2009-01-11

VALHA-NOS DEUS !....



...QUE OS HOMENS NÃO TÊM EMENDA !




É fácil... demasiado fácil, falar da questão israelo-palestiniana quando não se vive lá. Todos os dias ! E durante muitos anos, tantos quantos tem o Estado de Israel, por exemplo e para não voltarmos mais atrás na História!

AS PALAVRAS ...

É fácil... ser repórter - jornalista é bem mais difícil - quando se está 3 dias, 3 semanas ou mesmo 3 meses numa zona como a do médio oriente.
Alguns "bebem" as informações nos hotéis, outros esperam no "hall" pelos contactos de sempre, mas contam-se pelos dedos das mãos aqueles que arriscam "estar" (e tentar perceber) os dois ou mais lados da barricada. Só talvez os operadores de câmara e os foto-jornalistas.
É sobretudo mais fácil falar à volta de uma mesa - mesmo que não seja redonda, como aquela do "Expresso da meia noite".
É fácil condenar Israel, "empurrando" a operação militar em Gaza para simples objectivos eleitoralistas internos; é fácil ter pena, compaixão ou sentir revolta pelas mortes de palestinianos em Gaza - mesmo que sejam terroristas suicidas ou mulheres e crianças usados como escudos humanos. São as imagens que mais "aparecem" e que mais chocam a "nossa consciência de ocidentais puros e justos", tal como são as imagens mais "disputadas" na eterna guerra de propaganda !
É fácil pensar e dizer que a morte de 3, 6 ou uma dezena de israelitas - vítimas de um ataque suicida - ou o rebentamento constante de rockets vindos do Hamas, uma organização civil exemplar, é apenas o resultado dos "jogos brutais e sanguinários" dos líderes e dos soldados israelitas que não fazem outra coisa que não seja matar pessoas!
É fácil desvalorizar uma morte que seja de um israelita (sobretudo se não for soldado) - eles que já foram assassinados aos milhões, mas que, agora, só querem é vingança.

A GEOPOLÍTICA ...

É fácil não entender a geopolítica da regição e as suas componentes civilizacionais. As religiões, os tópicos sociológicos, as questões económicas, sociais e políticas, os valores culturais.
É fácil não perceber o que aconteceu no Líbano em 2006.
Mais do que uma eventual (por duvidosa) derrota militar israelita, o que se passou no Líbano foi uma "cedência" ocidental, no sentido de equilibrar os "jogos" de poder no médio oriente e "aplacar" as divisões profundas no seio dos países muçulmanos (árabes e persas) da região, devido aos erros da Administração Bush no Iraque desde 2003. Então, como agora, o "pivot" da circunstância foi a Arábia Saudita - país de excelentes relações comerciais com os EUA.
Enquanto houve tréguas, o Hezbolah foi alimentando os seus arsenais - tal como o voltou a fazer logo que as tropas da ONU pousaram no Líbano. Foi levantado o bloqueio, deixando caminho aberto para o "reabastecimento". Situação grave, pois foi a coberto dos capacetes azuis! Arsenal que agora está em condições de voltar a ser utilizado, satisfazendo as orientações do Irão e da Síria sobretudo.
Hoje, no Líbano, há certamente mais "peões" iranianos e sírios do que propriamente "Libaneses"!
Por outro lado, a Jordânia não tem força e o Egipto está demasiado envolvido com os EUA. O Iraque já tem uma guerra e a Turquia, apesar de maioritariamente muçulmana, ainda pertence à NATO. E talvez a região venha a pagar preço demasiado elevado, pelo erro estratégico da omissão e incumprimento por parte da União Europeia, relativamente à adesão da Turquia.
Sem actos "concretos e sérios", de pouco valerão as palavras de Durão Barroso, ao dizer que a Europa é "um laboratório da globalização" que pode propor princípios e valores universais, para que os próximos sinais dos tempos no mundo sejam de liberdade, justiça e paz.

E mais uma vez, a UE perdeu a oportunidade de "avançar" a uma voz na sua política externa. Que política ? De comum nada tem. Não existe !

É fácil perceber, pois, que Israel - em vez de ser um "oásis" - é obrigado a ser como que um "cavalo" nesse complexo tabuleiro de xadrez. Para sua sobrevivência !

E COMO É BOM TENTAR PERCEBER, DE VEZ EM QUANDO, OUTRAS IDEIAS... como as do investigador João Miranda, que pode consultar em http://dn.sapo.pt/2009/01/10/opiniao/guerra_gaza.html

Não deixem de voltar a olhar para o mapa e tentar perceber... É mesmo importante e interessante !
A.B.

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