

                                                                                                          Partner EY, Advisory GPS

                                                                             Em “Smart Cities” – Cidades Sustentáveis

É assim que podemos entender como São Pedro do Sul se projeta para o mundo, hoje, partindo de um passado particular, diverso e para sempre marcado por encontros e desencontros de ideias e de “homens” igualmente diversos. É de mais um livro e do seu autor que vos falo hoje.



SÃO PEDRO DO SUL NO SÉCULO XIX (Franceses, Liberais…E Outras Coisas Mais!) …ou de como divulgar a História – muitas histórias da História – não é necessariamente uma atividade maçadora. O autor da obra agora apresentada, Eduardo Nuno de Oliveira, que tem centrado o seu trabalho de investigação na região de Lafões e de São Pedro do Sul, onde reside e trabalha, chega mesmo a ironizar com o subtítulo deste seu segundo livro, escrevendo «…entre franceses e liberais…Vão surgindo outros que tais!». 


Eduardo Nuno Oliveira

         Como se percebe pelo título, a obra vai mostrando diferentes facetas da vida local na linha temporal das invasões francesas e de algumas das crises da monarquia constitucional portuguesa até 1910, pretendendo ser um contributo para o estudo da História da região, ultrapassando inclusive um obstáculo de peso – como pode considerar-se o incêndio dos Paços do Concelho de São Pedro do Sul, em 1967, que levou à perda definitiva de elementos fundamentais para o conhecimento da História local. Sem «Arquivo» tudo é muito mais difícil, pelo que o trabalho de Eduardo Nuno Oliveira mereceu rasgados elogios por parte do «Prefaciador» Rui Costa, igualmente orador/apresentador da obra, numa sessão simples mas bem estruturada que decorreu no belo Auditório do Balneário Rainha D. Amélia, nas Termas de São Pedro do Sul. 


Rui Costa, Eduardo e Pedro Oliveira

         Perante uma sala cheia, Rui Costa salientou a importância do Arquivo, sugerindo/apelando por exemplo às diversas instituições da sociedade civil da região para a atitude de uma visão altruísta, doando acervos particulares. Não para reconstituir o Arquivo original, mas certamente para ajudar futuras investigações.

         Ignorando o «dizer» de Miguel Veiga de que um prefácio «só serve a quem o escreve, dispensando-se o leitor de o ter em conta», Rui Costa avança com 26 páginas de uma leitura/análise cuidada, crítica e pormenorizadamente explicativa da obra de Eduardo Nuno Oliveira, esclarecendo que um prefácio «não pode ser uma espécie de “comenda” mútua. Um prefácio deve ser, sobretudo, revelador da atenção que merece a obra e o Autor sobre os quais incide». E é assim que Rui Costa classifica o livro agora em circulação como “uma obra seminal para qualquer estudo futuro sobre este período em São Pedro do Sul…”. 


Aspeto da sala

         É nessa perspetiva que o autor entende a sua atividade como um contributo para o conhecimento da «história local», esperando que tudo mereça ser refletido. Eduardo Nuno Oliveira, que já desde 2001vem concretizando o seu projeto de retratar São Pedro do Sul em diversas publicações periódicas locais – e até de circulação apenas familiar, como é o caso de um opúsculo sobre lendas e narrativas – tem salpicado o seu percurso de investigação com momentos de prazer na descoberta, que atingiram o seu ponto alto em 2019 quando fez publicar “Implantação da República e Monarquia do Norte: Ocorrências e Vivências em São Pedro do Sul”, decorrendo a ação entre 1910 e 1919. Apesar de, como salienta, ser fundamental “resistir, insistir e nunca desistir, sempre num constante aperfeiçoamento, mesmo quando rareiam as fontes documentais”. É a sua ambição e o desejo de ser útil à terra que o viu nascer. Latente, apurada e mais vasta como desvendou a temática do terceiro livro que aí vem: “O trabalho já vai adiantado e recua à antiguidade das Idades do Bronze e do Ferro e, depois, à influência do império romano na região”.



SÃO PEDRO DO SUL NO SÉCULO XIX (Franceses, Liberais…e Outras Coisas Mais!) – um livro de Eduardo Nuno Oliveira dado à estampa pela Lisbon Press, uma Editora do Grupo Atlantic Books, que foi apresentado no passado sábado nas Termas de São Pedro do Sul, numa sessão moderada por Pedro Oliveira e que foi abrilhantada pela exibição de um vídeo de Paulo Quintela e pela atuação musical de Katerina Kabakli. Foi muito bom ter estado aí.

Manuel Nuno Oliveira

        Parabéns Eduardo, parabéns à região de São Pedro do Sul e de Lafões que, no tempo colonial, foi presença dominante em S. Tomé e Príncipe – onde conheci o pai Manuel, com o qual partilhei o serviço militar. Um forte abraço de incentivo para o sucesso. 


A frescura junto ao rio

Moimenta da Beira e São Pedro do Sul

António Bondoso

Julho de 2023 












 

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