2013-05-12

VIOLÊNCIA E SOLIDARIEDADE
NÃO BASTA ESCREVÊ-LA.



Acontece que hoje, no facebook, praticamente fui interpelado por duas pessoas – uma delas meu camarada de profissão – sobre uma alegada ausência de opinião crítica e condenatória a propósito do triste, lamentável e violento incidente que atingiu dois camaradas da Antena1 no estádio do Dragão, após o jogo de futebol entre o FCP e o SLB.
Não estive no estádio, tão pouco ouvi a Antena1, mas reagi logo que soube – exatamente através de um post assinalado na página de um dos agredidos e do qual recebi notificação.
Pela amizade, camaradagem e profissionalismo que nos ligou enquanto estive ao serviço da mesma empresa, lamentei o sucedido e critiquei as “bestas que há em todo o lado”. Eu próprio, tal como outros antes e depois de mim, já passei por situações mais ou menos idênticas – de Braga a Guimarães, de Sto Tirso à Póvoa de Varzim, de Chaves ao antigo pavilhão Américo de Sá (nas Antas) – sendo cuspido, ameaçado, invetivado, tendo mesmo visto os pneus da viatura (da empresa) cortados à faca e esvaziados, para além de ter sido informado posteriormente de agressões ao respetivo motorista.
Sem pretender minimizar – muito menos comparar situações vividas – a gravidade destas agressões, não deixa de me invadir um sentimento de lástima quando se fala de solidariedade ou falta dela, sobretudo no que diz respeito a outro tipo de atitudes como é o caso da violentação psicológica.
De três “saneamentos” de que fui alvo (um deles diretamente relacionado com uma notícia[?] – um texto que, no mínimo, não primava pelo rigor e não foi assinado por mim– sobre o FC do Porto e que envolveu o presidente do clube), não me recordo de ter lido, nem sequer de ter sido informado, qualquer texto a condenar essas atitudes saneadoras ou a solidarizarem-se com a minha pessoa. Dos Sindicatos à Comissão de Trabalhadores – apenas o silêncio. Uma omissão a contrastar com outras envolvendo camaradas mais mediáticos. Sempre pautei a minha atitude profissional pela defesa de camaradas injustiçados, tendo como lema uma regra pessoal – a  regra dos três “erres”: - responsabilidade e respeito pelo rigor. E fui penalizado por isso. E como dói ser saneado, ser humilhado, ser ignorado. Tanto como ser agredido? Sinceramente não sei quantificar. Nem isso interessa agora para o caso. E independentemente das circunstâncias, que desconheço, fica registada a minha solidariedade para com os camaradas ontem atingidos por agressões físicas. Mais grave – no desempenho do seu trabalho. Que a expressão da solidariedade aqui registada possa amenizar a dor física e psicológica dos meus amigos e camaradas.  
Por outro lado, é importante dizer que não se deve pretender limitar estas situações ao fenómeno complexo do que envolve o futebol. A violência está muito para além da clubite exacerbada. Tal como no terrorismo – e o fenómeno tem muitas variáveis – a violência que afeta o “futebol” é quantas vezes irracional e insólita, planetária e, repercutida nos média, é desmesuradamente amplificada.
Ainda uma nota para lembrar que este caso já mereceu o repúdio da Sub-Comissão de Trabalhadores da RTP, no Porto. O que não deixa de ser importante. Mas, na minha modesta opinião, peca por falar em “agentes públicos” que estarão a desbaratar o bom nome da empresa. Não concretizando...dá azo a especulações, sabendo-se que é cada vez mais urgente por os nomes aos bois!
António Bondoso
Maio de 2013. 

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