2007-08-28

O FUTEBOL ESTÁ VIVO !





O Futebol está vivo !

E ainda bem.





O fenómeno continua a alimentar a Comunicação Social, independentemente da sua "linha de orientação". Mas não só !
Buscando ainda as palavras do meu "apontamento/poema" NÃO MATEM O FUTEBOL - o espectáculo existe, porque ainda não se matou o futebol. Apesar das muitas e continuadas tentativas. Há sempre um lance, uma dúvida em relação ao árbitro, uma bola no poste (às vezes são três!), um remate para fora em cima da linha de golo, o guarda-redes que consegue uma defesa "impossível", um penalty falhado... E depois, há equipas que jogam e deixam jogar, outras nem por isso; há ainda outras que dizem jogar ao ataque, mas só efectuam um remate em 45 minutos; há também quem diga ter conseguido equilibrar o jogo, mas o seu g.r. foi o melhor em campo... há, felizmente, quem diga que a táctica é o 4-3-3 ou o 4-4-2, ou ainda o 3-4-3 ou 3-1-4-2, enfim - como ficou célebre - a melhor táctica é "...todos ao ataque, fechadinhos cá atrás", ou então "...todos ao monte e fé em Deus" ! Tenho para mim que, para além de alguma disciplina táctica, inculcada e apreendida ao longo do tempo, há alturas do jogo em que o suporte das equipas passa mais pelo carácter, pela raça e pela determinação dos jogadores, auxiliados por uma boa dose de sorte !
Deixando estes pormenores para quem sabe ( os treinadores), concentremo-nos no "fenómeno". Escrevia eu que, felizmente, o futebol está vivo. Para bem de muita gente. Dos jogadores em primeiro lugar, pois sem eles não havia ópera ! Os tenores merecem a primazia, mesmo quando simulam as faltas. É deles que se fala ! E são eles que devem ser enaltecidos( sobretudo os que jogam sem receber o respectivo salário...), aplaudidos pela criatividade, criticados pelo mau desempenho. Os jogadores, investidos da fé clubista, chamam o público aos estádios, determinam as audiências das televisões e das rádios ou o consumo dos jornais. Os adeptos, portanto, assumem a partilha da importância maior de todos os condimentos do fenómeno. Sem eles, o circuito paralisava ! Alimentam os "media", suportam os clubes, adquirem os bilhetes - as mais das vezes a um preço demasiado elevado (agora compram ou alugam às SAD's lugares privativos), viajam pelos estádios do país, espalhando as cores que melhor definem a sua identidade. Neste capítulo( entre nós), deve abrir-se uma alínea particular para os grupos organizados - as claques - sem as quais o espectáculo, quase sempre, estaria ferido de morte.Tal como um debate sem direito a contraditório ! Caminhando para associações legalizadas, embora ainda a um ritmo lento, são as claques os verdadeiros motores da animação nas bancadas. Correndo riscos, sujeitos a provocações e a humilhações quando se deslocam(mesmo por parte dos agentes das forças de segurança), ESTES ADEPTOS ESPECIAIS são também capazes de transmitir mensagens positivas e carregadas de beleza, como aconteceu no Dragão com a coreografia do Colectivo Ultras 95 (vale a pena uma consulta ao respectivo sítio da internet, bastando clicar aqui ao lado). Passe o bairrismo/clubismo, poucos terão ficado indiferentes ao espectáculo. Não foi a primeira vez que o fizeram e, espera-se, não seja a última. Tal como já se viu em claques de outros clubes. E é nestas circunstâncias e nestas ocasiões que se deve enaltecer o comportamento, o esforço, a dedicação, a criatividade e, até, a irreverência saudável desses adeptos. Infelizmente, muito poucas vezes isso se verifica. Quando as coisas correm mal, gastam-se rios de tinta! Os rótulos negativos e depreciativos continuam a "vender" uma imagem estereotipada e generalizada, esquecendo que há excepções. E é através do exemplo destas excepções que se pode ir modificando comportamentos. No caso presente e à parte os jornais desportivos, foram poucos os media que dedicaram meia dúzia de linhas ao assunto. Até as televisões, que vivem do e fomentam o espectáculo ! Mesmo a Sport TV, detentora do exclusivo da transmissão, passado o jogo esqueceu praticamente o espectáculo das bancadas. A grande maioria concentrou-se na polémica dos lances, dando continuidade à sua própria "orgia" de parcialidade e agressividade emitida durante a semana que precedeu o jogo. Em vez de desforra preferiram "vingança", no lugar de tranquilidade optaram pela "pressão"! Apregoam a necessidade de transparência mas, depois, misturam intencionalmente os apitos dourado e encarnado. É a lógica da "guerra" para vender ! Os media e os jornalistas são, assim, outro dos pilares do fenómeno. Infelizmente, nem sempre pelos bons motivos ou, como agora é moda, pelas "boas práticas"... Há jornalistas/comentadores que pretendem saber mais do que os treinadores; há outros que gostariam de ser treinadores ( e alguns até conseguiram); há também uns(poucos) que sabem mais do que os treinadores e outros (muitos) que sabem menos.
Também por isso o FUTEBOL ESTÁ VIVO ! E para lá dos treinadores de bancada, há ainda os dirigentes, uns mais profissionais do que outros, alguns mais ricos do que muitos, também alguns que enriquecem mais do que outros ! Raramente ficam mais pobres, embora também aconteça - particularmente no futebol não profissional. Aos dirigentes dos clubes, é preciso somar os dirigentes associativos e federativos, muitos dos quais incompetentes. E a estes, os titulares dos órgãos disciplinares e jurisdicionais, muitas vezes igualmente incapazes, como se verificou no início desta época. Os agentes/empresários, nomeadamente os que manipulam milhões, têm hoje um papel decisivo nas movimentações dos jogadores, no chamado mercado das transferências. Como em tudo, há uns mais honestos do que outros, alguns mais competentes e outros mais dependentes da sorte. Crendo não me ter esquecido de qualquer actor de relevo neste fenómeno da bola, deixei os árbitros ( e auxiliares ) para o final. Não vou repetir palavras já escritas anteriormente neste mesmo blog, apenas quero realçar a fragilidade da função. Tal como sobre o g.r. de uma equipa recai o "odioso" do golo - é ele o último obstáculo antes da bola entrar na baliza - também sobre o árbitro se abate quase sempre a "montanha" dos problemas e das peripécias de um jogo. Umas vezes justamente, outras nem por isso. O mal é que, frequentemente, não é bem entendida a subjectividade da interpretação dos lances. E se aos jogadores não se critica ou condena o abuso dos atrasos aos g.r., por que razão se há-de transferir para os árbitros o cúmulo da responsabilidade pela falta de clareza das leis ? Tem sido o resultado da análise do lance decisivo no Dragão. Nem os próprios árbitros se entendem sobre o articulado da lei. Apetece dizer... ORGANIZEM-SE !
Apesar de tudo, também por isso o FUTEBOL ESTÁ VIVO !

António Bondoso.

1 comentário:

B disse...

como sempre um sábio das palavras!

estou ainda com dúvidas se foi atraso ou não... quando vamos almoçar com o coroado para ele nos explicar a lei dos atrasos?

eh eh