2013-05-25


DIA DE ÁFRICA.

CINQUENTA ANOS DEPOIS DA CRIAÇÃO DA OUA - JÁ NESTE SÉCULO TRANSFORMADA EM UNIÃO AFRICANA...HAVERÁ RAZÕES PARA "DESESPERAR DE ÁFRICA"?



“NÃO TEMOS RAZÃO PARA DESESPERAR DA ÁFRICA”
Elikia M’Bokolo, 2004[1]

Diariamente somos – continuamos a ser – confrontados com notícias e imagens trágicas de África.
Fome, HIV-SIDA, paludismo, golpes militares, corrupção, conflitos étnicos. Nos últimos tempos foram os casos de pirataria nos mares do Índico que se estenderam ao delta do Níger; mais recentemente as imagens chegam do Mali e da República Centro Africana.
Apesar das notícias, que Elikia M’Bokolo chama de imagens contraditórias, vistas do exterior – este historiador e sociólogo de origem congolesa insiste em dizer que não temos razão para desesperar de África. As análises devem ser feitas com tempo e através dos tempos.
            Nesta perspectiva e recorrendo a exemplos de grandes conflitos étnicos, endémicos e de grande violência muitos deles – como o da Guerra do Biafra, na Nigéria, em finais da década de 60 do século passado – o que é importante é pretende perceber as raizes da sedimentação dos problemas que, por via de grandes fenómenos migratórios ao longo de milénios[2], da colonização e descolonização, e ainda de outros processos políticos e sociológicos ao longo da História, conduziram o continente africano ao que é hoje:- simultaneamente um berço de matérias-primas incomensurável e [talvez por isso] um tabuleiro de xadrez altamente complexo em termos de geopolítica e geoestratégia.    
            A questão essencial está, portanto, relacionada com a “contradição” de que fala M’Bokolo. Como ter esperança, perante as evidências? E as respostas, não sendo taxativas, podem também caber no que ele chama de “aptidão constante para surpreender”.
            Como diria o diplomata brasileiro Antônio Olinto, na Nigéria – exatamente nos anos 60 – “Muitas são as Áfricas”.
            Deixemo-nos , por isso, surpreender diariamente! Pela diversidade cultural, pela diversa beleza, pela diversa riqueza que, um dia, há de suplantar a pobreza. Continuemos a sentir que é possível ter razões para não desesperar de África.
========NOTA:--- baseado na “introdução” a um trabalho académico que produzi em 2009.


[1] - África Negra, Elikia M’Bokolo, Colibri, Lisboa – edição portuguesa 2007.
[2] - Agora, de acordo com reportegem da VISÃO, de 9 Abril 2009, já é possível determinar a nossa ancestralidade    por meio de uma simples análise ao ADN. E chegar à conclusão que, pessoas de origem tão distinta – como a sãotomense Naide Gomes e a lisboeta Carolina Patrocínio – têm, afinal, a mesma ancestralidade africana.

Sem comentários: