2008-03-29

DO LIVRO E DE MIM !

TRIBUNAL PERPÉTUO !


Em 1990, numa homenagem que lhe foi prestada em Coimbra, MIGUEL TORGA salientou :

"já um dia afirmei em letra redonda que escrever é o supremo risco que um homem pode correr, pois se constitui réu num tribunal perpétuo, de que são juízes os leitores das sucessivas gerações" !

Sem pretender correr o sacrílego risco de colocar a simplicidade da minha escrita ao nível da grandeza da prosa e da poesia de Adolfo Rocha, é certo que também eu me estou a apresentar perante esse tribunal perpétuo - os leitores dos meus livros. De outro modo, considerando este espaço de livre e universal circulação, podemos ainda incluir nesse número os cibernautas que se cruzam com as letras que eu, embora de forma intermitente, aqui vou colocando numa viagem de cósmica interpretação do mundo.

Sem forçar seja quem ou o que for, particularmente os "donos" da pantalha (quem não aparece não existe !), lá fui apresentando aos "juízes" de Moimenta da Beira, do Porto e de Lisboa, o resultado da minha mais recente aventura na escrita : - "...DA BEIRA ! Alguns Poemas e Uma Carta Para Aquilino".

Nesse processo de promoção e de exposição públicas, felizmente, não estive só. Fui acompanhado de alguns velhos e novos amigos - testemunhas que, de forma crítica e sincera, interpretaram as minhas ideias e motivações.

UM :-Rui de Azevedo Teixeira - Professor Catedrático da Universidade Aberta, disse-me que este livro "acrescenta não muito" !

DOIS : - A Jornalista e Poeta santomense São Lima - "compatriota" há já uns anos ao serviço da BBC, em Londres - escreveu assim : "As epígrafes, a dedicatória, o preâmbulo, as fotos que permeiam as páginas, o conjunto me fala de amor e homenagem. Amor e homenagem numa perspectiva que inscreve, como diria Lídia Jorge, por ti citada na tua longa e visceral carta ao grande mestre, 'memória e cidadania' ". E depois de considerar a carta como uma síntese-balanço de 40 anos, São Lima acrescenta :- " E agora digo obrigada ao jornalista, ao humanista, ao discípulo que assim tão sabiamente celebrou o mestre - com este testemunho de cidadão da Beira, de Portugal e do mundo. Haverá melhor maneira de celebrar aqueles que pelas suas ideias e obras nos marcam " ?

TRÊS :- Maria José Praça - Professora do 1º Ciclo do Ensino Básico em Lisboa, com saudades do granito, escreveu : - " São bonitas as palavras entrelaçadas com que dizes as memórias. Sílaba a sílaba captei-lhes a pulsação. Poesia leve pela delicadeza de sua ondeação e forte pelo derrame íngreme d'o que deixa fluir...".

QUATRO :- Maria Helena Veiga ( Milé ) - Educadora de Infância em Oeiras, disse-me que "MESTRE - é também quem resume numa carta passados que vivi, por vezes não entendi, guardei ou esqueci e, agora, revivi" .

CINCO :- Jacinta Raquel Bondoso Dias - Mestra em Educação e Línguas, pela Universidade de Aveiro, diz que o livro " é um hino de louvor ao mestre e às raízes " !

E as raízes estão em Moimenta da Beira, onde o livro foi apresentado na Biblioteca que leva o nome de Aquilino Ribeiro - a 2 de Fevereiro - ainda com os ecos do centenário do "Regicídio".

SEIS :- José Agostinho Correia - Presidente da C.M. de Moimenta da Beira, referiu que o livro é "um rasgo de liberdade poética que engrandece a nossa cultura local e vai enriquecer o espólio da nossa Biblioteca". Lembrando ter lido com atenção, interesse, alguma emoção e sentimento, José Agostinho Correia frisou que ...DA BEIRA ! "além de uma reflexão poética - nem sempre de fácil interpretação pela sua subjectividade - é uma reflexão profunda das vivências, do percurso de vida do autor, na sua relação com muitos continentes. Uma reflexão muito actual das preocupações de quem ainda sente a responsabilidade da cidadana, denunciando situações e expressando pensamentos que nem toda a gente tem coragem de abordar, expondo-os de forma livre e directa - tentando chegar a Aquilino Ribeiro, símbolo da liberdade que o autor também persegue".


SETE :- Francisco José Oliveira, Jornalista (Radialista antes de mais...), foi a Moimenta dizer que " Da criteriosa compilação de poemas e da carta que António Bondoso remete ao Mestre, como se ambos se encontrassem numa mesma dimensão metafísica, resulta uma obra de referência não apenas para o concelho de Moimenta da Beira como também para a região beirã, como para todos os portugueses que encontram na escrita e na personalidade do Mestre um verdadeiro roteiro de vida ". E, de imadiato, acrescentou : "... importa, desde logo, reter aquela que será uma das mais marcantes, senão mesmo a mais profunda mensagem de todas quantas Aquilino nos legou e que o autor quis enaltecer desde a primeira página da obra que hoje vê a luz do dia : ' Para chegar a bom termo da viagem, é preciso ser livres ".

Francisco J.Oliveira e Maria do Amparo P.Bondoso dizem poemas ...Da Beira !


...acompanhados por elementos da Orquestra Ligeira de Moimenta da Beira.

Depois, O TRIBUNAL reuniu-se no Porto, na Casa da Beira Alta.
Perante um numeroso grupo de amigos de Gaia, Porto e Moimenta - foi ali que ouvi o meu camarada Júlio Montenegro dizer que ...DA BEIRA "é um livro de notícias" !
Se entendermos que a poesia também pode ser uma construção metafórica, inspirada em realidades concretas - eventualmente pode dizer-se que a poesia não deixa de ser também Jornalismo !

Fernanda Braga da Cruz - Presidente da Direcção da Casa da Beira Alta, no Porto - introduzindo o tema e os "actores" da sessão, lembrando palavras ditas ali pelo Mestre Aquilino Ribeiro, durante a sua visita de há quase cinquenta anos.

OITO :- Manuel Ferreira Pinto, autarca há 32 anos em Moimenta da Beira - quer presidindo ao Executivo Camarário, quer presidindo à Assembleia Municipal - e Professor do ensino secundário em Matosinhos, enalteceu os lugares de afectos comuns e referiu que, ao ler a poesia e a prosa d'DA BEIRA, foi como visionar um filme. Sem pretender ultrapassar a função do apresentador convidado - o premiado escritor Mário Cláudio - Manuel F.Pinto disse ainda que "a nossa terra, para além de Aquilino, tem sido pródiga em legar-nos homens de letras que têm elevado o nome de Moimenta, como Luís Veiga Leitão e Monsenhor Bento da Guia".


NOVE :- Mário Cláudio - também professor de ofício - não esqueceu a conjuntura das "raízes" e salientou que o autor conseguiu transformar essa raíz numa espécie de autoconhecimento e de autoreconhecimento. E neste mundo globalizado - disse Mário Cláudio - " se a Literatura continuar a resistir às novas tecnologias e sobreviver, ela tenderá a ser cada vez mais particularizante e diferenciada. Eu advogo uma literatura que privilegie o resistir do espaço e o espírito do tempo". Aproveitando depois sobretudo as figuras de Torga e de Aquilino, Mário Cláudio deu voz à reflexão do autor " à volta de figuras e de lugares de uma dimensão mítica, próxima dos feiticeiros, próxima do encantamento - uma obra de afectos, capaz de conviver com a literatura". Destacou ainda a "carta" ao grande homem que foi Aquilino, vendo-a como que um "Cosmorama Histórico"!

Foi ainda a problemática das "raízes" a dominar a sessão em Lisboa, na sede do Sindicato dos Jornalistas. Nessa casa, também "minha", a "mesa" foi presidida pela Jornalista da Agência Lusa, Rosária Rato - também vice-presidente do Sindicato, tendo ao seu lado esquerdo Jorge Ramos, do Grupo Editorial "Doimpensável"!

DEZ :- E a oradora convidada - a Professora, Historiadora e também Editora (Tágide) Celina Veiga de Oliveira - radicada em Macau ao longo de muitos anos, onde António Bondoso a conheceu nos anos de 1990 do século passado, não deixa de assinalar que, em seu entender, "o que caracteriza verdadeiramente a mensagem poética deste livro, a sua pedra de toque, é o regresso às origens, ao berço, ao colo familiar. Sente-se nestas páginas uma apegada ligação do autor à terra onde nasceu. É uma poesia muito telúrica, por vezes muito forte como o granito, marcada pela aridez das serras batidas pelo vento, pela terra agreste, que oferece pedra em vez de pão".

Viajando um pouco por Aquilino, Luis Veiga Leitão, Eugénio de Andrade e pelo clássico chinês do século VIII - Han Yu ( para quem 'o mais perfeito dos sons humanos era a palavra e a poesia era a forma mais perfeita da palavra' ) - Celina Veiga de Oliveira destaca vários matizes poéticos do livro que, contudo, não é feito só de poemas à Beira ! Há também a "carta" - na qual emerge o jornalista. E pergunta : por que escreve António Bondoso uma carta a Aquilino ? "Porventura porque acha que é seu dever, enquanto 'conterrâneo e atento admirador', informar o Mestre - que em vida esteve sempre de olhos abertos ao país e ao mundo - das mudanças da História".
Vislumbrando no autor uma certa angústia pela 'desordem mundial' - CVO coloca Portugal como a verdadeira preocupação de AB, reescrevendo que 'o país não vai bem, os políticos são incompetentes e não têm sido capazes de estabilizar o país e de atenuar as diferenças abissais entre o litoral e o interior' ! E termina, dizendo haver sempre uma saída, um refúgio - sendo o de AB ... um livro : - 'às vezes basta-me olhar um livro' ...

As presenças amigas de Rocha Vieira - o último Governador Português em Macau - de Manuela e António Ramalho Eanes - o primeiro PR eleito no pós 25 de Abril de 1974, e ainda de alguns amigos de Macau e companheiros de juventude em S.Tomé e Príncipe.


ONZE :- O QUE OUTROS ESCREVERAM A PROPÓSITO '...DA BEIRA !'


HOJE MACAU ( 25 de Janeiro, na página TENDÊNCIAS - uma página que o próprio autor- Helder Fernando - classifica de 'assumidamente tendenciosa' ) : - "Para nosso contentamento, todos os dias aparecem pelos meios de comunicação social notícias de iniciativas protagonizadas por pessoas que em Macau desenvolveram actividade profissional e foram gente de prestígio".

JORNAL DE NOTÍCIAS ( 2 de Fevereiro ) : - "AB escreve uma carta ao Mestre, meio intimista meio reflexiva, que revela inquietudes do tempo de Aquilino e do nosso tempo".

LAMEGO HOJE ( 7 de Fevereiro ) :- a Jornalista Guida Canhoto escolheu para título - Livro sobre Aquilino põe a nu sociedade actual ! E depois desenvolve : "Obedecendo aos ensinamentos de Aquilino de isenção e verdade, tal como um aluno obedecendo ao seu professor, AB denuncia que o país não vai bem... e o Estado apresenta-se descalço e faminto". Não é tanto uma questão de dinheiro, mas antes de espírito e de cultura - clarifica o autor. Por fim, escreve Guida Canhoto, "apoiando-se em metáforas, parte de lugares bem conhecidos desta região para chegar ao país e ao mundo. AB define o livro como de louvor à Beira, à liberdade e à justiça" !

PÓRTICO CERVEIRENSE ( 7 de Fevereiro ) : - Revista de Informação e Cultura para a Galiza, Vale do Minho e Vila Nova de Cerveira - dirigida por Castro Guerreiro. Camarada de palavras ( e de palavra!) do autor há mais de trinta anos, Castro Guerreiro transformou o tema em Editorial, preenchendo a segunda página. Ali escreve sobre a Rádio ( RDP) que promoveu a região minhota, sobre outros livros do autor e - particularmente sobre este '...DA BEIRA! ' - destaca, naturalmente, as referências ao Alto Minho : 'mas a grande transformação de Cerveira deveu-se a uma aposta arriscada nas artes, sendo hoje um polo importante no mapa das Bienais de todo o mundo. Por opção dos autarcas, respaldados na capacidade de grandes nomes da cultura, como Jaime Isidoro, Júlio Resende ou José Rodrigues'.

TERRAS DO DEMO ( 23 de Fevereiro ) : - Gil Carvalho - Director, à opinião preferiu dar voz aos intervenientes na sessão de apresentação em Moimenta da Beira. Um deles, o vereador da Cultura - Jorge Costa : " é mais uma página que se regista no aspecto culturalde Moimenta, com letras douradas, pelo valor que o conteúdo deste livro encerra". O jornal moimentense transcreve ainda excertos das intervenções do autor e do Presidente da Câmara, José Agostinho Correia - destacando também uma referência particular do apresentador Francisco José Oliveira ao autor do livro : " A obra que AB agora apresenta é como que um reencontro com as suas próprias origens, embora bem possa ser considerado um cidadão do mundo, com obra literária referente às diversas estações desta viagem da lusofonia. Curiosamente, foi em S.Tomé que ganharam corpo as suas duas paixões e em que AB se tornou de alguma maneira bígamo pelos amores do mundo - uma por ali ter constituído família ; outra, que se traduziu num romance eterno com a radiodifusão" !

O livro "...DA BEIRA ! Alguns Poemas e Uma Carta Para Aquilino" mereceu ainda destaque nas emissões da RDP-Antena 1, com Ana Aranha, e da Rádio Macau - com Helder Fernando.