2007-09-19

A MELHOR IMAGEM !

O POVO (AUSENTE) E O PANTEÃO
NO DIA DO MESTRE AQUILINO RIBEIRO.

Como previsto, decorreu hoje a cerimónia de trasladação dos restos mortais do Grande Escritor Aquilino Ribeiro para o Panteão Nacional. Não sendo Inverno, foi uma cerimónia fria ! Íntima no
Cemitério dos Prazeres, solene e simbólica no Panteão. Já se sabia que o Mestre era avesso a homenagens - só depois das exéquias na Igreja. E cumpriu-se a sua vontade. Mas faltou calor humano à cerimónia, a presença do povo da Beira - onde ele bebeu e cultivou as suas metáforas, a presença do povo do Alto Minho - que o acolheu alguns anos, a presença do povo de Lisboa - cidade onde viveu a maior parte da sua vida. Só os organizadores das cerimónias poderão explicar as razões de tais ausências. Mas pergunta-se porquê ? Para evitar eventuais manifestações e contra-manifestações de pró e contra ? Ainda temos instalado um clima de medo, que precise de cautelas ? A força dos monárquicos ainda se manifesta nas ruas (pelo que foi dado ouvir na emissão em directo do canal 1 da RTP - seriam apenas meia dúzia de vozes em protesto, não sei se uivos de lobos ou balidos de cordeiros...) ? Os republicanos já deixaram de o ser ? Ou nunca chegaram a ser a maioria deste povo ?

Não fosse a presença de alguns representantes da Confraria Aquiliniana (a quem a má condução da reportagem nem sequer permitiu uma palavra no final das cerimónias) muito menos haveria cor. Valeu a intervenção brilhante do jornalista António Valdemar mas, mesmo ele, viu ser-lhe cortada a palavra(na segunda intervenção,já no exterior) pois o guião do programa tinha previsto a transmissão de um espaço gravado e até já emitido na véspera.

Faltaram mais vozes do povo e mais cor à cerimónia, nomeadamente as do triângulo das Terras do Demo que Aquilino celebrizou : Sernancelhe, Vila Nova de Paiva e Moimenta da Beira.
MAS VI PELO MENOS( entre os convidados) UMA JORNALISTA DESPORTIVA E UM CINEASTA - ou será que devo dizer apenas um senhor das fitas ?

POR ISSO É QUE DIGO QUE, A MELHOR IMAGEM DA TRANSMISSÃO, foi ver o grande jornalista e também escritor BAPTISTA BASTOS (só e de pé) a aplaudir a chegada e a entrada da urna com os restos mortais de Aquilino Ribeiro no Panteão Nacional. Para mim, bastou o calor daquelas palmas. Mas não sei se o povo entendeu ! E também receio que as palavras e os desafios proferidos no interior do Panteão ali venham a ficar, fechados, junto a Aquilino e a Humberto Delgado.

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